Browsing by Author "Costa, Rita Claro da Fonseca e"
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- Abuso sexual infantil e as suas repercussões na vida adultaPublication . Costa, Rita Claro da Fonseca e; Carvalho, Paula Susana Loureiro Saraiva deIntrodução: O abuso sexual infantil trata-se de um grave problema de saúde pública. Segundo o DSM-5, o abuso sexual infantil inclui qualquer ato envolvendo uma criança cuja intenção é a obtenção de satisfação sexual por parte dos pais, cuidador, ou outro indivíduo responsável pela criança. Apresenta consequências a curto e longo prazo, podendo ter um impacto duradouro na vida da vítima. Segundo um relatório da OMS, uma em cada oito crianças já sofreu de abuso ou exploração sexual. Na Europa, de acordo com o Conselho Europeu, uma em cada cinco crianças é vítima de violência sexual. Materiais e métodos: A pesquisa bibliográfica foi baseada nas bases de dados Pubmed, Science Direct, Cochrane Library, Scopus, Psychiatry Online e Access Medicine. Os artigos selecionados são maioritariamente de revisão, estudos observacionais, relatórios e guidelines, em inglês, português e espanhol. Foram consultados dois livros e websites. A pesquisa foi restringida aos últimos 5 anos, incluindo outros artigos menos recentes sempre que o conteúdo fosse considerado relevante para a compreensão do tema. Resultados: O abuso sexual ocorrido durante a infância está associado a um aumento de comorbilidades na idade adulta. Por um lado, relaciona-se com maior prevalência de patologia orgânica, tornando o indivíduo mais suscetível a infeções recorrentes e, consequentemente, a desenvolver condições inflamatórias crónicas. A obesidade é mais prevalente, existe um incremento do risco cardiovascular e a saúde oral pode ser comprometida. Por outro lado, as consequências psicológicas são vastas e com grande potencial de afetar a funcionalidade do indivíduo, ao aumentar a probabilidade de desenvolver uma perturbação psiquiátrica, como a depressão, perturbações de ansiedade e de stress pós traumático, e aquando da adoção de comportamentos de coping desadaptativos, nomeadamente os comportamentos auto lesivos, abuso de álcool e substâncias. Verificase, ainda, uma maior prevalência de pensamentos suicidas e tentativas de suicídio. A sexualidade pode ser afetada, resultando em disfunção sexual, compulsividade sexual e comportamentos sexuais de risco. Por fim, o impacto socioeconómico não deve ser negligenciado, devendo ser reconhecido. A literatura descreve o declínio da performance académica de sobreviventes, dificuldade na continuação dos estudos após a conclusão do secundário, decréscimo na remuneração e aumento das despesas associadas ao tratamento das comorbilidades. Conclusão: O abuso sexual na infância acarreta consequências duradouras, podendo surgir ou apresentar maior impacto na vida adulta. Os profissionais de saúde têm um papel fundamental na prevenção e identificação dos casos de abuso sexual infantil, possuindo a responsabilidade ética e legal de os reportar. Quanto a intervenções terapêuticas, a terapia cognitivo comportamental demonstra-se a mais eficaz, podendo recorrer-se a outras opções como terapias baseadas em mindfulness, escrita expressiva e terapia em grupo. Investigações futuras acerca deste tema devem ter amostras representativas da população do género masculino e da comunidade LGBTQIA+ que se encontram sub representadas na literatura. Apela-se, também, aos investigadores portugueses para enriquecerem a literatura científica com dados referentes à população portuguesa, dado a escassez do contributo nacional para a área.