D’Almeida, Duarte Luís Pignatelli DiasJorge, Arminda Maria MiguelLeite, Sofia Lopes2025-12-052025-12-052025-06-30http://hdl.handle.net/10400.6/19558Resumo: A hiperplasia adrenal congénita (HAC) é uma patologia originada pela deficiência na 21 hidroxilase. Esta é uma doença autossómica recessiva que se deve a mutações do gene CYP21A2. A 21-hidroxilase é a enzima fulcral na catalisação de duas importantes reações presentes na via da esteroidogénese: a conversão de 17-hidroxiprogesterona (17-OHP) para 11-deoxicortisol sendo este o precursor do cortisol e a conversão de progesterona para deoxicorticosterona sendo esta a precursora da aldosterona. Quando existe um défice da 21-hidroxilase, como no caso de um doente com HAC, há a acumulação dos precursores hormonais: 17-OHP e progesterona. O défice de cortisol adrenal leva ao aumento de hormona adrenocorticotrópica (ACTH) produzida pela hipófise levando à hiperplasia da glândula suprarrenal e um aumento na acumulação destes substratos. Uma vez acumulados a 17-OHP e a progesterona serão desviadas para a via dos androgénios adrenais levando a um aumento da secreção de DHEA (dehidroepiandrosterona) e androstenediona. Consoante o grau de funcionalidade da enzima 21-hidroxilase temos três fenótipos atualmente considerados contíguos: um défice clássico associado a dois fenótipos distintos - a forma perdedora de sal e forma de virilização simples - e um défice mais ligeiro, chamado não clássico. Cada um dos 3 fenótipos tem uma dada clínica e exames laboratoriais em que o grau de gravidade variará consoante biodisponibilidade da 21 hidroxilase. Métodos: Este estudo foi dividido em estudo A e estudo B. O estudo B recolheu 40 doentes para HAC e o estudo A recolheu 31 doentes com hiperplasia adrenal congénita não clássica (HAC-NC) e 50 indivíduos voluntários não doentes para essa patologia no Hospital São João, de nacionalidade portuguesa. Para o estudo B foram incluídos apenas doentes com o diagnóstico genético de HAC. Para o estudo A foram incluídas mulheres em idade fértil sem HAC, hirsutismo, irregularidades menstruais ou ovários poliquísticos e mulheres em idade fértil com HAC-NC com diagnóstico genético estabelecido. No estudo B para cada doente foram recolhidos dados genéticos, sociodemográficos, clínicos, laboratoriais, tratamentos em curso ou prescritos no passado, assim como possíveis complicações cardiometabólicas. No estudo A foram recolhidos dados genéticos, sociodemográficos e laboratoriais. No estudo B procedeu-se à comparação de genótipo – fenótipo das características mencionadas anteriormente e a uma comparação das diferentes formas de gravidade antes e depois do tratamento. O estudo A baseou-se na comparação do perfil metabólico entre mulheres saudáveis e mulheres diagnosticadas com HAC-NC. Resultados: No estudo B temos uma amostra de 28 indivíduos todos eles com HAC-NC. 12 indivíduos foram excluídos porque 7 deles apresentavam grupos demasiado pequenos para aplicação de métodos estatísticos e 5 eram heterozigóticos. O grupo do genótipo com maior gravidade é constituído por 14 indivíduos (2 do sexo masculino, 12 do sexo feminino) com uma média de idades de diagnóstico de 14,5 anos de idade e o grupo com genótipo de gravidade ligeira é composto por 14 doentes do sexo feminino com uma média de idades de diagnóstico de 23,2 anos de idade. Relativamente ao genótipo foram objetivadas as percentagens de homozigotia e heterozigotia, assim como, as variáveis genéticas mais frequentes em cada fenótipo. Em relação ao perfil clínico conclui-se que o hirsutismo era a manifestação mais comum da HAC-NC. No que diz respeito ao perfil metabólico, cardiovascular e hormonal encontrou-se significância estatística para as variáveis hormona estimulante da tiroide (TSH) (X2 = 4,4054; P = 0,036) e prolactina (X2 = 6,2512; P = 0,012), colesterol total (X2 = 9,723; P = 0,021), lipoproteína de alta densidade (HDL) (X2 = 8,265; P = 0,041) e triglicéridos (X2 = 8,091; P = 0,044), glicose (X2 = 7,889; P = 0,048) e globulina de ligação às hormonas sexuais (SHBG) (X2 = 7,902; P = 0,019). O estudo A é constituído por 31 indivíduos com HAC-NC e 50 indivíduos saudáveis, ambos o grupos são constituídos apenas por mulheres em idade fértil. Foi encontrado significado estatístico para o rácio entre glicose e insulina (P = 0.0039), modelo homeostático de avaliação da resistência à insulina (HOMA-IR) (p = 0.007) e índice de verificação quantitativa da sensibilidade à insulina (QUICKI) (p = 0.005). Conclusão: Ambos os estudos mostram uma importante componente metabólica devido a múltiplos fatores não só sobre tratamento como sub tratamento e o consequente hiperandrogenismo. O impacto desta doença na morbilidade exige estudos futuros com populações mais heterogéneas e follow-up mais apertados.Context: Congenital adrenal hyperplasia (CAH) is a pathology caused by 21 hydroxylase deficiency. This is an autosomal recessive disease due to mutation in the gene CYP21A2. 21-hydroxylase is an essential enzyme in catalyzing two important reactions present in the steroidogenesis pathway: the conversion of 17-hydroxyprogesterone (17-OHP) to 11- deoxycortisol, which is the precursor of cortisol, and the conversion of progesterone to deoxycorticosterone, which is the precursor of aldosterone. When there is a deficit of 21-hydrosylase, as in the case of a patient with CAH, there is an accumulation of hormonal precursors: 17-OHP and progesterone. Adrenal cortisol deficit leads to increased of adrenocorticotropic hormone (ACTH) produced by the pituitary gland, leading to adrenal gland hyperplasia and an increase in the accumulation of these substrates. Once accumulated, 17-OHP and progesterone will be diverted to the adrenal androgen pathway leading to an increase in the secretion of dehydroepiandrosterone (DHEA) and androstenedione. Depending on the degree of functionality of the 21-hydroxylase enzyme, we have three phenotypes currently considered contiguous: a classic deficit associated with two distinct phenotypes - the salt-wasting form and the simple virilization form - and a milder deficit, called non-classical. Each of the 3 phenotypes has a given clinical and laboratory exams in which the degree of severity will vary depending on the bioavailability of 21 hydroxylase. Methods: This study was divided into study A and study B. Study B included 40 patients with CAH and study A included 31 patients with congenital adrenal hyperplasia non-classical (NC-CAH) and 50 volunteer individuals who were not sick with this pathology at Hospital São João, of portuguese nationality. For study B, only patients with a genetic diagnosis of CAH were included. For study A, women of childbearing age without CAH, hirsutism, menstrual irregularities, or polycystic ovaries and women of childbearing age with NCCAH with an established genetic diagnosis were included. In study B for each patient, genetic, sociodemographic, clinical, laboratory data, ongoing or past prescribed treatments, as well as possible cardiometabolic complications were collected. In study A, genetic, sociodemographic and laboratory data were collected. In study B, the genotype-phenotype comparison of the previously mentioned characteristics was carried out and the different forms of severity were compared before and after treatment. Study A was based on the comparison of the metabolic profile between healthy women and women diagnosed with NC-CAH. Results: In study B we have a sample of 28 individuals, all of them with NC-CAH. 12 individuals were excluded because 7 of them had groups too small to apply statistical methods and 5 were heterozygous. The severe genotype group consists of 14 individuals (2 males, 12 females) with an average age of diagnosis of 14.5 years old and the mild severity genotype group consists of 14 female patients with a mean diagnostic age of 23.2 years old. Regarding the genotype, the percentages of homozygosity and heterozygosity were determined, as well as the most frequent genetic variables in each phenotype. Regarding the clinical profile, it was concluded that hirsutism was the most common manifestation of NC-CAH. Regarding the metabolic, cardiovascular and hormonal profile, statistical significance was found for the variables thyroidstimulating hormone (TSH) (X2 = 4.4054; P = 0.036) and prolactin (X2 = 6.2512; P = 0.012), total cholesterol (X2 = 9.723; P = 0.021), High Density Lipoprotein (HDL) (X2 = 8.265; P = 0.041) and triglycerides (X2 = 8.091; P = 0.044), glucose (X2 2 = 7.889; P = 0.048) and sex hormone-binding globulin (SHBG) (X2 = 7.902; P = 0.019). Study A consists of 31 individuals with NC-CAH and 50 healthy individuals, both groups are made up only of women of childbearing age. Statistical significance was found for the glucose insulin ratio (P = 0.0039), homeostatic model assessment for insulin resistance (HOMA-IR) (p = 0.007) and quantitative insulin sensitivity check index (QUICKI) (p = 0.005). Conclusion: Both studies show an important metabolic component due to multiple factors not only overtreatment but also undertreatment and the consequent hyperandrogenism. The impact of this disease on morbility requires future studies with more heterogeneous populations and closer monitoring.porHiperplasia Adrenal CongénitaClínicaMetabólicaHormonalTratamentoComorbilidades cardiovascularesCongenital Adrenal HyperplasiaClinicMetabolicTreatmentCardiovascular ComorbilitiesCorrelação Genótipo-Fenótipo na Hiperplasia Adrenal Congénita - Aspetos Clínicos, Hormonais e Metabólicosmaster thesis204047420