Browsing by Author "Gaspar, Maria Carolina Martins"
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- Formulações de sinvastatina na proliferação e viabilidade de células tumoraisPublication . Gaspar, Maria Carolina Martins; Santos, Adriana Oliveira dosO cancro da próstata manifesta-se a nível global como uma das principais causas de óbito, resultando em milhões de fatalidades anualmente. Apesar da existência de uma ampla gama de tratamentos considerados padrão, estes estão associados a baixas taxas de sucesso e a variados efeitos colaterais debilitantes. desta forma, continua a ser de elevada importância desenvolver abordagens que possam melhorar a eficácia terapêutica e superar as limitações dos tratamentos atuais. A sinvastatina, um fármaco originalmente desenvolvido para reduzir os níveis de colesterol no sangue, tem demonstrado potencial para exercer efeitos além do seu uso tradicional. Vários estudos têm sugerido que a sinvastatina tem propriedades que poderiam ser exploradas no tratamento do cancro. Esses efeitos estão intrinsecamente relacionados com a habilidade da sinvastatina de inibir a via de síntese do colesterol, através da sua notável inibição da enzima hidroximetilglutaril-coenzima A redutase. Além da modulação dos níveis de colesterol, a sinvastatina parece exibir outras propriedades notáveis (efeitos pleiotrópicas) que demonstram potencial a nível anticancerígeno. Por exemplo, a nível da inibição da via sintética que desempenha um papel crucial na proliferação e na sinalização celular de células tumorais e não tumorais. O foco central deste trabalho residiu no desenvolvimento, aprimoramento, e análise da eficácia de micro e nanoemulsões na entrega da sinvastatina, com o intuito de aperfeiçoar a sua eficácia terapêutica. De maneira mais precisa, esta pesquisa aborda o impacto da sinvastatina no crescimento celular das células tumorais da próstata PC-3 e DU145. Para tal, foi realizado um ensaio inicial do impacto da sinvastatina na ausência de transportadores nas duas linhas celulares referenciadas anteriormente. Esse ensaio foi crucial para estabelecer um padrão de comparação com o fármaco quando formulado. Foi realizado posteriormente otimização e desenvolvimento de micro e nanoemulsões. Um screening inicial da concentração de polietilenoglicol 4000 (0,75%, 1% ,2%) e das condições de armazenamento (25 °C e 4 °C) foi realizado de forma a assegurar propriedades como o tamanho hidrodinâmico e homogeneidade (PDI, do inglês polydispersity index) de gotículas de forma desejável. Posteriormente foi feita uma comparação das formulações desenvolvidas, tanto neutras como catiónicas. Os perfis in vitro de libertação do fármaco foram caracterizados com recurso a câmaras de Ussing horizontais, sendo posteriormente avaliados os respetivos perfis cinéticos. Realizou-se um estudo sobre o impacto da adição de a-tocoferol na estabilidade química a uma temperatura de 40 °C durante 15 dias. As quantificações do fármaco nos ensaios de libertação degradação foram realizadas por cromatografia líquida acoplada à deteção UV, tendo ocorrido a sua validação previa. As micro e nanoemulsões com maior potencial para administração intravenosa foram posteriormente testadas nas linhas celulares PC3 e DU145. Tanto as nano como microemulsões neutras com fármaco demonstraram elevada homogeneidade (PDI = 0,1). Nanoemulsões neutras com 5,55% de sinvastina exibiram valores de PDI de 0,134 e 0,050, com tamanhos de gotícula em torno dos 160 nm e 130 nm, antes e após, respetivamente, da refrigeração das mesmas a 4 °C. Já as microemulsões com 8,93% de sinvastatina exibiram um PDI de 0,034, e um tamanho de 31,2 nm. As formulações catiónicas, exibiram tamanhos similares de 29 nm e 27 nm nas microemulsões com 2,9% e 5,95% de fármaco, e 111 nm e 104 nm nas nanoemulsões com 1,85% e 3,7 % de fármaco. O PDI foi de 0,16 e 0,04 em nanoemulsões e 0,07 e 0,06 em microemulsões. Inesperadamente não foi possível realizar a caracterização das maiores concentração de cada formulação de 8,93% em microemulsão e 5,55% de nanoemulsão devido a sua precipitação apos diluição. Durante os ensaios de libertação in vitro, verificou-se uma libertação incompleta, tendo sido obtidas percentagens totais de libertação ao fim de 6 horas de apenas 9,2%, 16%, 9,2% e 11,60% para a nanoemulsão catiónica, microemulsão catiónica, nanoemulsão neutra e microemulsão neutra, respetivamente. Estas baixas taxas de libertação resultaram, em parte, da alta adsorção da sinvastatina por parte da membrana/Câmaras de Ussing. A qual demonstrou taxas muito superiores ao esperado, sendo exibido valores de 37,48%, 76,24%, 46,26% e 45,03% para a nanoemulsão catiónica, microemulsão catiónica, nanoemulsão neutra e microemulsão neutra, respetivamente. Demonstrando que, o fármaco na sua maioria permanece retido ou adsorvido relativamente a pequena percentagem que é libertada. Usando como matéria-prima sinvastatina já adicionada de antioxidante, formulações, com sem adição de DL-a-Tocoferol apresentaram estabilidade química pelo menos durante 15 dias a 40 °C. Foi demonstrada a promoção do efeito inibitório do crescimento celular da sinvastatina com as novas formulações comparativamente ao fármaco livre, o que demonstra a sua eficácia como veículos para administração de fármacos. No entanto, este efeito promissor foi observado exclusivamente na linha PC-3 à concentração de 1-3 µM, alcançando-se valores de viabilidade de 31,7% nas microemulsões e 35,2% nas nanoemulsões, o que não foi observado na linha DU145 mantendo valores de viabilidade >85% nos dois tipos de emulsões. O uso de transportadores permitiu a inibição do crescimento celular com concentrações inferiores de fármaco, tendo sido demonstrando inibições de 30,1 % com as micro e 26,8% com as nanoemulsões a apenas 3 µM. Este nível de inibição só foi observado com o fármaco livre a concentrações de 30 µM. Em conclusão, por meio da administração da sinvastatina utilizando micro e nanoemulsões neutras, foi viabilizada a otimização da dose citotóxica e a obtenção de elevada inibição tumoral quando em comparação à resultante do fármaco livre. Esses resultados destacam o potencial promissor das nano e microemulsões como uma abordagem de entrega terapêutica.