Browsing by Author "Costa, Luciana Raquel Moreira"
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- Acidente vascular cerebral em pacientes com doença oncológica - estudo retrospetivo no CHCBPublication . Costa, Luciana Raquel Moreira; Alvarez Pérez, Francisco JoséIntrodução: A doença cerebrovascular é a segunda complicação neurológica mais comum que ocorre nos doentes com cancro, e o próprio Acidente Vascular Cerebral (AVC) pode ser a primeira manifestação de uma neoplasia oculta. Clinicamente, estes eventos vasculares cerebrais não diferem entre os pacientes oncológicos e a população em geral. Por outro lado, é difícil estabelecer-se, com clareza, se a relação entre estas duas patologias é causal, ou meramente casual. Existem estudos que indicam uma prevalência superior de AVC em pacientes com cancro. O envelhecimento da população e o avanço nas terapias antitumorais, com a melhoria na sobrevida destes doentes, faz prever um aumento de casos com ambos os distúrbios, o que torna imperativa a melhoria da sua compreensão. Objetivos: Pretendeu-se determinar a prevalência de cancro nos doentes internados por AVC e identificar os principais tipos de neoplasia presentes. Colocou-se a hipótese de que o eventual contributo etiológico da doença maligna levasse à existência de um padrão típico nestes doentes, relativamente a dados demográficos, fatores de risco vascular, parâmetros analíticos e mecanismos de AVC. Do mesmo modo, previu-se que o cancro influenciaria negativamente o prognóstico destes doentes. O propósito final deste estudo reside no auxílio para o desenvolvimento de medidas preventivas e abordagens terapêuticas mais adaptadas às necessidades das populações. Métodos: O presente estudo retrospetivo analisou os pacientes admitidos na Unidade de AVC, do Centro Hospitalar Cova da Beira, entre 2008 e 2011, e incluiu os que tinham diagnóstico de cancro no grupo de casos. O grupo controlo foi definido pelos doentes não oncológicos, cuja hospitalização decorreu no ano de 2008. Foram acedidas variáveis demográficas, fatores de risco vascular, parâmetros laboratoriais, escalas de avaliação funcional, dados de mortalidade, mecanismos de AVC, tipos de cancro, data do diagnóstico oncológico e tratamentos antitumorais já efetuados. Resultados: Foram internados 1054 doentes, 48 dos quais com cancro (4,55%), sendo que os mais frequentes foram o cancro colorrectal (14), mama (8) e próstata (7). Os pacientes oncológicos tiveram maior proporção de AVC de mecanismo idiopático, comparativamente aos controlos. A análise estatística univariável revelou níveis mais elevados de Proteína C Reativa (em AVC hemorrágicos) e D-dímeros (em AVC isquémicos), e níveis mais baixos de HDL e hematócrito (em AVC isquémicos) nos pacientes com cancro. Contudo, apenas os D-dímeros apresentaram uma relação independente na análise multivariável. A dependência funcional parece ser influenciada negativamente pela idade, presença de fibrilhação auricular e AVC de tipo hemorrágico. Curiosamente, o cancro não influenciou o prognóstico. Conclusões: A proporção aumentada de AVC por mecanismos não-convencionais alerta para o potencial contributo dos distúrbios de coagulação subjacentes à condição oncológica de base. As neoplasias mais comuns são as mesmas que afetam a população portuguesa, ou seja, a sua ocorrência não pode contribuir para aumentar o grau de suspeição quanto a um eventual AVC. São necessários mais estudos para consolidar os achados laboratoriais e para esclarecer importância do cancro no prognóstico, através de um acompanhamento além do internamento. Até lá, uma vez que a triagem oncológica de todos os doentes com AVC não é exequível, recomenda-se a avaliação crítica destes quatro parâmetros (D-dímeros, proteína C reativa, HDL e hematócrito), com o intuito de se fazer a seleção dos pacientes que devem ser investigados quanto à possível existência de uma neoplasia oculta.