Browsing by Author "Louro, Gwladys Helene"
Now showing 1 - 1 of 1
Results Per Page
Sort Options
- Abordagem da depressão nos Cuidados de Saúde PrimáriosPublication . Louro, Gwladys Helene; Santiago, Luiz Miguel de Mendonça Soares; Simões, José Augusto RodriguesIntrodução: A depressão atinge em Portugal 9% da população em geral. As consequências são graves, prejudicando a funcionalidade familiar, social e ocupacional, piorando o prognóstico da multimorbilidade e aumentando o risco de mortalidade. As queixas de perturbações depressivas são muito frequentes em Medicina Geral e Familiar. Os clínicos de Medicina Geral e Familiar têm um papel importante no diagnóstico e no acompanhamento destes doentes utilizando corretamente todas as suas armas terapêuticas, farmacológicas e não farmacológicas, dentre as quais a empatia. Objetivos: Analisar a empatia sentida na consulta comparando-a entre pacientes com motivo de consulta psicológica versus os restantes e sabendo, nas consultas por motivos psicológicos, se o médico conseguiu responder às expectativas do consulente. Material e métodos: Estudo observacional analítico por entrevista a doentes á saída das consultas de Medicina Geral e Familiar no Centro de Saúde da Covilhã com um questionário permitindo avaliar o motivo de consulta pela Classificação Internacional de Cuidados de Saúde Primários (ICPC2) e a empatia. No caso dos doentes com motivo de consulta no capítulo Psicológico, caracterizaram-se as atitudes médicas na consulta. Foi obtido parecer da Comissão de Ética, respeitada a privacidade dos consulentes, produzido um relatório para os médicos do Centro de Saúde e obtido consentimento informado de todos os questionados. Resultados: A prevalência da depressão na amostra foi de 39,3%. O sexo feminino apresentou maior taxa de depressão com 45,9% contra 24,2% no caso do sexo masculino (p=0,027). Nos doentes com motivo de depressão, o indicador global de empatia está significativamente mais baixo (p<0,001) com uma média de 5,0 em relação aos doentes que não apresentam depressão em que a média é de 6,1 (p<0,001). Em 4 das 5 questões da Jefferson Scale of Patient Perceptions of Physicians Empathy, a média de respostas quando o motivo de consulta é depressão está mais baixo significativamente. A afirmação “Pergunta acerca do que está a acontecer na minha vida diária.”, obteve uma média na depressão de 3,7 vs 5,1 (p=0,002). A pergunta “O meu médico parece preocupado comigo e com a minha família”, a média na depressão foi de 4,5 vs 6,0 (p<0,001). A pergunta “Compreende as minhas emoções, sentimentos e preocupações”, a média na depressão foi de 5,2vs6,2 (p=0,005). Na pergunta “É um médico que me compreende”, a média na depressão foi de 5,8vs6,5 (p= 0,013). Discussão e Conclusão: O nosso estudo mostrou que a prevalência de depressão, como motivo de consulta, é muito elevada no Centro de Saúde da Covilhã, especialmente no sexo feminino. Concluímos que a empatia sentida pelo consulente cujo motivo da consulta foi depressão está significativamente mais baixa comparando com doentes que foram a consulta por outros motivos. Estes dados são alarmantes dado que o envolvimento empático nos cuidados ao doente permite fazer diagnósticos mais assertivos, aumenta o grau de satisfação, aumenta as adesão e manutenção em tratamento da pessoa com doença, diminui as queixas de má-prática e dá ao doente estratégias de coping mais efetivas para enfrentar o stress e a doença. O tratamento, na maioria, passou por farmacoterapia isolada, o que não será a prática mais correta dado que existem outras terapias complementares não farmacológicas que mostraram serem eficazes. Em relação às expectativas dos doentes, muitas vezes não foram alcançadas. Este estudo constitui um incentivo para investigações futuras, na medida em que se considera importante alertar os profissionais de saúde para esta temática.