Browsing by Author "Gama, Susana Martins"
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- Expressão de GDNF em células estriatais: efeito de fatores solúveis libertados por células do mesencéfalo ventral após lesão dopaminérgicaPublication . Gama, Susana Martins; Fonseca, Carla Sofia Pais; Baltazar, Graça Maria FernandesA doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa caracterizada pela degeneração progressiva dos neurónios dopaminérgicos (DA) que projetam da substantia nigra (SN) pars compacta para o estriado, o que leva à redução dos níveis de dopamina nesta região encefálica. A principal abordagem terapêutica no tratamento da DP é a reposição da dopamina na forma do seu precursor L-3,4-dihidroxifenilalanina (L-DOPA). Embora esta terapia controle os sintomas nos estágios iniciais da doença, não é curativa e pode originar efeitos secundários. O uso de fatores neurotróficos pode ser uma estratégia terapêutica devido à sua capacidade de promoverem a sobrevivência, diferenciação, manutenção e proteção dos neurónios contra lesões. O fator neurotrófico derivado de uma linha de células da glia (GDNF) é um potente fator neurotrófico dos neurónios DA da via nigroestriatal. Os aumentos na expressão de GDNF em células de estriado protegem os neurónios DA contra a lesão da via nigroestriatal induzida por toxinas e promovem a recuperação de neurónios lesados, sugerindo que o GDNF endógeno pode ser neuroprotetor. Assim, a estimulação farmacológica da síntese de GDNF endógeno no estriado poderá vir a ser uma potencial escolha no tratamento da DP. O principal objetivo deste trabalho foi avaliar se a libertação de moléculas solúveis em consequência da lesão dopaminérgica é capaz de induzir alterações na expressão de GDNF em células de estriado. Utilizaram-se culturas do mesencéfalo ventral obtidas a partir de ratos recém-nascidos ou embriões expostas a H2O2 ou L-DOPA para recolher os meios condicionados, que posteriormente foram aplicados em culturas de estriado. Avaliou-se a expressão de GDNF ao nível da proteína e do mRNA nas células estriatais por Western blot e PCR em tempo real, respetivamente. A lesão dopaminérgica foi avaliada através da expressão de tirosina hidroxilase (TH), por Western blot, e da contagem do número de células que expressam TH, por microscopia de fluorescência. Verificou-se que os fatores solúveis libertados por culturas mistas do mesencéfalo ventral expostas a 50M de H2O2 ou 200M de L-DOPA induziram um aumento nos níveis de mRNA do GDNF nas células do estriado. Este aumento é desencadeado por mediadores solúveis libertados apenas na presença de neurónios DA, pois não observámos aumentos de GDNF nas células estriatias após exposição aos fatores solúveis libertados apenas por astrócitos do mesencéfalo ventral, previamente incubados com os mesmos agentes oxidantes. Foram testadas concentrações superiores de H2O2 e L-DOPA em culturas embrionárias mistas do mesencéfalo ventral. Foi observada uma diminuição no número de células TH+ nestas culturas quando expostas a 600M de L-DOPA ou 400M de H2O2. Verificámos também que os fatores solúveis libertados após lesão dopaminérgica induziram aumentos de GDNF nas células estriatais. Os resultados obtidos neste trabalho indicam que após lesão dos neurónios DA, as células do mesencéfalo ventral libertam mediadores solúveis que atuam ao nível das células estriatais, induzindo um aumento na expressão de GDNF nessas células, provavelmente como uma estratégia neuroprotetora. Assim, estes resultados poderão contribuir para uma melhor compreensão do papel do GDNF estriatal no contexto da lesão dopaminérgica. A manipulação dos níveis endógenos deste fator neurotrófico poderá, no futuro, constituir uma alternativa no tratamento de doenças neurodegenerativas, como a DP.