Browsing by Author "Morais, Andreia Catarina Machado"
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- Expectativas e grau de satisfação da puérpera com o recurso à analgesia epidural durante o trabalho de partoPublication . Morais, Andreia Catarina Machado; León, Maged ZarifIntrodução: Durante o período gestacional, a grávida constrói expectativas em relação ao parto que, dependendo da forma como é percecionado, influenciam o seu grau de satisfação face a essa mesma experiência. A dor associada ao trabalho de parto e o nível de eficácia da analgesia administrada são fatores de grande impacto psicológico, podendo ser relembrados pelas puérperas de forma precisa, decorrido algum tempo após o parto. A epidural, como técnica analgésica de eleição para controlo da dor no trabalho de parto, bloqueia a condução nervosa sensitiva sem afectar fibras nervosas motoras, provocando alívio da dor distalmente às primeiras vértebras lombares e permitindo que a parturiente participe ativamente no nascimento do filho. Objetivos: O presente estudo teve como principal objetivo avaliar as expectativas e o grau de satisfação das puérperas que recorreram à analgesia epidural para alívio da dor no trabalho de parto. Secundariamente, pretende-se que este estudo seja o ponto de partida para uma melhoria de cuidados ao nível da saúde materna, desde a gravidez ao puerpério. Métodos: A amostra do estudo é constituída por 75 utentes do Departamento de Saúde da Mulher e da Criança, do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, do Centro Hospitalar Cova da Beira, E.P.E., no período compreendido entre janeiro de 2015 e fevereiro de 2016. O facto da puérpera ter sido submetida a analgesia epidural durante o trabalho de parto, no período supracitado, constituiu o único critério de inclusão no estudo. Definiu-se que partos decorridos por cesariana seriam excluídos. Aplicou-se um inquérito pós-parto de 40 questões (Anexo 1), presencialmente ou via telefónica, para avaliar o grau de satisfação da puérpera face à analgesia epidural e a comparação da experiência realmente vivida com as expectativas que haviam sido geradas durante o período gestacional. Resultados: A maioria das puérperas tem idades compreendidas entre os 29 e os 39 anos, é de nacionalidade portuguesa, encontra-se empregada, casada, em regime de união de facto ou a coabitar com o companheiro, possui habilitações literárias superiores à escolaridade mínima obrigatória (> 12 anos), teve um tempo de gestação compreendido entre as 37 e 42 semanas, é primigesta e primípara. A decisão sobre recorrer à analgesia epidural foi, para a maioria das puérperas do estudo, tomada no decorrer do trabalho de parto, tendo sido, também para a maioria, uma decisão própria e justificada pela vontade de diminuir a dor. É de salientar que, no que diz respeito à influência exercida por terceiros, a opinião médica prevaleceu e foi a que teve mais peso na decisão. O tipo de parto foi, na maioria dos casos, eutócico, seguido de uma minoria de partos distócicos. Em relação às condições físicas do serviço onde decorreu o parto, à qualidade dos cuidados prestados pelos profissionais de saúde e ao tempo que demorou todo o processo, a avaliação da experiência foi de encontro ou superou as expectativas, na generalidade dos casos, traduzindo-se em sentimentos satisfatórios face aos mesmos parâmetros. Analisando o grau de satisfação face à epidural propriamente dita, constatou-se que mais de metade ficou “muito satisfeita” com o alívio da dor que a analgesia proporcionou e cerca de um quarto ficou “satisfeita”. No que diz respeito às decisões futuras, conclui-se que a maioria das puérperas deseja ter outro filho, pondera optar pelo mesmo tipo de analgesia num próximo parto, admite que terá o próximo filho na maternidade do mesmo hospital e aconselha a epidural a outras grávidas ou parturientes. Feita uma análise comparativa entre as expectativas pré-parto e o grau de satisfação da puérpera, percebeu-se que quanto mais positiva foi a perceção da experiência em relação ao esperado, maior o sentimento de eficácia e de satisfação consigo própria. Conclusão: Serviu o presente estudo para comprovar a eficácia da epidural como analgesia para o trabalho de parto, tendo-se obtido percentagens bastante significativas de puérperas que se mostraram “satisfeitas” ou “muito satisfeitas” com o recurso a esta técnica analgésica para alívio das dores intra-parto. Estes resultados vêm demonstrar o impacto positivo que a analgesia pode ter na perceção da experiência, no envolvimento ativo da parturiente em todo o processo e na tomada de decisões, e ainda na disponibilidade física e mental para acolher o filho no momento do nascimento e nos cuidados que lhe prestará após o parto. De facto, quase a totalidade da amostra, e apesar das dificuldades e da dor sentida durante o trabalho de parto, se mostrou satisfeita com a forma como decorreu todo o processo e preparada para enfrentar um próximo parto, sob as mesmas condições.