Browsing by Author "Trigo, Filipa Sofia Ribeiro"
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- Qual a associação entre o tratamento de longa duração da insónia com benzodiazepinas e a doença de Alzheimer?: Uma revisão sistemáticaPublication . Trigo, Filipa Sofia Ribeiro; Patto, Maria da Assunção Morais e Cunha Vaz; Pinto, Nuno Filipe CardosoIntrodução: A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência. A insónia é a perturbação do sono mais frequente e as benzodiazepinas constituem a classe farmacológica mais utilizada no tratamento das perturbações do sono. Atualmente, verifica-se um aumento significativo do uso de benzodiazepinas como hipnóticos paralelamente à tendência crescente da prevalência de insónia. Alguma literatura científica sugere que a utilização crónica de benzodiazepinas se associa ao desenvolvimento de declínio cognitivo. Objetivos: Avaliar o recurso a benzodiazepinas aquando da presença de insónia, bem como o tempo de duração do tratamento, e a sua associação ao desenvolvimento de demência, especificamente doença de Alzheimer. Metodologia: Realizou-se uma revisão sistemática da literatura até agosto de 2021 através de pesquisa nas bases de dados MEDLINE e Embase usando uma combinação dos termos “benzodiazepine*”; “sedative-hypnotic*”; “sedative*”; “sleep medication*”; “insomnia treatment”; “clonazepam”; “flurazepam”; “temazepam”; “lorazepam”; “alprazolam”; “triazolam”; “zaleplon”; “zolpidem”; “eszopiclone”; “diazepam”; “flunitrazepam”; “lormetazepam”; “nitrazepam”; “oxazepam”; “alzheimer’s disease”; “alzheimer's dementia”; “alzheimer”; “alzheimer disease”; “alzheimer dementia”; “insomnia”; “sleep disorders”; “Disorders of Initiating and Maintaining Sleep”; “Early Awakening”. A revisão foi elaborada de acordo com a metodologia PRISMA-P 2020. Todos os títulos e resumos elegíveis foram avaliados de forma sistemática e independente por dois revisores com recurso a um formulário de extração de dados. Os artigos incluídos na revisão cumprem todos os critérios de inclusão e exclusão delineados no início da mesma. A qualidade foi avaliada através da “JBI Critical Appraisal Checklist for cohort studies”. O risco de viés foi avaliado através da “Cochrane collaboration’s tool for assessing risk of bias”: “Risk Of Bias In Non-Randomized Studies - of Interventions (ROBINS-I)”. A doença de Alzheimer foi o principal outcome avaliado. Após a análise dos estudos e a avaliação do outcome considerado procedeu-se à síntese narrativa dos resultados encontrados. Resultados: Identificaram-se dois estudos coorte, um retrospetivo e um prospetivo, que enquadravam o objetivo da revisão, bem como os critérios de inclusão e exclusão definidos. Foi realizado tratamento com benzodiazepinas a 68 participantes no estudo prospetivo e 4 439 pessoas-ano no estudo retrospetivo. Os participantes tinham idade igual ou superior a 50 anos e o uso de benzodiazepinas foi superior a um mês. A amostra que realizou tratamento com benzodiazepinas incluía um maior número de pessoas do sexo feminino, apresentava um maior número de comorbilidades, bem como um menor nível socioeconómico e menor nível de escolaridade. No estudo retrospetivo verificou-se um risco significativo de desenvolvimento de doença de Alzheimer, após tratamento com benzodiazepinas, independentemente da semivida. No estudo prospetivo a prevalência de doença de Alzheimer não se associou ao tratamento com benzodiazepinas. Conclusão: O estudo de maior dimensão evidencia um risco significativo de desenvolvimento de doença de Alzheimer, no entanto, não se verificou uniformidade de resultados entre os dois estudos. Face ao número reduzido de estudos realizados neste contexto e atendendo à relevância desta temática, conclui-se que é necessária investigação futura de forma a compreender a relação estudada, através da realização de estudos com uma amostra mais abrangente e com um tempo de follow-up mais alargado, atendendo à necessidade de uniformização dos critérios de diagnóstico e à possibilidade de causalidade reversa.