Browsing by Author "Barreto, Ana Raquel Covas"
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- Vacinação contra Papiloma Vírus Humano em adolescentes do sexo masculinoPublication . Barreto, Ana Raquel Covas; Ferreira, Ana Sofia Rodrigues; Carvalho, Cristiana; Patrício, Pedro Mendes Ferrão SimõesINTRODUÇÃO: A infeção pelo Papiloma Vírus Humano (HPV) é a infeção sexualmente transmissível mais frequente na atualidade. O HPV é responsável por lesões benignas e lesões malignas, destacando-se o carcinoma do colo do útero, cancro anal, vaginal, do pénis, vulvar e da orofaringe. Na Europa Ocidental, a carga de doença por HPV em homens é comparável à carga nas mulheres. A maior proteção contra o HPV é adquirida com a vacinação, em conjunto com o uso correto do preservativo. Atualmente estão aprovadas pela European Medicines Agency (EMA) 3 vacinas: uma bivalente, uma tetravalente e uma nonavalente. A Comissão de Vacinas da Sociedade de Infecciologia Pediátrica e da Sociedade Portuguesa de Pediatria recomenda a vacinação, a título individual, de rapazes a partir dos 9 anos de idade, desde 2015, e a partir de 2018 com a vacina nonavalente. O presente estudo tem como principal objetivo avaliar o conhecimento e a aceitação da vacina contra o HPV por parte dos pais de rapazes adolescentes que sejam utentes do Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira (CHUCB) e dos seus profissionais de saúde que contactam com crianças e adolescentes. MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo transversal, com recurso a questionários, realizado durante os meses de julho a outubro do ano de 2018, no CHUCB. Foram elaborados 2 questionários diferentes, um dirigido a pais/encarregados de educação de adolescentes do sexo masculino, e outro dirigido a profissionais de saúde que contactam com estes adolescentes. RESULTADOS: Foram recolhidos no total 135 questionários, correspondendo a 107 pais/encarregados de educação e 28 profissionais de saúde. Relativamente aos questionários dirigidos aos pais, 70,1% afirmou já ter ouvido falar do HPV. A doença mais frequentemente associada à infeção por HPV foi o Cancro do Colo do Útero (CCU) Considerando o conhecimento em relação à vacina contra HPV, 85% dos pais afirmou já ter ouvido falar dela. Os indivíduos com formação superior têm maior conhecimento do HPV e da respetiva vacina. Apenas 48,4% referiu ter tido conhecimento da vacina em contexto de consulta médica, mas 92,5% dos participantes revelou intenção de vacinar os seus filhos. Relativamente aos profissionais de saúde, apenas 71,4% conhecem todas as implicações do vírus e somente 67,9% afirmou estar a par das atuais recomendações de vacinação contra HPV em rapazes. A abordagem do tema é baixa, sendo que 57,1% afirmou só abordar o tema quando questionada pelos pais ou adolescentes. DISCUSSÃO: O conhecimento dos pais relativamente à forma de transmissão do vírus, à sua prevalência em Portugal e às suas consequências para a saúde, particularmente no sexo masculino, são inferiores a 60%, o que revela, no geral, pouco conhecimento acerca do vírus. Isto é concordante com dados de outros países, que indicam um conhecimento sub ótimo por parte dos pais. Verificou-se também que 92,5% dos pais manifestaram intenção de vacinar os seus filhos, percentagem superior à encontrada em estudos semelhantes, que apontam apenas para cerca de 65%. A percentagem de pais que tiveram acesso à informação através dos profissionais de saúde foi inferior a 50%. Considera-se que os profissionais de saúde apresentam um nível de conhecimento sub ótimo, revelando menor conhecimento da patologia associada ao HPV no género masculino e das recomendações para rapazes. Nenhum dos profissionais de saúde abrangidos pelo presente estudo concorda que a vacina seja paga. Mesmo estando a par das recomendações da SPP, a maioria dos profissionais só aborda esta questão quando questionados pelos pais ou nunca a aborda, revelando sérias disparidades entre o conhecimento que possuem e aquele que transmitem. A aceitação da vacina é um aspeto fulcral para a implementação bem sucedida de um programa de vacinação contra HPV, e, para que tal aconteça, é necessário que os pais, como responsáveis dos adolescentes, vejam a vacinação de modo positivo. Revela-se uma maior necessidade de educação da população relativamente aos potenciais efeitos do HPV no sexo masculino. Deve haver por parte dos profissionais de saúde a responsabilidade de fornecer aos pais e aos adolescentes as informações relativas aos riscos para a saúde da infeção e aos benefícios da vacinação. Para que seja possível fornecer as informações corretas aos pais é necessária uma maior formação dos profissionais de saúde que contactam com crianças e adolescentes.