Browsing by Author "Pinto, Sofia Feliciano"
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- A preparação dos estudantes de Medicina para lidar com a incerteza na prática clínicaPublication . Pinto, Sofia Feliciano; Ramos, Ludovina Maria de Almeida; Sá, Juliana Marília Pereira deIntrodução A incerteza é um aspeto intrínseco e inevitável da prática clínica que influencia os pensamentos, emoções e ações dos médicos. Lidar com este aspeto da prática clínica tem se tornado cada vez mais desafiador tendo em conta a evolução dos cuidados de saúde. Considerando os potenciais efeitos causados pela baixa tolerância à incerteza, é importante cultivar o seu aumento. No entanto, a incerteza raramente é abordada nos currículos médicos. Uma ferramenta importante para avaliar a tolerância à incerteza é a escala Tolerance of Ambiguity in Medical Students and Doctors Scale, que foi desenvolvida para avaliar a tolerância à ambiguidade em estudantes de medicina e médicos recém-formados, e foi a escolhida neste trabalho para atingir os principais objetivos. A escala foi traduzida para português e validada para avaliar a preparação para lidar com a incerteza nos estudantes de Medicina do 2º e 5º ano da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior, com objetivo final de identificar possíveis áreas de melhoria do currículo médico atual. Métodos A versão portuguesa da escala foi obtida através das seguintes etapas: tradução da escala original, comparação e síntese das versões traduzidas, retrotradução, comparação das retrotraduções, pré-teste, análise do pré-teste e obtenção da versão final da escala. A aplicação da escala foi feita em formato digital aos estudantes de medicina do 2º e 5º anos da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior seguida da análise estatística dos dados obtidos. A análise estatística incluiu uma análise fatorial exploratória e testes para avaliação da fiabilidade interna da escala. Para além disso as pontuações obtidas pelos estudantes foram classificadas em alta, mediana, ou baixa tolerância à incerteza, foram realizadas estatísticas descritivas para as mesmas pontuações e testes-t independentes para explorar a possível influência de características dos estudantes na pontuação obtida na escala. Resultados e discussão A análise fatorial exploratória e os coeficientes alfa de Cronbach e ômega de McDonald revelaram um modelo com 3 fatores e demonstraram a validade e fiabilidade da escala traduzida. Foi encontrada uma relação significativa entre frequentar o ensino superior pela primeira vez e a pontuação obtida na escala. Apesar de não se ter identificado uma diferença significativa entre as pontuações dos estudantes do 2º e 5º anos de medicina, os estudantes numa fase mais avançada do percurso curricular, apresentaram, em média, pontuações superiores, podendo sugerir que a tolerância à incerteza é um traço mutável, modificável com a experiência. Verificou-se que os estudantes em análise têm uma tolerância à incerteza superior à encontrada noutros trabalhos, possivelmente em correlação com o currículo médico com maior componente prático desta faculdade. Conclusão Em termos gerais, os resultados sugerem que, no que diz respeito à incerteza na prática clínica, a amostra em estudo revelou ter em média uma tolerância à incerteza superior à das amostras analisadas noutros países. Ainda assim, poderão ser considerados ajustes no currículo médico desta faculdade, contribuindo para uma melhor preparação dos estudantes de medicina para lidar com a incerteza na prática clínica futura Os resultados indicaram, ainda, que a escala traduzida possui boas propriedades psicométricas, sendo considerada válida e fiável. Não obstante ser necessário dar sequência ao estudo exploratório agora realizado, o presente instrumento revela potencial e poderá ser utilizado em investigações futuras, permitindo uma investigação mais aprofundada do tema, assim como auxiliar no desenvolvimento e melhoria do currículo médico em Portugal.
