Browsing by Author "Ferreira, Carolina Silva"
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- Abordagem laparoscópica versus laparotómica no tratamento cirúrgico do cancro colorretal: A realidade do Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira (CHUCB), num estudo comparativo entre 2016 e 2022Publication . Ferreira, Carolina Silva; Ferreira, Miguel Semião Vaz; Azevedo, Constança Teresa Miranda de; Faria, Luís Filipe Amorim Queiroz deIntrodução: Segundo a Organização Mundial de Saúde, o cancro colorretal é a terceira neoplasia com maior incidência no mundo, sendo responsável por cerca de 10% das mortes de causa oncológica. O desenvolvimento das abordagens laparoscópica e robótica em muito contribuíram para a diminuição da morbilidade associada à cirurgia, tendo-se, por isso, assistido durante as últimas décadas a uma transição para abordagens minimamente invasivas no que diz respeito ao tratamento desta patologia. Objetivo: Avaliar a existência de superioridade de uma das abordagens, laparoscópica ou laparotómica, tendo em consideração as complicações desenvolvidas nos primeiros 30 dias após a intervenção cirúrgica. Adicionalmente, comparar as taxas de incidência e mortalidade destas complicações relatadas noutros países com as do Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira, às relatadas noutros países. Métodos: Estudo observacional e retrospetivo que incluiu pacientes submetidos a cirurgia como tratamento do cancro colorretal, entre janeiro de 2016 e dezembro de 2022 no Centro Hospitalar e Universitário Cova da Beira. Foram excluídos todos os pacientes com idade inferior a 18 anos, que não tenham realizado a cirurgia de forma eletiva ou cuja abordagem cirúrgica não tenha sido laparotómica, laparoscópica ou conversão entre estas duas abordagens. Resultados: De uma amostra inicial de 483 pacientes, foram excluídos 82, obtendo-se uma amostra final de 401 cirurgias realizadas. Destas, 51,9% foram por via laparotómica, 43,6% por abordagem laparoscópica, com uma taxa de conversão de cerca de 8,0%. No que concerne às complicações, a cirurgia laparoscópica convertida está associada a um maior número de complicações na amostra estudada (pvalue=0,003<0,05), nomeadamente com maior risco de infeção (pvalue=0,039<0,05), deiscência da ferida operatória (p-value=0,022<0,05), evisceração (p-value<0,001<0,05), e necessidade de reintervenção (pvalue=0,012<0,05), mas apenas o número de complicações se associa a uma mortalidade aumentada aos 30 dias (p-value<0,001<0,05). Quando comparadas apenas as via laparoscópica e laparotómica, a cirurgia por via aberta está associada a maior taxa de infeção (p-value=0,036<0,05) e deiscência da ferida operatória (pvalue=0,036<0,05), a internamentos mais prolongados (p-value=0,000<0,05) e, no geral, a um maior número de complicações (p-value=0,014<0,05). Em doentes com idades superiores a 75 anos, existe uma maior tendência para a preferência pela abordagem laparotómica (p-value=0,029<0,05), contudo, foi nos pacientes submetidos a cirurgia laparoscópica, que se encontrou uma associação entre idades superiores a 75 anos e internamentos mais longos (p-value=0,002<0,05) e com uma incidência maior de outras complicações (p-value=0,025<0,05), nomeadamente pneumonia e infeção do trato urinário. Nas cirurgias convertidas, idades mais avançadas associaram-se à ocorrência de infeção da ferida operatória (pvalue=0,043<0,05) e a um maior número de complicações desenvolvidas no primeiro mês pós-cirurgia (p-value<0,001<0,05). O sexo do paciente não demonstrou qualquer associação com as várias variáveis quando estudada cada abordagem individualmente (p-value>0,05). Pacientes que realizaram terapia neoadjuvante apresentaram uma média de dias de internamento maior (p-value<0,001<0,05) e mais complicações (pvalue=0,017<0,05) nas abordagens laparoscópicas. Conclusão: A abordagem laparoscópica é uma opção viável e superior em termos de complicações no primeiro mês para o tratamento cirúrgico do cancro colorretal no Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira, e, possivelmente, em todo o país. Relativamente às taxas de incidência das várias complicações da cirurgia colorretal, a mortalidade aos 30 dias e a taxa de conversão entre abordagens, encontram-se próximas do limite inferior dos intervalos de valores registados em estudos internacionais ou mesmo abaixo destes.