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Abstract(s)
A reflexão presente nesta dissertação de mestrado, diz respeito a uma
temática que nos tem acompanhado ao longo dos últimos anos - o lugar
da arquitectura na cidade - surgindo pautadamente, quer a nível
académico e profissional, quer na experiência quotidiana, esse ponto de
exposição particular, onde a arquitectura se nos mostra de forma clara,
numa medida difícil de alcançar por outras expressões artísticas.
Desde o ingresso no percurso académico, que nos questioná-nos sobre
as capacidades e os limites da intervenção arquitectónica ao nível de um
contexto urbano, bem como as intenções projectuais que devem estar
presentes para que se possa alcançar propósitos, que vão muito além, da
mera função e objectivo singular, mas, que encontra um reflexo não-linear
ao nível de um ambiente natural (edificado) que nos sugere Gilles
Deleuze1, e que contém e expõe grande parte da população mundial: A
CIDADE.
Para uma compreensão do contexto urbano contemporâneo, anuncia-se
necessário um estudo, apoiado em dois aspectos fundamentais: o
processo histórico e cultural de formação da cidade, um dado que deve
ser tido em conta aquando de qualquer estudo urbano, representado este
numa dimensão física ou teórica; o desenho urbano, em si próprio, isto é
na criação de uma morfologia urbana, mas também ao nível da
percepção, e apreensão por parte dos seus maiores visados - os cidadãos
- que representam por um lado o “conteúdo” da cidade, e que por outro
têm sobre uma perspectiva social, a capacidade, umas vezes inocente
outras especulativa, de modelar o “contentor” metafísico em que se
inserem - a Cidade.
É com base numa primeira dimensão, sobretudo analítica que se procura
uma (re)interpretação das formas urbanas, das metamorfoses constantes
ao longo das últimas décadas que a cidade tem vindo a ser palco, de uma
multiplicidade de alternativas de organização do espaço urbano, da razão
do fracasso da maior parte delas, e das repercussões dessas estratégias
de urbanismo ao nível da cidade, que nos seus limites a tecnologia diluiu,cada vez mais assumindo-se com uma dimensão de território.2 A
arquitectura cada vez mais se assume como parte integrante de um todo -
o urbanismo - que à semelhança da parte, procura um objectivo que é a
criação de um ambiente propício à vida e conforto humanos, porém com
uma ênfase mais acentuada sob o ponto de vista político, social e
económico dado o carácter genérico e plural que lhe está cada vez mais
associado. Sobre esta matéria das dimensões espaciais da morfologia
urbana, e as diversas escalas em que se inserem, existem vários estudos
de grande préstimo, sobretudo quando às questões se tornam de menor
abrangência.
É sobretudo nas questões mais amplas, ao nível global e territorial, que
pensamos residir um maior défice de teorização e análise crítica, como tal,
é neste sentido, que é direccionada grande parcela do presente escrito. A
presença de disciplinas tão distintas como a política, a economia, a
filosofia e a estética mostram-se aos nossos olhos como factores
integrantes de um esquema urbano para a contemporaneidade e futuro,
contendo em si algumas das respostas para a criação de um urbanismo
de ruptura, que se assuma como resultado de uma época, mas que
compreenda as qualidades da relação espaço-tempo actual, as suas
origens e o seu percurso, para que possa especular o mais correctamente
possível sobre a direcção para onde se dirige, anunciando assim um
urbanismo de consciência e dinamismo. Esta é uma tarefa à escala global,
têm sido vários os alertas lançados por pensadores como Rem Koolhaas
ou Daniel Libeskind, e ampla tem sido a sua colaboração para um
regresso a uma forma consciente e desassombrada de interpretar a
realidade, mantendo uma autonomia criativa, mas assumindo uma posição teórico-crítica comum no que respeita à necessidade urgente de requalificação da modernidade.
Segundo nós, é a vertente intelectual comum de construção de um corpo teórico, que é necessária na contemporaneidade - e que existia à poucas décadas atrás, quando havia movimentos artísticos; nessa época pensava-se em comum, havia espaço para a criação dentro de um modelo genérico, assim, se estabeleceram grandes evoluções nos
diversos campos artísticos e pensamentos pertinentes e elucidados nos campos teóricos que se encontravam na sua base -actualmente, a arquitectura não representa comunidade, como então; hoje representa a individualidade, o génio e o seu método de “caixa preta”3, a ambição
sustentada pela economia e apoiada pelo arquitecto. “O sistema é final. A
economia de mercado. Nós trabalhamos numa era pós-ideológica e por falta de
apoio abandonamos a cidade e quaisquer outras questões gerais.” A frase do
arquitecto holandês Rem Koolhaas mostra-nos a sua consciência para as
questões de políticas de organização territorial, que devem ser parte do
equipamento do arquitecto e urbanista contemporâneo. É preciso que a
arquitectura seja reconhecida na sua totalidade, como uma maneira de
pensar sobre as questões actuais, da mais filosófica à mais prática, é
preciso que as questões sociais, como a pobreza e a ecologia se
sobreponham às vontades individuais num campo que felizmente tem
uma importante palavra a dizer no que concerne às decisões das nossas
condições de vida futuras.
O propósito deste trabalho é, além de uma investigação reflexiva pessoal,
uma tentativa de reacção, um “projectar contra” (no campo teórico) de que Giulio Carlo Argan fala, uma alternativa ao “urbanismo estático” que impera na contemporaneidade.
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Keywords
Espaço urbano Cidade contemporânea Planeamento urbano Urbanismo sustentável
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Publisher
Universidade da Beira Interior