Carvalheiro, José Ricardo PintoGonçalves, José Carlos Fernandes2016-01-212016-01-212015http://hdl.handle.net/10400.6/3960No presente estudo procuramos entender a relação que os media e a polícia estabelecem em Portugal, a nível local, numa linha de acção que percorre o direito de informação dos jornalistas e a actuação operacional da polícia, enquanto formas de expressão prima facie de cada uma das actividades em causa. Alicerçando o estudo numa perspectiva integrada que vá do geral ao particular, inicia-se no macro, nas referências de Bourdieu (teoria dos campos – 1989) para chegar ao micro, considerando a construção social fruto das interacções grupais conforme Mead (1982); Blumer (1982) e/ou Goffman (1959;1991). Procura-se identificar a forma de relacionamento (proximidade ou distanciamento) entre os campos político (onde se encontra a polícia) e dos media (do qual fazem parte os jornalistas) no contacto comunicacional mantido (relações formais ou informais) e os pressupostos que o motivam (interesses e estratégias de ambos os lados). Importa também perceber que ‘poderes’ estão patentes na relação estabelecida entre os campos em estudo, nomeadamente, quando considerada a intervenção policial (o mais visível da actuação da polícia), nas suas diferentes sustentações, motivações e contextos, lançando mãos do saber de autores que se tornaram clássicos na questão do poder e que vão de Maquiavel a Weber, passando por Marx ou Hanna Arendt. A parte empírica está assente na observação (não participante) da interacção entre as partes, com recolha de dados consequente, reforçada com as notícias publicadas em quatro jornais locais do distrito de Castelo Branco (Notícias da Covilhã, Jornal do Fundão, Gazeta do Interior e Reconquista) e principalmente num jornal nacional na informação relativa ao distrito em causa (Correio da Manhã) e ainda em entrevistas a pessoas de ambos os campos no activo e a outras que já não exercem essas actividades, de modo a testar as hipóteses lançadas para a concretização dos objectivos propostos. O corpus do estudo é constituído por 301 notícias recolhidas dos jornais seleccionados, no período que decorreu entre 1 de Setembro e 30 de Novembro de 2014 e registadas numa ficha de observação complementada com uma tabela de classificação de notícias relativamente à valência. Os dados empíricos recolhidos proporcionaram a interpretação dos mesmos e permitiram extrair diferentes conclusões, de entre as quais se destaca ter ficado vincado que a intenção final dos agentes que se disputam socialmente passa pela legitimação pública (considerados os interesses tidos por cada um dos campos na disputa de produção de sentido e mediante o uso de diferentes estratégias próprias); que para além do acesso privilegiado da GNR aos media locais no distrito, aquela força de segurança consegue a cobertura noticiosa que mais lhe convém; que se verifica uma valorização por parte dos media (mediante os enquadramentos) daquilo que é próximo; que ambos os campos valorizam a credibilidade na interacção acontecida; e que o poder dos media reside essencialmente em seleccionar e ter a última palavra no que é notícia, face ao poder da polícia (GNR) de se constituir como fonte de informação.porMeios de comunicação social - Campos sociaisMeios de comunicação social - Poder políticoJornalismo - Força de segurançaJornais - Guarda Nacional Republicana - Estudo de casosMedia - GNR - Teoria dos campos - Estudo de casosA relação entre os media e a GNR em Portugal, a nível local, à luz da teoria dos camposdoctoral thesis101441622