Browsing by Author "Santos, Mariana Rita Mesquita Silva Estrela"
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- Comunicação de “más notícias” em contexto clínico pelo olhar dos estudantes de medicina da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira InteriorPublication . Santos, Mariana Rita Mesquita Silva Estrela; Vitória, Paulo dos Santos Duarte; Sousa, Miguel Castelo Branco Craveiro de; Nunes, Célia Maria PintoINTRODUÇÃO: A comunicação de “más notícias” em contexto clínico é uma tarefa extremamente difícil e complexa, a qual está presente no dia-a-dia do médico e é transversal a todas as especialidades. Ainda não é claro que modelos curriculares e metodologias de ensino e aprendizagem serão os melhores para a formação em comunicação de “más notícias”, sendo importante o feedback estudantil, o qual permitirá obter informações valiosas acerca da eficácia das condições pedagógicas atuais e assim desenvolver iniciativas para melhorar a qualidade do ensino. O principal objetivo do estudo passa por rever a autoavaliação que os alunos da FCS-UBI fazem da sua formação em comunicação de “más notícias” em contexto clínico e perceber o impacto de diferentes métodos pedagógicos na aprendizagem de conhecimentos e de competências relacionadas com dar “más notícias” em contexto clínico, assim como na confiança dos alunos relativamente a estes conhecimentos e competências. MATERIAIS E MÉTODOS: É um estudo observacional transversal e com uma parte longitudinal prospetivo, com 2 coortes (aula expositiva e vídeo-aula). Durante o mês de Janeiro de 2018 os alunos do 4º e 5º ano da FCS-UBI participaram numa aula que teve por base o protocolo SPIKES e foram convidados a responder a dois questionários eletrónicos, um antes (Q1) e outro após a aula (Q2). Para efetuar o tratamento estatístico dos dados recorreu-se ao programa SPSS®, versão 23 para Windows®. RESULTADOS: Responderam a Q1 268 alunos, perfazendo uma taxa de resposta de 82,7%, dos quais 197 (73,5%) eram do sexo feminino e 71 (26,5%) do sexo masculino. A idade média foi de 23,12±2,594 anos. Assistiram à aula e responderam a Q1 e a Q2 240 alunos, perfazendo uma taxa de resposta de 74,1%, dos quais 176 (73,3%) eram do sexo feminino e 64 (26,7%) do sexo masculino. A média de idades foi de 23,06±2,608 anos. No que toca à formação dos alunos, mais de metade já tiveram alguma formação em comunicação de “más notícias” em contexto clínico, mas apenas de um ponto de vista teórico e ainda 34% afirmam que o tema não terá sido abordado. A autoavaliação que os alunos fazem dos seus conhecimentos, competências e confiança é baixo (valor médio inferior a 4). Apenas uma minoria, 3,4%, refere conhecer o protocolo SPIKES. Cerca de metade dos alunos ainda não presenciou aquilo que se considera uma “má notícia”, facto que pode ajudar a explicar a razão de a maioria dos alunos não se sentir preparado para comunicar “más notícias”. Posto isto a maioria dos alunos avalia o ensino destes conhecimentos e competências por parte da FCS-UBI como sendo insuficiente e atribui uma grande importância em abordar e preparar esta área na formação pré-graduada em medicina. Os alunos ficaram globalmente satisfeitos com a aula sobre “más notícias”, sendo de notar uma satisfação superior no modelo expositivo-ativo com tutor presencial, e aconselhá-lo-iam a futuros anos. A autoavaliação de conhecimentos, competências e confiança que os alunos haviam feito em Q1 (situada na parte negativa da escala) subiu significativamente em Q2, situando-se agora na parte positiva da escala, sendo estas diferenças estatisticamente significativas. Não se verificou uma relação estatisticamente significativa entre a autoavaliação de conhecimentos, competências e confiança e o tipo de modelo de aula assistido. Saliente-se que, em Q1, tendencialmente o sexo masculino sente-se mais confiante do que o sexo feminino para comunicar uma “má notícia”, facto que já não se verifica em Q2. CONCLUSÃO: Ao longo deste trabalho foram identificadas, na opinião dos alunos, várias falhas na forma como a FCS-UBI tem abordado este tema, nomeadamente, os escassos momentos formativos e a abordagem meramente teórica e desprovida de alguns conteúdos como o protocolo SPIKES. Cerca de metade dos alunos já teriam presenciado a comunicação de uma “má notícia” não estando, contudo, confiantes para o executar se fosse necessário. A nível dos métodos de ensino testados, os alunos demonstraram uma alta satisfação global pela participação nestas aulas, demonstrando agrado e considerando importante a inclusão de uma aula sobre comunicação de “más notícias” no seu currículo. Importante frisar a subida muito significativa nos conhecimentos, competências e confiança autoavaliadas pelos alunos, após a aula. Em jeito de conclusão, é essencial fazer alterações no currículo de pré-graduação em medicina de forma a incluir um programa de formação em comunicação de “más notícias” sólido e estruturado, que envolva os vários anos de formação e que tenha uma abordagem teórica e prática, satisfazendo as necessidades dos alunos e a eficácia da aprendizagem.
