Patto, Maria da Assunção Cunha VazPinto, Nuno Filipe CardosoSobral, Mariana Bouça Nova2025-12-052025-12-052025-04-03http://hdl.handle.net/10400.6/19555Introduction: Transcranial magnetic stimulation (TMS) assumes a growing role in both clinical practice and fundamental sciences. The electroencephalogram (EEG) enhances TMS applications by providing key temporal resolution, particularly evident in the study of event-related potentials (ERPs). Analysing these time-locked responses to specific stimuli may provide deeper insight into the functional role of brain regions during cognitive processing. Therefore, assessing their effectiveness as biomarkers and indicators of effect is key to advancing research in TMS. Objectives: To determine whether ERPs can serve as biomarkers and effect indicators when using TMS, evaluating the effects of rTMS and TBS on ERPs. Methods: PubMed, SCOPUS, and Web of Science were consulted until February 15th, 2024, using combinations of keywords and/or MeSH terms. The PICO-based framework inclusion criteria were: 1) =18 years old, 2) studies involving healthy or pathological brains, 3) interventions utilising rTMS and ERPs, 4) comparisons between preand post-intervention outcomes, including placebo/sham conditions, and 5) no language restrictions. Primary outcomes included ERP amplitude and latency (such as P300, MMN, N200). Results: Out of the 281 screened articles, 14 met the inclusion criteria. P300 was the most discussed ERP (9 articles), demonstrating significant latency or amplitude changes in 89% of these studies. N200 data was collected in eight studies, seven within P300 research and one independently. Among these, four reported significant changes in latency or amplitude. MMN was addressed in two studies, one reporting significant latency changes. Conclusion: The findings reinforce the potential of ERPs as effect indicators while highlighting the need for further research to validate their utility. Underrepresented ERPs, such as MMN, require deeper investigation, while ongoing P300 research should remain supported.Introdução: A Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) tem vindo a consolidar-se como uma ferramenta fundamental tanto na prática clínica como na investigação neurocientífica. A eletroencefalografia (EEG), por sua vez, oferece elevada resolução temporal, particularmente evidenciada pelos Potenciais Evocados de Longa Latência (PELL), marcadores da complexa atividade cerebral. Os protocolos de EMT incluem pulsos únicos, preferidos para a análise diagnóstica da função cerebral e via piramidal, e estimulação repetitiva (EMTr), cujo impacto terapêutico é superior. A EMTr de alta frequência tende a aumentar a excitabilidade, enquanto a de baixa frequência tem um efeito inibitório. Entre os outros protocolos mais relevantes encontra-se a theta burst stimulation (TBS), com a sua variante contínua (cTBS), que reduz a excitabilidade cortical, e a intermitente (iTBS), que a aumenta. Os PELL são ondas de pequena voltagem geradas em resposta a estímulos específicos, refletindo predominantemente a atividade pós-sináptica excitatória e inibitória. Estes registos no EEG podem resultar de processos sensoriais, motores ou cognitivos sendo a amplitude e latência geralmente quantificadas. Entre os PELL mais estudados destacam-se o P300, associado à atenção seletiva e processamento cognitivo, a mismatch negativity (MMN), essencial na deteção de desvios auditivos ou visuais, e o N400, associado a desvios no léxico. Objetivo: Esta revisão sistemática da literatura tem como objetivo analisar qual o papel dos PELL como potenciais biomarcadores e indicadores de efeito na EMT, contribuindo para a sua otimização enquanto ferramenta terapêutica e de investigação. Métodos: Com base no enquadramento PICO (Paciente, População; Intervenção; Comparação; Resultado), foram incluídos os estudos encontrados na pesquisa de bases de dados PubMed, SCOPUS e Web of Science, que investigaram os efeitos da EMTr e TBS sobre os PELL. Compararam-se os resultados pré e pós-intervenção com condições placebo/sham, com foco nas alterações na amplitude e latência dos PELL (P300, MMN e N200). Sem restrições linguísticas, selecionaram-se apenas estudos sujeitos a revisão por pares, excluindo “letters”, estudos de caso, resumos publicados e protocolos com múltiplas intervenções simultâneas. Excluíram-se abordagens experimentais divergentes das metodologias clássicas, considerando-se apenas estudos com =600 pulsos por sessão e =8 participantes por grupo para garantir a validade estatística. A pesquisa foi conduzida até 15 de fevereiro de 2024, utilizando combinações de palavraschave, expressões e, no caso da Pubmed, termos MeSH. A seleção inicial foi realizada no software Rayyan, com remoção de duplicados, seguindo-se a triagem, tendo sido aplicados os critérios de inclusão e exclusão aos títulos e resumos. Posteriormente, os estudos selecionados foram analisados integralmente para garantir a aplicação rigorosa dos critérios de elegibilidade. O risco de viés foi avaliado com a ferramenta Evidence Project Risk of Bias Tool, enquanto a qualidade dos artigos foi estimada com a Joanna Brigs Institute Critical Appraisal Tool for Assessment of Risk of Bias for Randomized Controlled Trials (JBI). Resultados: Dos 281 artigos identificados, 196 permaneceram após a remoção de duplicados. Após a triagem por títulos e resumos, 27 foram selecionados para leitura integral, resultando na inclusão final de 14 estudos. Foram incluídos 545 participantes, dos quais 395 saudáveis e 150 com condições clínicas, como depressão e défice cognitivo vascular. A idade média mais baixa foi registada no estudo de Zhang et al. (2022) (19,65 ± 1,65 anos), enquanto a mais elevada ocorreu em Pan et al. (2020) (63,41 ± 3,28 anos). A maioria dos estudos observou alterações significativas após estimulação magnética na latência e/ou amplitude dos PELL, e apenas um não registou qualquer modificação. O P300 antes e depois da EMT foi analisado em nove estudos com diferentes paradigmas, incluindo modalidades visuais e auditivas. Alterações na latência e/ou amplitude foram registadas em oito desses estudos tanto no P300 auditivo como no P300 visual. O MMN foi analisado em dois estudos. No primeiro, evocado por SEP, a cTBS reduziu a amplitude sem alterar a latência. No segundo, com um paradigma oddball auditivo passivo, a rTMS não produziu alterações significativas. O N200 foi estudado isoladamente, com um aumento da amplitude após EMTr de alta frequência. Dados adicionais sobre o N200 foram extraídos de sete estudos sobre o P300. A latência não foi avaliada/reportada em dois e manteve-se inalterada em quatro, e registou um aumento com iTBS no hemisfério direito noutro. A amplitude não foi analisada/reportada em dois estudos, manteve-se estável em um e registaram-se aumentos ou reduções nos restantes. Discussão: Em geral, as alterações do P300 corresponderam aos efeitos potencialmente esperados perante os protocolos de estimulação. Contudo, Lowe et al. (2018) observaram um aumento da amplitude após cTBS, que contrariou o efeito inibitório antecipado. Os autores atribuíram este resultado à redução da atividade do DLPFC provocada pela estimulação, que terá comprometido o controlo inibitório. Como resultado, verificou-se uma maior alocação de recursos cognitivos para estímulos motivadores. Relativamente ao N200, dois estudos revelaram resultados inesperados que contrariaram as expectativas quanto à estimulação: Liu et al. (2021) constataram um aumento da amplitude após ETMr de baixa frequência. Contudo, essa alteração foi atribuída à modulação da atividade inibitória excessiva do DLPFC, sobretudo em tarefas mais simples. Wang et al. (2021), no único estudo realizado com uma população não saudável, observaram uma redução de amplitude após ETMr de alta frequência. A estimulação em questão terá levado a um aumento da excitabilidade cortical no DLPFC-NAcc, área cuja modulação está associada a um aumento na motivação para a obtenção de recompensa. Os demais resultados observados em relação aos componentes avaliados foram consistentes com o esperado. Conclusão: A nossa revisão sistemática evidencia o potencial dos PELL como biomarcadores valiosos dos efeitos da EMT, uma vez que, nos estudos analisados, foram frequentemente observadas alterações na latência ou amplitude após EMT, sendo o P300 o componente com maior número de ocorrências. A sua utilidade na avaliação e otimização da EMT é reforçada pela baixa incidência de efeitos adversos e pela possível integração com neuroimagem. A padronização dos métodos e a expansão da investigação a diferentes populações contribuirão para uma maior robustez e aplicabilidade dos resultados. Assim, os PELL em associação à EMT afirmam-se como ferramentas promissoras no apoio ao tratamento, promovendo abordagens mais eficazes e personalizadas, com possível impacto significativo na medicina e em áreas correlacionadas.engEvent-related PotentialsTranscranial Magnetic StimulationTheta Burst StimulationCognitionEvent-Related Potentials as Biomarkers and Effect Indicators in Transcranial Magnetic Stimulation: A Systematic Reviewmaster thesis204047200