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  • Intervenção educativa em farmacêuticos para melhorar o consumo de antibióticos: ensaio controlado aleatório por clusters
    Publication . Roque, Maria de Fátima dos Santos Marques; Herdeiro, Maria Teresa Ferreira; Granadeiro, Luiza Augusta Tereza Gil Breitenfeld
    O desenvolvimento de resistências bacterianas tornou-se um importante problema de saúde pública, contribuindo para uma maior morbilidade e mortalidade dos doentes e, também, com forte impacto nos custos associados aos cuidados de saúde. O consumo excessivo e inadequado de antibióticos é uma das principais causas responsáveis pela propagação de bactérias resistentes como evidenciado por vários estudos ecológicos em que a prevalência de resistências é maior em regiões com grande consumo de antibióticos. O surgimento de infeções graves, por bactérias multirresistentes para as quais os antibióticos disponíveis deixaram de ser eficazes, representa uma importante ameaça a nível mundial, a qual é agravada pela falta de investimento em novos fármacos antibacterianos, demonstrando a necessidade de promover o uso racional de antibióticos. Os farmacêuticos comunitários são importantes intervenientes na decisão do consumo de medicamentos pelos doentes, pelo que intervenções para promover o uso adequado de antibióticos na comunidade devem incluir estes profissionais de saúde. Tendo em conta estes factos, com este trabalho pretendeu-se realizar uma intervenção educativa em farmacêuticos comunitários com o objetivo de diminuir o consumo de antibióticos na população. Inicialmente realizou-se uma revisão sistemática da literatura sobre intervenções educativas dirigidas a médicos e/ou farmacêuticos para melhorar a prescrição e dispensa de antibióticos. Verificou-se que as intervenções educativas multifacetadas, desenhadas tendo em conta as atitudes e conhecimentos dos profissionais de saúde e focando as habilidades de comunicação com os doentes, são muito eficazes. Para explorar as atitudes e conhecimentos dos farmacêuticos em relação às resistências bacterianas e ao consumo de antibióticos realizou-se um estudo qualitativo na forma de grupos focais. Com base nos dados obtidos no estudo qualitativo foi construído um questionário para determinar as atitudes e conhecimentos dos farmacêuticos em relação às resistências bacterianas e ao consumo de antibióticos e avaliar a sua influência na propensão para dispensar antibióticos sem receita médica. Através de um estudo piloto, provou-se a fiabilidade e reprodutibilidade do questionário. Realizou-se um estudo transversal, que consistiu na aplicação do questionário aos farmacêuticos comunitários da região centro de Portugal. Os resultados mostraram que a complacência com o doente, a atribuição da responsabilidade a causas externas e a precaução/medo são atitudes que influenciam a propensão para dispensar antibióticos sem receita médica. Com base nas atitudes identificadas, desenhou-se uma intervenção educativa ativa dirigida aos farmacêuticos comunitários, que inicialmente incidiu na gravidade do problema das resistências bacterianas e do consumo inadequado de antibióticos, na análise das atitudes identificadas e por último na definição de estratégias de comunicação com o doente. De seguida, realizou-se um ensaio controlado aleatório por clusters em que 4 clusters pertenciam ao grupo controlo e outros 4 ao grupo intervenção. Cerca de 55% (n=173) dos farmacêuticos pertencentes ao grupo intervenção assistiram à intervenção educativa. A intervenção teve um impacto positivo na redução do consumo total de antibióticos nos 12 meses após a intervenção.