Valente, Maria de Jesus BeirãoAlexandre, André Filipe Macedo2020-01-152020-01-152017-11-62017-09-8http://hdl.handle.net/10400.6/8338Introdução A Fibrose Pulmonar Idiopática (FPI) é uma doença pulmonar intersticial, crónica e progressiva, de causa desconhecida. Afeta mais frequentemente indivíduos do sexo masculino, com idade superior a 50 anos e história de tabagismo.1 Os principais sintomas de apresentação são dispneia e tosse seca.2 Embora uma doença rara, a Fibrose Pulmonar Idiopática (FPI) é a forma mais comum das pneumonias intersticiais idiopáticas, sendo irreversível e quase sempre fatal.1 Carateriza-se por uma sobrevida média de 2-3 anos após o diagnóstico, tendo pior prognóstico que muitas neoplasias.1 Somente o tumor do pulmão e pancreático apresentam uma taxa de sobrevida aos 5 anos mais baixa que a fibrose pulmonar idiopática.3 Até recentemente, os cuidados de suporte e o transplante pulmonar em casos selecionados eram consideradas as únicas estratégias terapêuticas disponíveis para a fibrose pulmonar idiopática.4 Todavia, nos últimos anos, foram aprovados dois novos fármacos com propriedades antifibróticas (pirfenidona e nintedanib).4 Por conseguinte, ao atrasarem a progressão da fibrose pulmonar, estes dois fármacos vieram expandir e modificar a abordagem terapêutica desta doença devastadora. Objetivos - Estabelecer qual a abordagem terapêutica mais adequada para um paciente com fibrose pulmonar idiopática nos dias de hoje; - Definir o mecanismo de ação dos novos fármacos antifibróticos; - Indicar como utilizar/quais as dosagens dos novos fármacos; - Definir os efeitos adversos mais comuns, bem como a prevenção/tratamento desses efeitos adversos; - Objetivar as indicações dos novos fármacos; - Definir qual o fármaco antifibrótico mais adequado para cada paciente; - Responder à questão se será a terapia combinada melhor que a monoterapia; - Definir os critérios necessários para proceder ao transplante pulmonar; - Indicar outras estratégias terapêuticas recomendadas aos pacientes com fibrose pulmonar idiopática. Metodologia Para a realização desta monografia, efetuou-se uma análise bibliográfica sistemática de um conjunto de artigos científicos e de revisão publicados na plataforma online PubMed. Os termos de pesquisa utilizados foram: “management of idiopathic pulmonary fibrosis”; “idiopathic pulmonary fibrosis treatment”; “idiopathic pulmonary fibrosis pirfenidone”; “idiopathic pulmonary fibrosis nintedanib”; “lung transplantation idiopathic pulmonary fibrosis”. Quanto às limitações impostas na pesquisa bibliográfica foram “free full text” e “last 10 years”, logo abrangendo artigos gratuitos entre o ano de 2006 e dezembro de 2016. De seguida, foram selecionados para análise todos os artigos cujo respetivo título se enquadrava no âmbito desta dissertação. A pesquisa informática foi ainda suplementada pela pesquisa manual de alguns livros da especialidade e de referências bibliográficas dos estudos primeiramente selecionados. Conclusões Não existe terapia curativa para a Fibrose Pulmonar Idiopática (FPI). Os objetivos da atual abordagem são aliviar os sintomas, melhorar a capacidade de exercício e atrasar o declínio da função pulmonar.5 Com os dois novos fármacos antifibróticos agora disponíveis para o tratamento, é importantíssima a realização de um diagnóstico preciso.6 Nos casos em que não existe um diagnóstico claro mesmo após a discussão da equipa multidisciplinar com experiência em patologias do interstício, o melhor é classificar e abordar a doença consoante o seu comportamento ao longo do tempo.6 Tanto a pirfenidona como o nintedanib conseguem atrasar significativamente a progressão da doença. Contudo, é de referir que nenhum dos dois é um tratamento milagroso, não permitindo a cura, pelo que, na atualização de 2015 das Guidelines Oficiais da ATS/ERS/JRS/ALAT para o Tratamento da Fibrose Pulmonar Idiopática (FPI), ambos receberam apenas uma “recomendação condicional” para a sua utilização.7 Resumindo, não é expectável que com estes novos fármacos o tecido pulmonar retorne ao normal. Todavia, os agentes antifibróticos são capazes de modificar a história natural da doença, pelo que os pacientes com Fibrose Pulmonar Idiopática (FPI) devem receber um fármaco antifibrótico o mais cedo possível, com o objetivo de preservar a função pulmonar e prolongar a sobrevida.8, 9 Por sua vez, a desvantagem dos efeitos adversos inerentes a esta terapia deve ser tida em conta. O transplante pulmonar permanece uma opção terapêutica para os pacientes que falharam em responder à terapêutica medicamentosa e que, por isso, progridem para doença pulmonar avançada.10 A abordagem terapêutica da Fibrose Pulmonar Idiopática (FPI) não se pode limitar à administração de fármacos antifibróticos ou ao transplante pulmonar, devendo também considerar uma vasta série de medidas e ações que suportam e melhoram a qualidade de vida destes pacientes.4Background Idiopathic Pulmonary Fibrosis (IPF) is a chronic and progressive interstitial lung disease of unknown cause. It mainly affects males, older than 50 years and with smoking history.1 The main presenting symptoms are dyspnea and dry cough.2 Despite being a rare disease, Idiopathic Pulmonary Fibrosis (IPF) is the most common form of idiopathic interstitial pneumonias, being irreversible and almost always fatal.1 It is characterized by a median survival of 2-3 years after diagnosis, having a worse prognosis than many cancers.1 Only lung and pancreatic cancer have a worse 5-year survival rate than idiopathic pulmonary fibrosis.3 Until recently, supportive care and lung transplantation in selected cases have been considered the only available therapeutic strategies for idiopathic pulmonary fibrosis.4 However, in the last years, two new drugs with antifibrotic properties (pirfenidone and nintedanib) have been approved.4 Therefore, by slowing the progression of pulmonary fibrosis, these two drugs came to expand and modify the therapeutic approach to this devastating disease. Goals - Establish the most appropriate therapeutic approach for a patient with idiopathic pulmonary fibrosis nowadays; - Define the mode of action of the new antifibrotic drugs; - Indicate how to use/what dosage of the new drugs; - Define the most common adverse effects, as well as the prevention/management of these adverse effects; - Objectify the indications of the new drugs; - Define the most suitable antifibrotic drug for each patient; - Answer the question whether combination therapy will be better than monotherapy; - Define the required criteria for lung transplantation; - Indicate other recommended therapeutic strategies for patients with idiopathic pulmonary fibrosis. Methods For the accomplishment of this monograph, a systematic analysis of a set of original and review articles published in the online platform PubMed was carried out. The search terms were: “management of idiopathic pulmonary fibrosis”; “idiopathic pulmonary fibrosis treatment”; “idiopathic pulmonary fibrosis pirfenidone”; “idiopathic pulmonary fibrosis nintedanib”; “lung transplantation idiopathic pulmonary fibrosis”. The limitations imposed in the bibliographic research were “free full text” and “last 10 years”, which included free articles from the year 2006 to December 2016. Then, all papers whose titles were related somehow with the goals of this study were selected for analysis. Computer research was further supplemented by manual research of specialty books and some references of the first selected papers. Conclusions There is no curative therapy for Idiopathic Pulmonary Fibrosis (IPF). The goals of the current approach are to alleviate symptoms, improve exercise capacity and delay the decline of lung function.5 With the two new antifibrotic drugs now available for treatment, it is very important to perform an accurate diagnosis.6 When there is no clear diagnosis even after the discussion of the multidisciplinary team experienced in interstitial pneumonias, it is better to classify and to approach the disease according to its behavior over time.6 Both pirfenidone and nintedanib can significantly delay the progression of the disease. However, it is noteworthy that neither pirfenidone nor nintedanib is a miracle treatment, and they do not allow healing, so that, in the 2015 update of the Official ATS/ERS/JRS/ALAT Guidelines for the Treatment of Idiopathic Pulmonary Fibrosis (IPF), both only received a “conditional recommendation” for its use.7 In summary, these new drugs are not expected to return lung tissue to normal. However, antifibrotic agents can modify the natural course of the disease, so patients with Idiopathic Pulmonary Fibrosis (IPF) should receive an antifibrotic drug as soon as possible, aiming to preserve lung function and to prolong survival.8, 9 On the other hand, the disadvantage of the adverse effects inherent to this therapy must be considered. Lung transplantation remains a therapeutic option for patients who have failed to respond to drug therapy and therefore progress to advanced lung disease.10 The therapeutic approach for Idiopathic Pulmonary Fibrosis (IPF) cannot be restrained to the administration of antifibrotic drugs or lung transplantation, thus it should also consider a wide range of measures and actions that support and improve the quality of life of these patients.4porFibrose Pulmonar IdiopáticaNintedanibPirfenidonaTransplante Pulmonar.Tratamento/TerapêuticaFibrose Pulmonar IdiopáticaNova Abordagem Terapêuticamaster thesis202362027