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uBibliorum

Digital Repository of the University of Beira Interior

 

A Universidade da Beira Interior, no cumprimento da sua missão, mantém em funcionamento, desde junho de 2009, o Repositório Digital – uBibliorum - integrado na rede de Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP).

A sua função é alojar, disponibilizar, preservar, divulgar e facilitar a citação de toda a investigação científica produzida pelos docentes e investigadores da UBI, mediante autodepósito a ser realizado por cada um deles, e perpetuar a memória científica institucional.

Recent Submissions

Fatores relevantes na implementação, utilização continuada e abandono do Balanced Scorecard
Publication . Saraiva, Helena Isabel Barroso; Alves, Maria do Céu Ferreira Gaspar; Gabriel, Vítor Manuel de Sousa
O Balanced Scorecard (BSC), apresentado por Kaplan e Norton (1992), nos primeiros anos da década de 90 do século XX, rapidamente se tornou uma solução, no âmbito da avaliação de desempenho das organizações, globalmente conhecida e aplicada. Apesar de existirem evidências da utilização prática do BSC o mundo académico, embora tenha abordado recorrentemente o tema, tem dedicado escassa atenção às questões relacionadas com a sua efetiva utilização. Assim o presente trabalho foi desenvolvido na perspetiva de preencher esta lacuna existente na literatura académica, no sentido de se obter uma noção ampla da utilização da ferramenta em Portugal, designadamente a relacionada com a ausência de estudos acerca da implementação, utilização e abandono do BSC, nas suas diversas fases de desenvolvimento e profundidade, no seio de diferentes tipos de entidades e de acordo com múltiplas finalidades prosseguidas por estas na sua aplicação. No âmbito desta tese, são considerados diversos tópicos de investigação, alguns dos quais anteriormente inexplorados, relativamente à evolução do BSC e à sua utilização, assim como aos impactos que esta ferramenta pode assumir, quer nas entidades em que é utilizada (o que é desenvolvido nos diferentes estudos de caso analisados no corpo da mesma), quer na possibilidade de integrar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no seio da gestão estratégica das organizações de um setor específico e de extrema relevância como é o da gestão das águas. O posicionamento metodológico foi implementado com base numa perspetiva qualitativa, através da análise exploratória da temática proposta, que se relaciona com a forma como o BSC é usado pelas entidades que o implementam. Nas análises efetuadas foi utilizado um enquadramento teórico ancorado na Teoria Institucional e na Teoria Ator-Rede, tendo sido apresentadas contribuições de caráter empírico e outras de caráter teórico e metodológico. As contribuições empíricas consubstanciam-se na identificação das fases em que o BSC foi assumindo diferentes níveis de profundidade e abrangência (Capítulo 2). Identificaram-se numerosos casos de possibilidade de aplicação, ou de aplicabilidade, mas foram escassos os trabalhos que abordam a efetiva utilização do BSC (Capítulo 3): nos casos de utilização, analisaram-se as caraterísticas da estrutura dos BSC identificados, assim como uma sistematização das fases de utilização e dos papéis assumidos pelo BSC, considerando níveis de profundidade e abrangência, concluindo-se que na maior parte dos casos de utilização identificados o BSC desempenha papéis ancorados nas primeiras fases de desenvolvimento e que os trabalhos identificados sobre utilização se centram em estudos de caso único, sendo apenas dois deles longitudinais. Na análise dos casos longitudinais (Capítulos 4, 5 e 6) as contribuições prendem-se com o esclarecimento acerca das condições da aplicação do BSC nas entidades de diversos setores. No caso do Capítulo 4, com a Teoria AtorRede a permitir compreender como as inscrições e a tradução do conceito proporcionam simplificações e variações apelativas, nomeadamente quando a entidade que implementa o BSC como um Sistema de Controlo de Gestão tem preocupações diversas e que vão muito para além da obtenção de resultados financeiros. Noutro caso (Capítulo 5) a obtenção de conhecimento acerca de situações de insucesso ou temas problemáticos, a possibilidade de estudar a aplicação num grupo empresarial, e a escassez de estudos sobre temas políticos e sociais associados à implementação do BSC dão origem a contribuições que proporcionam evidência de que se o BSC não for convenientemente problematizado numa fase inicial, a adesão dos diversos grupos de atores não fica assegurada, ocorrendo assim um potencial de desagregação da ferramenta sempre ou logo que surjam impedimentos ou dificuldades, mesmo com a gestão de topo fortemente empenhada na sua utilização. Finalmente através de um caso de sucesso de utilização do BSC (Capítulo 6), numa entidade híbrida do setor das águas, surge como contribuição a relevância que os quadros médios podem assumir nesta temática, secundarizando o papel dos quadros superiores, contrariamente ao que tem sido apontado na literatura. Outra contribuição é a identificação da integração de indicadores sociais e ambientais no conceito mais tradicional do BSC poder constituir uma solução que permite considerar as preocupações ambientais na estratégia sem a necessidade de alterações consideráveis à noção tradicional do BSC, aportando evidências práticas sobre o papel que a contabilidade e o controlo de gestão podem assumir no relato e na abordagem das questões de sustentabilidade (Capítulos 6 e 7). Finalmente foram identificados diversos casos de utilização do BSC em diferentes entidades do setor (Capítulo 7), os quais não são conhecidos na literatura, o que parece indiciar que este setor de atividade poderá ser alvo de estudos mais aprofundados acerca da utilização do BSC. Aqui a proposta de um BSC foi formalizada através de um mapa estratégico e correspondentes indicadores, a aplicar no setor das empresas de águas, analisada e discutida por profissionais do setor. Este BSC tem como propósito clarificar como as empresas do setor podem contribuir para a acomodação do ODS 6, que se encontra em risco de não ser atingido. Os indicadores identificados constituem um micro contributo para aquilo que se assume como um macro objetivo - a prossecução do ODS 6. Por outro lado, as contribuições teóricas surgem com a identificação de múltiplas redes complementares para fundamentar a forma de difusão de uma inovação de gestão, o que constitui um contributo teórico relativamente a uma das teorias de enquadramento, a Teoria Ator-Rede (Capítulo 2); outro contributo teórico é apresentado no Capítulo 5, correspondendo à possibilidade os casos de implementação mais aderentes à TI, quando se trata da obtenção de legitimidade por um ator ou grupo de atores, serem mais propensos ao insucesso e, por outro lado, os casos que à luz da Teoria Ator-Rede tenham um processo eficaz de problematização, interesse e inscrição por um alargado grupo de atores ou por diversos grupos diferenciados, obterem maior possibilidade de prosseguir como casos de sucesso; fez-se ainda uma contribuição teórica e outra metodológica (Capítulo 7), a primeira ao identificar a possibilidade de ante-inscrição na tradução de um BSC ajustado ao setor e com a finalidade de consecução dos ODS; a segunda foi aportada através do envolvimento dos peritos do setor profissional na formulação da proposta, o que consiste numa contribuição metodológica que permite a ante-inscrição.
Ensaio sobre o Crowdfunding em Portugal: Sistema de Financiamento?
Publication . Torres, Bruno Miguel Pereira ; Teixeira, Zélia Maria da Silva Serrasqueiro; Oliveira, Márcio José Sol Pereira de
O crowdfunding tem emergido como uma alternativa significativa ao financiamento tradicional em Portugal, refletindo uma tendência crescente de valorização deste método entre empreendedores e investidores. Analisando a escassez de pesquisa na área e a sua crescente popularidade como uma forma de financiamento inovadora e disruptiva, pretende-se através de um conjunto de estudos investigar a evolução do crowdfunding no país entre 2014 e 2020, produzindo-se dessa forma uma revisão sistemática da literatura sobre crowdfunding em Portugal. Inicialmente, centra-se na questão fundamental de como a literatura sobre crowdfunding tem evoluído e quais os focos de investigação emergentes. Para tal, a revisão sistemática da literatura aborda quatro áreas temáticas: foco de investigação—conceitos; método de investigação—identificação quantitativa/qualitativa; área geográfica—países em estudo; e inovação—áreas de investigação futuras. A investigação revela que, apesar do crescimento do crowdfunding, persistem lacunas significativas no conhecimento disponível. Destaca-se a importância do comportamento do investidor, que é influenciado pela segurança das plataformas e pela regulamentação existente. O presente estudo também explora a crescente atenção pública ao crowdfunding, exemplificada por campanhas notáveis, como o financiamento da greve dos enfermeiros em Portugal. Através de um estudo de caso abrangente, que inclui uma pesquisa com representantes das principais plataformas de crowdfunding em Portugal, este estudo examina questões pertinentes como a legislação e as dinâmicas de mercado. A pesquisa, composta por 41 questões distribuídas em quatro categorias, fornece insights valiosos sobre: os detalhes das plataformas; informações sobre empresas e projetos; perspetivas dos investidores; e o processo de financiamento. Desenvolve-se ainda uma análise das motivações que levam os empreendedores a optar pelo financiamento colaborativo através da plataforma Raize, destacando a crescente adoção deste modelo de peer-to-peer crowdfunding. Utilizando uma abordagem qualitativa de múltiplos casos, investiga-se os fatores que influenciam a decisão dos empreendedores em recorrer a esta plataforma como uma alternativa ao financiamento bancário. Os resultados indicam que a escolha pela plataforma Raize é determinada por uma combinação de fatores, incluindo a acessibilidade financeira, a confiança na comunidade de investidores, a facilidade de utilização da plataforma e a competitividade das taxas. Este estudo enriquece a literatura sobre crowdfunding e empreendedorismo, oferecendo também orientações práticas para aqueles que buscam financiamento através de novos sistemas que suportem a inovação e o crescimento das empresas em Portugal. Adicionalmente, sugere-se que a integração do crowdfunding com tecnologias emergentes, como a blockchain, poderá representar uma mudança disruptiva, promovendo futuras inovações e pesquisas na área. Embora o crowdfunding tenha ganho visibilidade, a investigação revela que este ainda é relativamente desconhecido para o público em geral. Os autores concluem que o crowdfunding deve ser encarado não como uma substituição às instituições bancárias, mas como um mecanismo complementar que proporciona acessibilidade, agilidade nos processos e a capacidade de obter reconhecimento rápido para projetos e empresas. Além disso, esta abordagem facilita a identificação de oportunidades de investimento e melhora a confiança nas interações subsequentes com bancos e investidores. Em suma, a investigação sobre crowdfunding em Portugal ressalta não apenas a sua crescente importância como uma alternativa de financiamento, mas também a necessidade de estudos mais profundos que abordem as suas nuances. O crowdfunding apresenta-se como uma solução inovadora que não só facilita o acesso ao financiamento, mas também fortalece o ecossistema empresarial, apoiando a sustentabilidade das empresas e promovendo um ambiente propício para a inovação e o crescimento no mercado português.
A construção da agenda noticiosa sobre saúde na televisão em países de língua oficial portuguesa
Publication . Giacomelli, Tâmela Medeiros Grafolin; Serra, Joaquim Mateus Paulo
Nos anos 1980, a epidemia de uma estranha doença que se espalhou pelo mundo, sem considerar contextos culturais, econômicos e sociais, começou a alimentar um campo de estudo até então limitado: o da comunicação em saúde. A velocidade e a forma como o vírus HIV/SIDA/AIDS era transmitido trouxe destaque para o papel dos meios de comunicação social não apenas na gestão de crises sanitárias, como também observamos recentemente com a pandemia do vírus Sars-CoV-2 (Covid-19), mas também na preparação, na literacia do público em cuidados diários com a saúde. Nesses contextos, vimos a capacidade da televisão de alcançar o público de forma mais abrangente, unindo imagem e som. A presente pesquisa tem como ponto de partida a percepção de algumas lacunas no estudo da comunicação em saúde voltado para as realidades dos países de língua oficial portuguesa. Nesse sentido, debruçamo-nos, especificamente, sobre o jornalismo, na área da comunicação em saúde, praticado em Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, visando compreender como acontece a construção da agenda noticiosa nesses territórios. Para tal tivemos em conta a avaliação dos critérios de noticiabilidade mais utilizados, com foco nos valores-notícia de seleção. Como objeto de pesquisa, selecionamos os jornais televisivos do chamado “horário nobre” das emissoras públicas de televisão dos seis países de expressão oficial portuguesa, justamente por a televisão se tratar de um dos meios de maior alcance considerando a realidade de oferta e consumo dos meios de comunicação social de cada local. Para respondermos às questões propostas pela pesquisa, optamos pela utilização de dois métodos complementares, o da Análise de Conteúdo (AC) e da entrevista em profundidade semiestruturada. Através do método do mês construído, recolhemos 173 peças jornalísticas televisivas, entre os meses de maio e agostos de 2023, sobre as quais aplicamos o método da análise de conteúdo categorial para avaliar os temas abordados, formatos utilizados, enquadramento, fontes de informação, valores-notícia e o que chamamos de materiais de apoio (vídeos, áudios, entrevistas, fotografias, etc). Para complementar as informações recolhidas dessa forma, entrevistamos jornalistas de quatro, dos seis países investigados, procurando relacionar os dados obtidos com a aplicação dos dois métodos. A partir dos dados analisados, observamos que, embora os valores-notícia de “Relevância”, “Novidade/Atualidade” e “Amplitude/Impacto” tenham se destacado de forma consistente em todas as emissoras analisadas, existem variações importantes de acordo com o contexto político, social e econômico de cada país. Também observamos o predomínio do uso das fontes oficiais, da reportagem como formato mais utilizado, assim como o das imagens profissionais dentre os materiais de apoio. Compreender as características das peças como um todo, assim como as informações obtidas com as entrevistas, auxiliou-nos a perceber não apenas as semelhanças transnacionais no uso dos valores-notícia, mas também as especificidades de cada país em termos de prioridades editoriais, contextos políticos e pressões institucionais. O estudo mostrou ainda que, embora as emissoras públicas desempenhem um papel crucial na mediatização dos temas de saúde, elas enfrentam desafios significativos em termos de autonomia editorial, pluralidade de fontes e adaptação às novas dinâmicas midiáticas.
Gestão Hospitalar em Portugal: análise dos efeitos da pandemia COVID-19 no desempenho das unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS)
Publication . Pereira, Sérgio Alexandre Farias; Teixeira, Zélia Maria da Silva Serrasqueiro; Nunes, Alexandre Manuel Martins Morais
Em de março de 2020, Portugal, tal como o resto do mundo, teve pela frente o desafio de uma pandemia. Na resposta à pandemia, os cuidados hospitalares estiveram no epicentro. Na maioria dos países e regiões atingidas pelo COVID-19, as unidades hospitalares atingiram a sua capacidade máxima, a qual, associada a uma severa escassez de recursos humanos colocou um desafio sem precedentes à gestão hospitalar. O contexto pandémico teve um forte impacto na produção hospitalar do SNS, registando-se uma redução da atividade hospitalar. Devido ao contexto de elevada complexidade e incerteza decorrente da pandemia por COVID-19, os domínios do acesso, eficiência e qualidade dos cuidados hospitalares estiveram debaixo de foco. O presente estudo teve como objetivo central verificar o efeito da pandemia de COVID19 no desempenho da gestão dos cuidados hospitalares do SNS. E por forma, a aprofundar o conhecimento dos efeitos da pandemia, realizou-se uma análise do seu impacto nos resultados de eficiência técnica, nos diferentes modelos de organização e de gestão das unidades hospitalares, bem como nas estratégias adotadas para fazer face à pandemia. Por último, realizou-se uma análise à influência da qualidade dos cuidados hospitalares e da disponibilidade de recursos nos resultados eficiência. A amostra destes estudo foi composta por 32 unidades hospitalares, das quais 31 EPE (21 Centros Hospitalares e 11 Hospitais singulares) e uma PPP. Metodologicamente, na componente quantitativa do estudo, recorreu-se à técnica Data Envelopment Analisys para apurar os resultados de eficiência técnica, e à correlação de Sperman e à Regressão Linear Múltipla para verificar o efeito da qualidade dos cuidados hospitalares na eficiência. Para verificar efeitos da disponibilidade de recursos nos resultados eficiência utilizou-se a regressão de Tobit. Na componente qualitativa do estudo, recorreu-se a entrevistas semiestruturadas, analisadas com base na análise de conteúdo para avaliar a perceção dos entrevistados, relativamente, a fatores que influenciaram a eficiência, qualidade dos cuidados e quais as estratégias adotadas durante a pandemia. Como principais resultados, verificou-se que: i) no primeiro ano da pandemia, o score de eficiência técnica das unidades hospitalares variou entre 0,475 e 1,205, e no segundo ano a variação foi entre 0,508 e 1,219. Não existindo diferenças significativas na eficiência técnica média entre o período pré-pandémico (0,840) e o período pandémico (0,847); ii) as principais estratégias para manter a produção hospitalar foram a realocação de espaços físicos, o uso da telemedicina, o alargamento de horários e a colaboração com entidades externas, como, entidades privadas e militares para aumentar a capacidade de resposta; iii) os indicadores de qualidade hospitalar interagiram de maneira complexa durante a pandemia, verificou-se uma associação positiva entre cirurgias de fraturas da anca nas 48h e eficiência técnica hospitalar; iv) verificou-se uma relação positiva entre o número de médicos e a eficiência técnica; e v) o modelo organizacional dos Centros Hospitalares teve uma menor heterogeneidade nos scores de eficiência técnica em relação ao modelo hospitalar, e modelo de gestão EPE, durante o período pandémico, a eficiência foi estável. Como principais conclusões foi que se verificou que durante a pandemia, a eficiência técnica das unidades hospitalares não variou, significativamente, em relação ao período pré-pandémico. As principais estratégias para manter a produção hospitalar foram a realocação de espaços físicos, o uso da telemedicina, o alargamento de horários e colaboração com entidades externas. Verificou-se que a qualidade dos cuidados hospitalares teve influência na eficiência, existindo uma associação entre cirurgias de fraturas da anca e eficiência. Em relação aos recursos humanos verificou-se que durante a pandemia, houve um aumento no número de médicos, enfermeiros e camas hospitalares a nível nacional, estes recursos seguiram um padrão de concentração em áreas urbanas. As unidades hospitalares com maior eficiência técnica situaram-se, predominantemente, na zona norte, o que refletiu uma maior resiliência desses hospitais. Verificou-se uma relação positiva entre o número de médicos e a eficiência técnica, sendo que o aumento do número de médicos está associado a um aumento da eficiência das unidades hospitalares. E por último, confirmou que o modelo de organização dos hospitais influenciou o desempenho das unidades hospitalares, durante o período de pandemia. O modelo organizacional dos Centros Hospitalares teve uma menor heterogeneidade nos scores de eficiência técnica em relação ao modelo hospitalar, sugerindo que a estrutura dos centros hospitalares promove mais consistência na eficiência. Em relação ao modelo de gestão EPE conclui-se que durante o período pandémico, a eficiência foi estável, existindo uma ligeira redução das unidades ineficientes.
Sobre a Possibilidade da Resistência à Banalização do Mal
Publication . Mendes, Luís Filipe Fernandes ; Santos, José Manuel Boavida dos
Depois de, no julgamento de Eichmann, em 1961, serem relatadas as histórias de algumas pessoas que resistiram ao Mal no III Reich, Arendt procurou explicar como foi possível que esses indivíduos preservassem a capacidade de distinguir o Bem do Mal sem o apoio da normatividade externa e, apesar das enormes pressões, tenham resistido ao Mal. O nosso propósito é, justamente, investigar a possibilidade da resistência à banalização do Mal, para a qual se requer a capacidade de julgar e uma fonte de motivação independentes da normatividade externa, a partir das propostas de Kant, Arendt e Kierkegaard. Neste trabalho, não seguimos a ordem cronológica. Na primeira parte, abordamos as propostas de Kant e de Arendt. Na segunda parte, abordamos a de Kierkegaard. Procuramos mostrar que as propostas de Kant e Arendt são antagónicas, visto que Kant confia especialmente na capacidade legisladora da razão, enquanto Arendt defende que não precisamos de princípios ou regras para distinguir o Bem do Mal. Por sua vez, Kierkegaard foca-se no problema da motivação, sublinhando que nem todos os indivíduos consideram que a diferença entre Bem e Mal é o mais importante. A proposta de Kierkegaard tem elementos que também encontramos nas de Arendt e de Kant, mas fornece-nos uma alternativa a ambas. A visão-de-vida ética, centrada na ideia de Bem, que se concretiza numa forma de amor (compaixão), assegura a motivação para resistir à banalização do Mal, mas aqueles que vivem segundo visões-de-vida estéticas dão mais importância a outras preocupações. O desespero pode motivar o sujeito a transitar de uma visão-de-vida para outra, mas a transição para a visão-de-vida ética depende sempre de uma decisão, e esta não é um mero resultado de razões ou motivações anteriores, pois só se concretiza no esforço contínuo para conferir à interioridade a forma de compaixão.