Browsing by Author "Amorim, Duarte Ferreira"
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- Morte Súbita no atleta - Prática desportiva com cardiodesfibrilhador implantável: precauções, recomendações e desafios para o futuroPublication . Amorim, Duarte Ferreira; Barata, José Luís Ribeiro Themudo; Dores, Hélder Alexandre Correia; Ferreira, Igor Manuel LaranjeiraIntrodução: Embora raros, os casos de paragem cardiorrespiratória (PCR) durante a prática desportiva geram uma grande preocupação e alarme público. Estes eventos levantam questões sobre a saúde dos atletas, os riscos e benefícios do exercício físico em geral, a eficácia da avaliação pré-competitiva e a segurança da prática desportiva. Efetivamente, em contextos específicos, o exercício intenso pode apresentar-se como trigger de eventos cardiovasculares graves, como PCR e morte súbita. De facto, a principal causa de morte não traumática em atletas são as doenças cardiovasculares, sendo maioritariamente causada por arritmias malignas. Como tal, o cardiodesfibrilhador implantável (CDI) é nos casos de elevado risco uma opção para a prevenção, primária e secundária, de morte súbita. Contudo, a prática desportiva de atletas com CDI é um tema ainda controverso, devido às implicações clínicas e éticas. Esta dissertação visa contextualizar a evolução da evidência científica relativamente a este tema, para além de constituir uma revisão narrativa das implicações da prática desportiva em atletas com CDI. Objetivo: A presente dissertação tem como objetivo principal rever as implicações da prática desportiva em atletas com CDI, discutindo, de forma adicional, conceitos base da área da cardiologia desportiva, nomeadamente a epidemiologia da morte súbita em atletas. Para além disso, aborda a incidência deste evento em diferentes populações, com foco particular em atletas, e analisa possíveis etiologias e fatores de risco. Finalmente, pretende-se, também, motivar a comunidade científica para solidificar a evidência nesta área e a aumentar a literacia sobre a mesma de todos os interessados. Metodologia: Foi realizada uma pesquisa bibliográfica e analisados os artigos indexados na base de dados PubMed e Google Scholar até ao ano de 2024, utilizando-se como palavras-chave “athletes”, “ICD”, “Sudden Cardiac Death” e “shared decision”. Conclusão: A morte súbita em atletas é um evento raro. O CDI é uma opção profilática deste evento nos atletas com risco elevado pela capacidade de monitorização contínua do ritmo cardíaco e aplicação de terapêuticas, nomeadamente choques, com o intuito de restaurar um ritmo normal em caso de arritmias potencialmente fatais. As indicações de implantação do dispositivo são transversais às da população geral e o desejo do atleta em manter a prática desportiva não constitui um argumento para a sua implantação. A implantação do dispositivo pode restringir só por si a prática de exercício competitivo em contextos específicos, contudo as eventuais restrições são específicas de cada desporto, da condição clínica e das regulamentações dos vários países e federações desportivas. Nos casos em que a manutenção da prática desportiva competitiva é considerada, esta deve ter por base uma decisão partilhada: uma abordagem multidisciplinar envolvendo atletas, famílias, médicos, profissionais do exercício e outros, numa avaliação abrangente dos riscos, medos e vontades, considerando os desejos e ambições dos atletas, sem colocar em causa a sua própria segurança ou de terceiros. Contudo, é fundamental destacar que a evolução do pensamento crítico médico, a abordagem psicossocial e a atualização das recomendações internacionais, permitiram evitar restrições desnecessárias e manter a prática desportiva em segurança em muitos casos.
