Carvalho, Paula Susana Loureiro Saraiva deGama, Jorge Manuel dos ReisConceição, Patrícia Alexandra Silva da2023-02-202023-02-202022-07-262022-06-27http://hdl.handle.net/10400.6/13187As doenças crónicas são a principal causa de morte e incapacidade no mundo (World Health Organization [WHO], 2005) apresentando vários fatores de risco que são responsáveis pela maioria destas doenças (Bourbon et al., 2019). O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma doença neurológica enquadrando-se num grupo patológico mais vasto, designado por grupo das doenças cerebrovasculares (Direção-Geral da Saúde [DGS], 2017a). É uma perturbação da função cerebral em que existe uma obstrução ou hemorragia de uma artéria que irriga as várias áreas dos hemisférios cerebrais ou tronco cerebral (Abbott et al., 2017) resultando na morte de neurónios (American Stroke Association [ASA], 2019, 2020a). O AVC é uma das principais causas de morte no mundo e, especificamente, em Portugal no ano 2019, perfazendo no total 12 097 mortes por 100 000 habitantes (WHO, 2020b) sendo um grave problema de saúde pública neste país (Ferro, 2013). Segundo alguns dados da World Stroke Organization, globalmente, um em cada quatro indivíduos com mais de 25 anos terá um AVC ao longo da vida (Feigin et al., 2022). A ocorrência de AVC tem um grande impacto a todos os níveis, quer diretamente quer indiretamente, na vida da maioria dos doentes, verificando-se que, mesmo os que apresentam apenas consequências mínimas, na sua generalidade apresentam uma diminuição da QV (Hobart et al., 2002; Silva et al., 2016; Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral [SPAVC], 2016), a qual tende a deteriorar-se ao longo do tempo. Cerca de um terço dos indivíduos que sobrevivem a um AVC têm alguma incapacidade, disfunção cognitiva e saúde mental deteriorada (Stroke Alliance for Europe [SAFE], 2018). Do mesmo modo, nos primeiros meses, os doentes confrontam-se com várias incapacidades e dependências face aos seus familiares e/ou cuidadores, manifestando sintomas psicopatológicos e outras complicações psicológicas como a labilidade emocional, frustração, ressentimento, falta de cooperação, irritabilidade, sofrimento, desmotivação, falta de iniciativa, negativismo, entre outras (Marques, 2007), bem como pensamentos de morte (Paula et al., 2008). Com frequência surge então sintomatologia depressiva e ansiosa após a ocorrência de AVC estando ambos os fatores relacionados com a diminuição da QV (Chun et al., 2018; Muus & Ringsberg, 2005). Com esta sintomatologia poderá surgir alguns sintomas somáticos marcantes como, por exemplo, fadiga, alterações do apetite, alterações do ritmo sono-vigília, diminuição da líbido, entre outros (Terroni et al., 2009; Wang et al., 2017). Neste sentido, este estudo pretende contribuir para ajudar os profissionais de saúde a compreenderem aspetos específicos que afetam a vida destes doentes e as suas perceções quanto ao impacto do AVC nas suas vidas. Além disso, pretende ajudar a desenvolver novas intervenções tendo em conta as características e necessidades da população, bem como a distribuição de recursos de forma a melhorar os aspetos que interferem com a QV e os sintomas psicopatológicos e a maximização dos resultados de saúde destes doentes em todos os domínios das suas vidas, destacando-se a reintegração na comunidade. O objetivo geral do presente estudo consiste em avaliar os níveis de QV e sintomas psicopatológicos numa amostra de pessoas após AVC, seguidas no Hospital Amato Lusitano e no Centro Hospitalar Tondela-Viseu. Além do referido, pretende-se também explorar se existem diferenças significativas tanto na variável QV como na variável Sintomas Psicopatológicos em função do género e tipo de AVC, avaliar a forma como a QV se correlaciona com os Sintomas Psicopatológicos e identificar agrupamentos de indivíduos tendo em conta a problemática em estudo. Os dados da amostra foram recolhidos presencialmente no Hospital Amato Lusitano e no Centro Hospitalar Tondela-Viseu com uma amostra clínica. Em todos os momentos, foram esclarecidos os objetivos da investigação e todas as questões éticas que lhe estão associadas, garantindo as instruções da mesma. Os critérios de inclusão da amostra consistiram na presença de diagnóstico clínico de AVC há pelo menos 10 dias, idade superior a 18 anos e nacionalidade portuguesa. Estes participantes têm acompanhamento clínico na Unidade Local de Saúde de Castelo Branco e no Centro Hospitalar Tondela Viseu. Quanto aos critérios de exclusão é de realçar o diagnóstico de condições clínicas que impossibilitem a comunicação com o participante e deste modo à impossibilidade de responder ao protocolo. Assim, foram reunidas respostas de um total de 100 participantes com AVC, 63 homens e 37 mulheres, com uma média de idades de 66.59 anos. Os participantes responderam ao Questionário Sociodemográfico, à Ficha Clínica, ao Inventário de Sintomas Psicopatológicos (BSI-18) e à Escala de Qualidade de Vida Específica para Utentes que Sofreram um Acidente Vascular Cerebral (EQVE-AVC). Quanto ao BSI-18 os participantes responderam de forma a avaliar a psicossintomatologia experienciada pelos mesmos na última semana, através de três subescalas – somatização, depressão e ansiedade; e, por último, à EQVE-AVC de forma a averiguar os níveis de QV. Ambos os instrumentos apresentaram medidas de validade interna adequadas. Os principais resultados evidenciaram uma correlação negativa moderada entre EQVE-AVC e BSI-18. Além disso, comprovou-se existir diferenças significativas na QV, sintomas psicopatológicos e em algumas subescalas dos mesmos tendo em conta o género. Relativamente ao tipo de AVC verificou-se diferenças significativas na QV e seus domínios, mas não se verificou para os sintomas psicopatológicos. Acrescesse a análise de clusters no qual o Papel Social demonstrou ser a variável mais importante no poder preditivo na constituição dos clusters As principais conclusões evidenciam a importância do aumento do conhecimento em relação à QV e sintomas psicopatológicos em indivíduos que sofreram um AVC para o desenvolvimento de programas de intervenção eficazes, que possam contribuir para o bemestar geral desta população específica a longo prazo.porAcidente Vascular CerebralQualidade de VidaSaúde MentalSintomas PsicopatológicosQualidade de Vida e Sintomas Psicopatológicos numa amostra de pessoas após Acidente Vascular Cerebralmaster thesis203227174