Vitória, Paulo dos Santos DuarteMorais, Tiago José Novais de2025-12-032025-12-032025-07-252025-06-04http://hdl.handle.net/10400.6/19526Introdução: O sono, como função biológica essencial para a manutenção da saúde física e mental, desempenha um papel crucial na regulação emocional, resposta afetiva e capacidade cognitiva. Apesar da sua importância amplamente reconhecida, o sono é frequentemente negligenciado para dar lugar a obrigações académicas e laborais, bem como atividades sociais e de lazer, sendo um fenómeno particularmente prevalente nos jovens adultos, nos quais a transição para a vida adulta acarreta uma intensa adaptação e consequente vulnerabilidade psicológica enquanto enfrentam os desafios da recém-chegada vida adulta. Deste modo, as perturbações do sono mostram-se cada vez mais prevalentes nesta faixa etária e acompanham paralelamente o recente aumento da prevalência de problemas de saúde mental nos jovens adultos, o que levanta a questão: nos jovens adultos, qual é o impacto da exposição a perturbações do sono na saúde mental e quais as estratégias que melhoram os parâmetros do sono? Objetivos: Esta monografia tem como objetivo elucidar a relação existente entre a exposição a perturbações do sono e os outcomes de saúde mental na faixa etária dos jovens adultos (idade média entre os 18 e os 30 anos), bem como caracterizar o panorama atual das estratégias preventivas e terapêuticas que visem melhorar a relação dos jovens adultos com o seu sono, prevenindo assim o desenvolvimento ou agravamento de problemas de saúde mental. Métodos: De modo a responder a esta questão, procedeu-se a uma seleção bibliográfica através dos motores de busca Web of Science, EBSCO, B-on e Pubmed, tendo sido obtidos resultados de artigos relevantes para o tema publicados nos últimos 5 anos à data de pesquisa após aplicação da equação de pesquisa e o filtro "Abstract". Foram incluídos artigos de elevada pertinência para o estudo, tendo-se definido “jovens adultos” como participantes com idade média entre os 18 e os 30 anos. Foram excluídos artigos sem relevância para o tema, tais como participantes fora da faixa etária escolhida ou portadores de diagnósticos médicos cujos quadros clínicos afetem o sono, não caracterizando perturbações intrínsecas do sono; foram também excluídos artigos que não retratassem o contexto de vida habitual do jovem adulto, como por exemplo artigos que procuraram estudar aspetos relacionados com a pandemia COVID-19. Após a seleção final de 45 artigos, foi incluído excecionalmente um 46º artigo devido à sua relevância no tópico da prevenção em saúde pública. Procedeu-se à cuidadosa análise dos artigos, planeamento e redação da monografia. Resultados: As perturbações do sono estão fortemente associadas à sintomatologia depressiva e ansiosa, bem como à ideação e comportamentos suicidas; encontram-se também correlacionadas com fenómenos psicopatológicos subclínicos como as experiências do tipo psicóticas, ruminação, somatização e dissociação. Fatores como a privação crónica do sono, desregulação dos ritmos circadianos, uso excessivo de ecrãs, jetlag social e o cronotipo vespertino mostram-se como agravantes desta relação. Foram identificados como mecanismos subjacentes a disfunção do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, hiperatividade da amígdala e alterações funcionais ao nível do córtex pré-frontal e da secreção de melatonina, com repercussões ao nível do processamento sensorial e da regulação emocional. Intervenções como a Terapia Cognitivo-Comportamental, a Cronoterapia, a Fototerapia e estratégias de regulação emocional como a prática de mindfulness e autocompaixão são abordagens terapêuticas eficazes. Destacam-se a importância das medidas da higiene do sono e a restrição do consumo de álcool, nicotina, cafeína e da exposição à luz artificial, bem como o rastreio sistemático em grupos de risco como os estudantes universitários e os indivíduos do cronotipo vespertino. Discussão e Conclusão: O impacto das perturbações do sono na saúde mental dos jovens adultos evidencia uma relação bidirecional subjacente a mecanismos neurobiológicos e fatores ambientais. A prevenção é um dos focos mais valiosos no combate às perturbações do sono e da saúde mental nesta faixa etária, tendo-se destacado o papel central das instituições frequentadas por jovens adultos, tais como universidades, locais de trabalho e instituições de saúde, bem como o papel fundamental do médico de família. Também foi evidenciado o grande poder terapêutico das intervenções do sono e CognitivoComportamentais, demonstrando a grande importância do envolvimento do Psicólogo e Psiquiatra nestes quadros. Reforça-se a necessidade de investigação futura que envolva estudos longitudinais de modo a esclarecer relações causa-efeito entre as perturbações do sono e da saúde mental, bem como a procura de amostras mais equitativas em termos de género dos participantes de modo a elaborar conclusões que abranjam um maior número de jovens adultos. Nesta monografia o sono emerge como um marcador transdiagnóstico na saúde mental, definindo-se como um alvo prioritário para a promoção da saúde pública nesta faixa etária.Introduction: Sleep, as an essential biological function for the maintenance of physical and mental health, plays a crucial role in emotional regulation, affective response, and cognitive capacity. Despite its widely recognized importance, sleep is often neglected in favor of academic and professional obligations, as well as social and leisure activities. This is a particularly prevalent phenomenon among young adults, for whom the transition into adulthood involves intense adaptation and consequent psychological vulnerability as they face the challenges of emerging adult life. Thus, sleep disorders are becoming increasingly prevalent in this age group and are paralleled by a recent rise in the prevalence of mental health problems in young adults, raising the following question: in young adults, what is the impact of exposure to sleep disturbances on mental health, and what strategies can improve sleep parameters? Purpose: This dissertation aims to elucidate the relationship between exposure to sleep disturbances and mental health outcomes in the young adult population (mean age between 18 and 30 years), as well as to characterize the current landscape of preventive and therapeutic strategies aimed at improving young adults' relationship with sleep, thereby preventing the development or worsening of mental health issues. Methods: In order to address this question, a literature search was conducted using the search engines Web of Science, EBSCO, B-on, and PubMed. Relevant articles published within the five years prior to the search date were obtained through the application of a search equation and the “Abstract” filter. Articles of high relevance to the study were included, with “young adults” defined as participants with an average age between 18 and 30 years. Articles that lacked relevance to the topic were excluded, such as those involving participants outside the selected age range or those with medical diagnoses that affect sleep but do not constitute intrinsic sleep disorders. Additionally, articles that did not portray the habitual life context of young adults, such as those addressing aspects related to the COVID19 pandemic, were excluded. After the final selection of 45 articles, an exceptional 46th article was included due to its relevance to the topic of public health prevention. A careful analysis of the articles was conducted, followed by the planning and drafting of the dissertation. Results: Sleep disturbances are strongly associated with depressive and anxious symptoms, as well as suicidal ideation and behaviors. They are also correlated with subclinical psychopathological phenomena such as psychotic-like experiences, rumination, somatization, and dissociation. Factors such as chronic sleep deprivation, circadian rhythm dysregulation, excessive screen use, social jetlag, and evening chronotype have been identified as aggravating elements of this relationship. Underlying mechanisms include dysfunction of the hypothalamic-pituitary-adrenal axis, hyperactivity of the amygdala, and functional alterations in the prefrontal cortex and melatonin secretion, with repercussions on sensory processing and emotional regulation. Interventions such as Cognitive Behavioral Therapy, Chronotherapy, Phototherapy, and emotional regulation strategies like mindfulness and self-compassion have been shown to be effective therapeutic approaches. Emphasis is placed on the importance of sleep hygiene measures, the restriction of alcohol, nicotine and caffeine consumption, as well as limiting exposure to artificial light. Systematic screening is also recommended for at-risk groups, such as university students and individuals with an evening chronotype. Discussion and Conclusion: The impact of sleep disturbances on the mental health of young adults highlights a bidirectional relationship underpinned by neurobiological mechanisms and environmental factors. Prevention emerges as one of the most valuable focal points in addressing sleep and mental health disturbances in this age group, with a central role attributed to institutions that host young adults, such as universities, workplaces, and healthcare settings, as well as the fundamental role of the family physician. The significant therapeutic potential of sleep-focused and Cognitive Behavioral interventions is also highlighted, demonstrating the critical importance of involving Psychologists and Psychiatrists in these cases. The need for future research involving longitudinal studies is emphasized, in order to clarify cause-effect relationships between sleep and mental health disturbances, as well as the need for more gender-equitable participant samples to allow for conclusions that encompass a broader population of young adults. In this dissertation, sleep emerges as a transdiagnostic marker in mental health, establishing itself as a priority target for public health promotion in this age group.porFatores de RiscoFatores ProtetoresJovens AdultosSaúde MentalSonomaster thesis204047498