Browsing by Author "Dias, Sara Manuel Pinho"
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- A saúde de homens gays e bissexuais mais velhos: perceção de indicadores, experiências e acesso aos cuidados de saúdePublication . Dias, Sara Manuel Pinho; Pereira, Henrique MarquesIntrodução: O número limitado de profissionais de saúde culturalmente competentes e treinados nas necessidades específicas da população lésbica, gay, bissexual, transgénero e outros (LGBT+) constitui uma barreira à prestação de cuidados adequados. Existem disparidades em saúde nesta população, estando estas presentes também em idades mais avançadas. Comparativamente aos homens heterossexuais, os homens gays e bissexuais (GB) mais velhos apresentam níveis mais elevados de depressão, incapacidade física e uma saúde geral mais pobre, procuram menos cuidados médicos e estão mais vulneráveis a isolamento social. Objetivos: Descrever a saúde física e mental percecionada de uma amostra de homens gays e bissexuais (GB) mais velhos, avaliar as suas condições de saúde e descrever as suas experiências e acesso aos cuidados de saúde. Comparar diferenças nos resultados em função da: orientação sexual, situação relacional, estatuto socioeconómico, nível de escolaridade e infeção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH). Materiais e métodos: Estudo quantitativo e transversal. Aplicou-se um questionário online, construído com base em escalas pré-existentes que foram sujeitas a um processo de tradução e adaptação, e que esteve disponível para preenchimento voluntário entre os meses de outubro e dezembro de 2019. Os critérios de inclusão dos participantes foram: autoidentificarem-se como homens gays e bissexuais, terem 50 ou mais anos, saberem ler português e terem acesso à internet. A análise estatística dos dados foi realizada com recurso ao software Statistical Package for the Social Sciences® (SPSS), tendo-se procedido a uma análise descritiva e inferencial dos resultados, com recurso aos testes de Mann-Whitney, Kruskal-Wallis e qui-quadrado. Resultados: 85.1% dos participantes autoidentificou-se como gay e 14.9% como bissexual, sendo a média de idades de 58.8. O estatuto socioeconómico mais baixo relacionou-se com uma perceção mais negativa da saúde física e mental. Os participantes que se autoidentificaram como gays e os que não tinham parceiro/a avaliaram a sua saúde mental de forma menos positiva. Mais de metade dos participantes disse já ter contraído alguma infeção sexualmente transmissível (IST) e maior percentagem de participantes com estatuto socioeconómico baixo reportou diagnóstico de doença mental. 26.4% dos participantes não comunica abertamente a sua orientação sexual aos profissionais de saúde, com os participantes bissexuais em desvantagem. Os participantes VIH (Vírus da Imunodeficiência Humana) positivos avaliaram as suas experiências com os serviços e profissionais de saúde de forma significativamente mais positiva. As experiências de discriminação explícita foram pouco frequentes. 25.7% dos participantes sentiu que os profissionais não responderam às suas necessidades específicas e um maior nível de educação relacionou-se com uma maior procura de serviços direcionados para a população LGBT+ (lésbica, gay, bissexual, transgénero e outros). Conclusões: Vários determinantes de saúde, além da orientação sexual, interagem entre si em múltiplos níveis na obtenção de resultados em saúde e nas experiências percecionadas. Estratégias a serem implementadas com o objetivo de melhorar a saúde e o acesso aos cuidados desta população passam pela educação e formação contínua dos profissionais.