Nascimento, André BarataSantos, Ana Leonor Serra Morais dos2014-12-162014-12-162013-02http://hdl.handle.net/10400.6/2810Tentar compreender o ser humano é uma tarefa comum à filosofia e à ciência, cujas perspectivas, quase sempre paralelas, configuram uma história euclidiana do pensamento, no âmbito da qual está impedida uma verdadeira intersecção. Filosoficamente, a afirmação de uma “antropologia centáurea” promoveu esta dicotomia, a partir da qual a compreensão da vida humana é necessariamente irredutível à explicação biológica, sendo tal irredutibilidade frequentemente assumida como autonomia. Recentemente, porém, um fenómeno de epistemological turn representou um reposicionamento epistémico importante: as ciências ditas naturais elegeram como objecto de investigação questões ontológicas, antropológicas e éticas, e o naturalismo ressurgiu no seio da filosofia, em diversos quadrantes. As sinergias ocorridas neste contexto revelaram-se particularmente pertinentes no domínio da acção, com destaque para o diálogo entre filosofia e neurociências na atenção votada ao comportamento humano enquanto produto característico do cérebro. Assim, explorando a actual prática neurocientífica na sua inclusão de fenómenos tradicionalmente remetidos para o nível pessoal, e no ensejo de percorrer o caminho filosófico inverso de inclusão do sub-pessoal na compreensão da acção humana, propomo-nos responder à pergunta sobre quais são as bases neurobiológicas da acção humana e de que modo se operacionalizam no agir, analisando, em particular, teorias neurocientíficas no âmbito da faculdade de querer, das emoções e dos sentimentos, e da identidade pessoal. O pressuposto, subjacente ao estudo, de que a acção humana é cientificamente objectivável é sustentado através da assunção do naturalismo cooperativo e do confronto com o argumentário anti-naturalista, sem que se proclame, contudo, a redução da filosofia da acção a uma ciência do comportamento. Procuramos manter que a heterogeneidade epistémico-discursiva não implica um abismo inultrapassável e que a alternativa não recai necessariamente em um reducionismo eliminador de uma das perspectivas. Nesse sentido, propomos ter cabimento uma neurofilosofia da acção, simultaneamente atenta à vivência subjectiva da experiência e aos dados neurocientíficos, concebendo-se, por essa via, uma perspectiva mais completa da acção humana.Trying to understand the human being is a task to which philosophy and science traditionally converge by divergence: converging on the objective, they have mostly kept parallel perspectives, in a Euclidean history of thought which impedes a real intersection. Philosophically, the affirmation of a “centauridal anthropology” promoted this dichotomy, in result of which the understanding of human life is necessarily irreducible to a biological explanation, being such irreducibility often assumed as autonomy. Recently, however, a phenomenon of epistemological turn represented a significant epistemic repositioning: the so called natural sciences elected ontological, anthropological and ethical questions as an object of research, and, in many quarters, naturalism resurfaced in the core of philosophy. The synergies occurring in this context were particularly relevant in the area of action, especially in what dialogue between neuroscience and philosophy dedicated to human behavior as a product characteristic of the brain is concerned. Thus, exploring the current neuroscientific practice in its inclusion of phenomena traditionally referred to the personal level and with the purpose of crossing the philosophical path opposite to the inclusion of sub-personal understanding of human action, we aim at determining which are the neurobiological bases of human action and how do they operate in the act, analyzing neuroscientific theories within the faculty of willing, emotions and feelings and personal identity in particular. Although the underlying assumption in our study - that human action is scientifically objectifiable - is sustained through the assumption of cooperative naturalism and through the confrontation with the anti-naturalist arguments, we never proclaim a reduction of the philosophy of action to a behavioral science. We strive to maintain that epistemic-discursive heterogeneity does not imply the implementation of an insurmountable abyss and that the alternative lies not necessarily in a reductionism which eliminates one of the perspectives. Therefore, we stand for a neurophilosophy of action which pays attention both to the subjective experiment of the experience and neuroscientific data, thereby conceiving a more comprehensive view of human action.porFilosofia - NeurociênciasNeurociências - AcçãoNeurociências - EmoçãoNeurociências - Identidade pessoalNeurociências - VontadeA natureza da acção: investigação sobre as bases neurobiológicas do agir e a articulação positivo-subjectivista nas teorias da acçãodoctoral thesis101245637