Cabrita, Maria João2020-01-202020-08-012018Cabrita, Maria João (2018), • “Injustiça Intergeracional: A Perpetuação da Menoridade”, in André Barata, André Miguel do Carmo, Catarina Sales Oliveira (Org), Emancipação. O Futuro de Uma Ideia Política, Lisboa: Documenta, 2018, pp. 125-137.978-989-8902-27-6http://hdl.handle.net/10400.6/8501Hoje as sociedades democratas ocidentais estão sujeitas a influxos e poderes que extravasam as suas fronteiras físicas, culturais e históricas, que destabilizam as suas estruturas básicas, os seus alicerces institucionais; e, consequentemente, atalham a emancipação das novas gerações. Agrilhoadas a várias obsessões - como a do desenvolvimento incessante da economia que sacrifica a maioria da população à precariedade, pobreza e exclusão, descora a comensurabilidade dos recursos naturais e a deterioração ambiental – e arbitrariedades morais que, tácitas às suas políticas sociais, minam a dignidade humana, as sociedades democratas ocidentais entraram em colisão com a base da sua estabilidade: a conciliação entre indivíduo e comunidade. Neste contexto de crise existencial, a falta de expectativas dos jovens é tão gritante que estes arriscam permanecer na menoridade muito para além do que é desejável, a usufruírem de um valor mínimo das liberdades autenticadas aos membros da sociedade. Resta saber se, uma vez obstruída a sua emancipação enquanto pessoas, os jovens de hoje lograrão assumir-se algum dia como cidadãos plenos. Com o intuito de analisar o vínculo entre justiça intergeracional e emancipação das novas gerações terei por moldura teórica o liberalismo igualitário rawlsiano. Nos termos desta teoria, “a cada geração cabe não só salvaguardar os ganhos de cultura e civilização e manter intactas as instituições justas estabelecidas, mas também pôr de lado uma quantidade adequada de acumulação real” (Rawls, 1971: 252). Esta poupança assume várias formas - investimento líquido em maquinaria e outros meios de produção, investimento no saber e na educação, etc – e permite às gerações seguintes usufruírem de uma vida melhor numa sociedade mais justa. Neste sentido, uma vez que se disponha de um princípio de poupança justa determinar-se o nível do mínimo social. É imperativo que os benefícios da geração presente não ceifem o bem-estar da geração futura, pois uma sociedade em que os sujeitos tiram partido da sua situação no tempo em prol dos seus interesses é por definição injusta.porJustiça intergeracionalLiberalismo igualitário rawlsianoEmancipaçãoPoupança justaInjustiça Intergeracional: A Perpetuação da Menoridadebook part