Browsing by Author "Figueiredo, Vítor Manuel Pinto de"
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- As cooperativas como alianças estratégicasPublication . Figueiredo, Vítor Manuel Pinto de; Franco, Mário José BaptistaAs cooperativas são consideradas, pela maioria dos autores estudados, como uma forma específica de fazer negócio, que vai muito além de meras razões económicas. Tendo por base um conjunto de princípios cooperativos, universalmente aceites, esta forma de organização afigura-se como promotora da igualdade, do desenvolvimento comunitário e do bem-estar dos seus associados. Porém, é encarada por outros como uma forma ineficaz e ineficiente de empresa, muito devido aos princípios cooperativos a que está sujeita, pelo que defendem a introdução de alterações significativas, tentando transformá-las, menos em associações e mais em empresas, em toda a sua plenitude. Para isso contribuem iniciativas legislativas já implementadas em vários países da Europa, e em Portugal, permitindo uma forma de gestão, mais próxima da realidade empresarial. Todavia, não se pode esquecer que as cooperativas têm na sua génese valores e princípios que não se ficam pela maximização do lucro, mas sim pela “maximização da pessoa”, colocando-a no centro de toda a atividade cooperativa. Face ao exposto, é pertinente perceber o que pretendem os cooperadores e, para isso, investigar quais os fatores que influenciam a sua satisfação torna-se preponderante. Na medida em que, ao estudar-se o que satisfaz os cooperadores, origina a construção de modelos e alterações legislativas, que vão ao encontro das suas reais necessidades e promovam a criação, desenvolvimento e sustentabilidade deste tipo de organizações. Nesta investigação optou-se por uma metodologia mista, com recurso a métodos qualitativos e quantitativos. Em termos qualitativos, recorreu-se ao estudo de caso com a técnica da entrevista, de análise de conteúdo e documentação relevante. Na abordagem quantitativa, a técnica usada foi a do questionário. Em termos específicos, o estudo qualitativo procurou (a) perceber como estão organizadas as cooperativas; (b) como se relacionam com os cooperadores; (c) a sua importância para o desenvolvimento social local e (d) os principais constrangimentos sentidos no desenvolvimento do modelo. O estudo quantitativo, por seu lado, orientou-se pelos seguintes objetivos específicos: a) associar os princípios cooperativos como contributos para o sucesso/insucesso das cooperativas; b) determinar o grau de satisfação dos cooperadores nas suas relações com as cooperativas a que pertencem; c) identificar quais os fatores, processuais e estruturais que afetam a satisfação dos cooperadores; d) relacionar a intenção de permanecer na cooperativa com o grau de satisfação dos cooperadores; (e) identificar outros fatores, nomeadamente os ligados aos resultados obtidos, que podem influenciar a satisfação e a intenção de permanência dos cooperadores. Vários autores integraram nas suas investigações a satisfação como fator de sucesso para as relações entre alianças empresariais. Nesta investigação, o modelo de análise foi construído a partir dos trabalhos de Franco (2011, 2011a), de Mazzarol et al. (2013) e de Hernández-Espallardo et al. (2009), de onde se retiraram os fatores processuais, estruturais e resultados, e se apresentam as relações prováveis com a satisfação dos cooperadores. Relações essas a serem validadas empiricamente. Para isso recorreu-se a uma amostra com 194 cooperadores, pertencentes a 3 cooperativas vitivinícolas da região do Dão: Silgueiros, Mangualde e Penalva do Castelo. O tratamento dos dados foi feito com recursos à análise descritiva, a análises fatoriais exploratórias e confirmatórias, e de regressões. As conclusões deste estudo indicam que os fatores económicos usados para medir a satisfação não se revelaram preditores da mesma. Ao invés, os fatores que mais se relacionam com a satisfação dos membros das cooperativas prendem-se com a compatibilidade entre membros, a seleção de parceiros, os recursos humanos, poder e controlo, bem como de desenvolvimento das próprias organizações, comunidades e cooperadores. Além disso, através de uma análise fatorial exploratória, identificaram-se um conjunto de 8 Motivações Cooperativas consideradas importantes pelos cooperadores: (1) Valorização humana, (2) Sustentabilidade, (3) Reação, (4) Cooperação, (5) Competitividade, (6) Poder e aliança, (7) Gestão e (8) Operação. A investigação revela, também, que a intenção de permanência depende quase em absoluto da satisfação dos membros cooperadores, dai que as políticas a serem implementadas para o setor cooperativo devam ter osindicadores da satisfação em consideração. Se o que parece influenciar o desenvolvimento das cooperativas são fatores de ordem social e humana, implementar políticas que possam estar direcionadas para uma vertente mais económica e empresarial, por si só, pode condicionar a satisfação dentro destas organizações, conduzindo a uma menor intenção de permanência, logo, limitando a sustentabilidade de todo o setor. No que concerne às implicações para a teoria e a prática, esta investigação permitiu aferir e comparar realidades económicas, geográficas e políticas diferentes, possibilitando a recolha de melhores práticas, além de suprir falhas existentes na literatura a nível nacional sobre o estudo da satisfação nas cooperativas. Foi ainda validada uma escala para avaliar a satisfação dos cooperadores. Foram igualmente identificadas 8 motivações cooperativas que podem explicar o sucesso destas organizações. Em termos práticos o estudo possibilitou, ainda, construir uma matriz com os fatores que influenciam a satisfação dos cooperadores. Apontar caminhos e cuidados a ter a quando da definição de políticas para o setor, nomeadamente legislativas e, finalmente, identificar os valores, princípios e pressupostos necessários para alavancar o sucesso destas organizações. Com a realização deste trabalho surgem, igualmente, um leque variado de caminhos de investigação futura, que poderá passar pela plicação do questionário a outros setores, como o farmacêutico ou o da produção de leite e de azeite. Ainda a realização de um estudo longitudinal, para perceber em que medida momentos de retração/expansão da economia provocam alterações nas perceções e na satisfação dos cooperadores. Um outro estudo poderia passar por verificar a pertinência dos princípios cooperativos face à introdução de novas figuras estatutárias, como o membro investidor e o voto plural. Interessante, também, aprofundar o estudo acerca dos fatores identificados na tese como Motivações Cooperativas e o seu contributo para o sucesso destas organizações. As principais limitações sentidas ao longo da investigação relacionaram-se com a obtenção de respostas, o tempo necessário para a recolha da informação. Além disso, a amostra não é representativa, o que impossibilita a generalização dos resultados obtidos a todo o setor cooperativo nacional.