Browsing by Author "Almeida, Daniela Cristina Gomes Moreira de"
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- Análise de preditores de diálise e mortalidade em doentes com Lesão Renal AgudaPublication . Almeida, Daniela Cristina Gomes Moreira de; Filipe, Rui Miguel AlvesIntrodução: A lesão renal aguda é uma complicação comum e crescente dos doentes hospitalizados, estando associada a uma elevada taxa de mortalidade. No entanto, pouca atenção é dada à lesão renal aguda associada à comunidade, ao acompanhamento dos doentes após a alta hospitalar ou à necessidade de diálise e à mortalidade a longo prazo. O objetivo principal deste trabalho foi identificar os preditores independentes de diálise e de mortalidade, assim como compreender o impacto, a longo prazo, da lesão renal aguda. Material e Métodos: Estudo de coorte retrospetivo dos 92 doentes internados no Serviço de Nefrologia do Hospital Amato Lusitano, entre dezembro de 2009 e abril de 2013, com diagnóstico de lesão renal aguda. Foram incluídos todos os doentes adultos, consecutivos, com um internamento hospitalar superior a 24 horas. A lesão renal aguda foi definida como aumento da creatinina sérica acima de 2,0 mg/dL ou aumento superior ou igual a 1,5 vezes do valor de creatinina basal. Foram registadas variáveis clínicas e demográficas: idade, género, duração de internamento, causas da lesão renal aguda, comorbilidades (doença hepática crónica, doença coronária, hipertensão arterial, acidente vascular cerebral e diabetes), medicação habitual (anti-inflamatórios não esteroides, antagonistas dos recetores da angiotensina, inibidores da enzima de conversão da angiotensina e outros nefrotóxicos), peso corporal, balanço hídrico, débito urinário em internamento, diagnóstico concomitante de sépsis, medicação e procedimentos realizados durante o internamento (ventilação, uso de aminas, uso de furosemida superior a 60mg por dia, recurso a diálise e duração de diálise), bem como parâmetros laboratoriais (creatinina sérica basal, máxima e à data de alta; valores séricos máximos de potássio e fósforo, e mínimos de sódio, hemoglobina, bicarbonato e albumina). Foram também recolhidos os valores da creatinina sérica aos 6 e 12 meses após a alta hospitalar, assim como o estado clínico aquando a última observação médica. A recuperação da função renal foi definida como o restabelecimento de pelo menos 90% da TFG basal aos 12 meses. Para a análise estatística dos dados recolhidos foi utilizado o IBM SPPS Statistics 21. Resultados: Dos 92 doentes incluídos no estudo, 53% eram do sexo masculino e a mediana de idade foi de 81 anos, com um intervalo interqualil de 13 anos. A lesão renal aguda foi pré-renal em 37%, renal em 57,6% e pós-renal em 5,4 % dos casos. Cinquenta e quatro porcento dos doentes necessitaram de diálise durante o internamento. Foram preditores independentes para a necessidade de diálise: oligúria (RC 4.501, IC 95% 1.189 a 17.031, p= 0.027), uso de furosemida endovenosa superior a 60mg por dia (RC 6.745; IC 95% 1.825 a 24.932; p = 0,004) e potássio sérico máximo (RC 2.875; IC 95% 1.628 a 5.080 , p<0,001). No período total do estudo, a mortalidade foi de 44,6%. A recuperação da função renal aos 12 meses ocorreu em 44,2% dos sobreviventes, contudo, 28,3% dos doentes não apresentaram dados disponíveis para esta avaliação. Foram preditores independentes de mortalidade a idade aquando o episódio de lesão renal aguda (RC 1,070, IC 95% 1,012 a 1,131, p=0,018), o maior valor de creatinina sérica durante o internamento (RC 0,518; IC 95% 0,364 a 0,736; p ? 0,001), o valor da creatinina sérica à data de alta (RC 1,561, IC 95% 1,117 a 2,182, p = 0,009) e a realização de diálise durante o internamento (RC 14,486; IC 95% 3,341 a 62,813; p ?0,001). Conclusão: Na nossa amostra, o estado de oligúria, o uso de elevadas doses de furosemida e o valor máximo de potássio sérico, mensurado ao longo do internamento, foram preditores independentes para necessidade de diálise em pacientes com lesão renal aguda. A idade, a creatinina sérica basal, o valor máximo de creatinina sérica e a necessidade de diálise durante o internamento foram preditores independentes de mortalidade. Estas observações sugerem que o risco de diálise e o de mortalidade pode ser estimado relativamente cedo no curso desta síndrome. Estudos devem continuar a ser feitos com o objetivo de definir modelos preditores destes desfechos desfavoráveis. Melhorar a sensibilidade do diagnóstico da lesão renal aguda, assim como oferecer um prognóstico preciso e estratificar com maior acurácia e precocidade aqueles que beneficiariam de intervenções terapêuticas, deverão ser o enfoque dos novos estudos.