Browsing by Author "Meigos, Filimone Manuel"
Now showing 1 - 1 of 1
Results Per Page
Sort Options
- Dinâmicas das Artes Plásticas em MoçambiquePublication . Meigos, Filimone Manuel; Venâncio, José Carlos GasparA tese inscreve-se na área da Sociologia. De forma transdisciplinar (Sociologia geral, da arte, dos processos identitários, política, económica),o trabalhoincide sobre a relação entre a produção artística (artes plásticas) local e a sua imbricação com o global através de actores transnacionais. Partindo dos pressupostosda pós-colonialidade e subalternidade adiantados por Said (1979), Appiah (1997), Appadurai (1988), Bhabha (1998,2001), Spivak (2010) e outros, a tese visa dar conta da estruturação, produção, disseminação e legitimação das artes plásticas em Moçambique, captando as suas nuances e marcas estruturantes em duas épocas distintas: 1975-1986 e 1987-2016. A escolha destes períodos deve-se ao facto de os dois corresponderem a momentos paradigmáticos distintos da história política, económica e cultural de Moçambique. De 1975 a 1986, é o chamado período do samorismo, assim definido pelo sociólogo moçambicano Carlos Serra, que sublinhaque usa o termo utopia no sentido sugerido por Mannheim, isto é, um conjunto de ideias e de práticas tendentes a modificar uma determinada ordem social. Portanto, utopia como crença e como praxis que estruturam o quotidiano. É nesse sentido que me aproprio do mesmo termo neste trabalho, utopia como possibilidade de mudança do statu quo a partir da agência/agency dos actores sociais.O segundo período,de 1987 a 2016,posterior ao falecimento de Samora Machel, em 1986, é caracterizado pelo facto de Moçambique ter aderido aos programas de reestruturação económica com o beneplácito das instituições de Bretton Woods, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BM), um reajustamento económico a que o filósofo moçambicano Severino Ngoenha chama de dolarcracia. Fazemos um mapeamento das relações que se estabelecem entre os actores individuais (produtores) e colectivos (Estados, governos, sociedade civil, instituições de diplomacia cultural, e outros), dando conta da sua relação sistemicamente imbricada. Traçamos também as tendências iconográficas apresentadas nas duas épocas em apreço. O retrato do quotidiano, a corporeidade, a zoomorfização e a efabulação são os recursos plásticos utilizados pelos artistas cujas obras fazem parte do nosso corpus em análise. Concluímos que as duas épocas são diametralmente opostas, sendo a primeira marcadamente ideologizada e de cariz colectivista e a segunda particularmente monetarizada e de cariz individualista de tipo neo-liberal. Estamos, portanto, perante duas épocas que se contrapõem: uma utópica e outra distópica. Numa, imperava a utopia como crença em mudanças sociais. Noutra, subsiste um cepticismo face aos acontecimentoseconómicos, políticos, sócio-culturais, o que se traduz numa distopia. Nas duas épocas, os artistas plásticos participam de forma particular, retratando-as através dos diferentes suportes técnicos.