Browsing by Author "Almeida, Vasco Paisana Pires"
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- O papel da estimulação magnética transcraniana repetitiva no tratamento do tremor mistoPublication . Almeida, Vasco Paisana Pires; Patto, Maria da Assunção Morais e Cunha Vaz; Pinto, NunoIntrodução: Doente do sexo masculino, 69 anos, com o diagnóstico de síndrome parkinsónica com tremor misto (tremor de repouso e tremor cerebelar) mais acentuado do lado esquerdo, rigidez e bradicinesia ligeiras, de evolução gradual desde há 30 anos. É seguido na consulta de neurologia da Unidade Local de Saúde da Guarda (ULSG), com uma história de insucessos terapêuticos farmacológicos sucessivos pois, apesar de ter realizado a terapêutica otimizada com a associação carbidopa + levodopa, para além da restante medicação, tem vindo a sofrer um agravamento dos seus tremores, tendo sido proposto para estimulação magnética transcraniana repetitiva (EMTr). Trata-se de uma técnica não invasiva de estimulação craniana que tem ganho popularidade devido ao seu potencial terapêutico nos sintomas motores de doentes parkinsónicos. Metodologia: Relativamente à componente teórica do trabalho, a revisão bibliográfica foi realizada baseada em livros atualizados e em bases de dados biomédicas reconhecidas, como Pubmed e Medscape. Quanto à componente prática, foi efetuada a recolha da história clínica completa bem como o exame físico, no dia 27 de fevereiro de 2015, na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior (FCS-UBI). De 12 a 16 de março de 2015, o doente foi sujeito a 5 sessões diárias de estimulação em que se aplicaram sequencialmente 1200 pulsos de EMTr inibitória a 0.9 Hz sobre o córtex motor primário em ambos os hemisférios e efetuou-se a medição da pontuação UPDRS em dois momentos: antes do procedimento, pré-EMTr, a 27 de fevereiro de 2015; e pós-EMTr, a 06 de junho de 2015. Resultados: Os resultados revelaram um aumento da pontuação da escala UPDRS após a aplicação da EMTr, ou seja, um agravamento da sua sintomatologia motora, à custa do agravamento da escrita, do vestir, do discurso e do tremor de repouso. O único parâmetro que experimentou uma melhoria após o procedimento foi a estabilidade postural. O tremor cerebelar permaneceu inalterado. A pontuação pré-EMTr total foi de 28 pontos, enquanto que a pontuação pós-EMTr foi de 32 pontos. Conclusão: No caso do tremor de repouso, estudos efetuados em doentes parkinsónicos demonstram resultados discordantes, havendo muitos que relatam efeitos potencialmente benéficos do procedimento e muitos que relatam o mesmo como sendo ineficaz. Contudo, os mesmos apontam para um possível efeito terapêutico da EMTr inibitória sobre M1, o que não se verificou neste doente. Relativamente ao tremor cerebelar, não existem estudos acerca desta técnica como possível ferramenta terapêutica. Este caso clínico alerta para a necessidade de futuros ensaios clínicos randomizados controlados de larga escala com follow-up apropriado que possam ajudar os investigadores a definir o papel da EMTr no tratamento do tremor misto assim como estudos futuros para definir os parâmetros ótimos de estimulação.