Browsing by Author "Rocha, Ana Lúcia de Jesus"
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- O paradigma biopolítico da modernidadePublication . Rocha, Ana Lúcia de JesusO conceito de biopolítica designa o método que preside, desde o século XVIII, as técnicas de governo dos vivos. Tais técnicas põem em jogo uma lógica de desenvolvimento da vida, aplicando-se a indivíduos e populações de modo a coordenar e a controlar as suas forças. Isto significa que a biopolítica mobiliza a política, a economia, a moral, a ciência e o direito, a fim de estruturar, ordenar e gerir indivíduos e populações. Em 1974, Michel Foucault apresenta pela primeira vez o conceito de biopolítica: trata-se de um desdobramento da disciplina, quando o poder passa a investir menos no indivíduo do que na população. Assim, na segunda metade do século XVIII, o poder teria ultrapassado os limites do corpo individual para intervir numa série de processos reguladores da vida como um todo: a natalidade, a mortalidade, a saúde, a longevidade. Diferenciando-se das individualizantes estratégias disciplinares, as novas práticas biopolíticas passam a dirigir-se ao homem como um corpo-espécie. Trata-se, portanto, de uma estatização do biológico que se concretiza no século XIX. Giorgio Agamben e Roberto Esposito, apesar de serem discípulos de Foucault no que à biopolítica diz respeito, não temem em adulterar o conceito inicial de biopolítica proposto pelo seu precursor. Agamben entende que o significado biopolítico do estado de excepção em que hoje vivemos é o seu poder para suspender os direitos do cidadão. Já Esposito, ensina-nos que só na dimensão do corpo é que a vida se presta a ser conservada pela imunização política, interligando assim a biopolítica com a imunização. É nesta interligação entre os vários autores que emana a questão de fundo desta dissertação, a saber: totalitarismo ou biopolítica? Após a Segunda Guerra Mundial vivemos apenas num mundo biopolítico ou permanece ainda a herança totalitária?