Browsing by Author "Santos, Raquel Neves"
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- O flagelo de Aliarcobacter butzleri: avaliação do seu papel na motilidade e virulênciaPublication . Santos, Raquel Neves; Ferreira, Susana Margarida Paraíso; Oleastro, Mónica Alexandra de SousaAliarcobacter butzleri é uma espécie de bactérias de Gram-negativo, pertencente ao género Aliarcobacter e à família Arcobacteraceae. Este microrganismo está distribuído em diversos ambientes e hospedeiros sendo descrito como um agente enteropatogénico devido à sua associação com doença diarreica. A patogenicidade de A. butzleri tem sido destacada pela sua capacidade de aderir, invadir e até sobreviver intracelularmente em linhas celulares epiteliais do intestino, para além de produzir toxinas e induzir a secreção de citocinas pró-inflamatórias. O flagelo bacteriano é um conhecido fator de virulência, com um papel importante em diversos agentes enteropatogénicos. A espécie de A. butzleri possui um único flagelo polar, cujo filamento possui a proteína flagelina A, que representa a principal unidade do filamento flagelar e que confere motilidade à bactéria. Embora tenham sido feitos alguns estudos para elucidar a potencial patogenicidade de A. butzleri, existe ainda a necessidade de compreender melhor o mecanismo que desencadeia a infeção por esta bactéria. Assim, este trabalho teve como objetivo avaliar o papel do flagelo na virulência de A. butzleri. Para tal, começou por se analisar o perfil de motilidade de diversos isolados de A. butzleri, os quais apresentaram elevada variabilidade. De seguida, de forma a perceber o comportamento de A. butzleri na presença de um conjunto de fatores ambientais e outros associados à passagem da bactéria através do trato gastrointestinal, foi avaliada a motilidade bacteriana de duas estirpes selecionadas. Assim, a motilidade apresentou-se diminuída em condições de aerobiose, em concentrações menores de nutrientes e à medida que a temperatura diminuía, apresentando menor valor de motilidade a 15 ºC. Também, na presença de mucinas e concentrações mais altas de ácidos gordos de cadeia curta, (90 e 130 mM) associadas ao intestino grosso, a motilidade diminuiu. Posteriormente, foi avaliada a expressão do gene flaA, que codifica para a flagelina de A. butzleri, na presença de compostos associados ao intestino, não sendo no geral observadas diferenças significativas na expressão do gene nas condições testadas em relação ao controlo. No entanto, na presença de 30 e 90 mM de ácidos gordos de cadeia curta em relação aos controlos de NaCl, verificou-se um aumento significativo da expressão de flaA em ambos os casos. De seguida, avaliou-se o papel funcional do flagelo na virulência de A. butzleri, através da construção de um mutante por mutagénese insercional no gene flaA e através de transformação natural. Para tal, foi avaliado o efeito desta mutação na motilidade, na formação de biofilmes, na velocidade bacteriana, na capacidade de aderir e invadir células Caco-2 e na capacidade de adesão a mucinas. A estirpe mutante de A. butzleri DQ40A1?flaA exibiu uma diminuição da motilidade, velocidade média, capacidade de formar biofilmes, de aderir a mucinas e de invadir a linha celular Caco-2, não reduzindo a sua capacidade de adesão celular, quando comparada com a estirpe nativa. Em suma, tendo em conta os resultados obtidos podemos afirmar que a influência das condições ambientais e do hospedeiro podem afetar o perfil de motilidade bacteriana e o flagelo apresenta um papel importante na mediação da patogenicidade de A. butzleri.
