Browsing by Author "Korobka, Olga"
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- Perfil dos Doentes com Hipertensão Arterial no Serviço de UrgênciaPublication . Korobka, Olga; Sousa, Miguel Castelo Branco Craveiro deIntrodução: A hipertensão arterial não controlada é um dos principais fatores de risco, para o acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca e renal - responsáveis por um terço de todas as mortes e elevado número de incapacidades. Apesar de uma evolução substancial no conhecimento sobre a hipertensão arterial, a recorrência ao serviço de urgência devido a esta é relativamente frequente. Objetivos: Este estudo pretende caraterizar os utentes com a pressão arterial elevada no Serviço de Urgência, analisar a atuação médica (medicação prescrita e encaminhamento) e comparar com as Guidelines definidas. Mostrar o papel dos cuidados de saúde primários – quanto à prevenção das doenças com fatores de risco modificáveis. Demonstrar a importância da educação dos doentes sobre as suas patologias – para reconhecimento de sintomas de forma mais rápida, prevenção das mesmas e a relevância do controlo da adesão terapêutica dos doentes hipertensos. Materiais e Métodos: Consiste num estudo retrospetivo com análise estatística anónima da base de dados dos utentes que recorreram ao Serviço de Urgência, no Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira, durante o ano de 2017, e apresentavam valores da pressão arterial superiores a 140/90 mmHg, medida no Serviço de Urgência. Foram analisadas as variáveis demográficas (sexo e idade), a classificação do Sistema de Triagem de Manchester (fluxograma e discriminador), o destino de alta, o antecedente pessoal de hipertensão arterial e a medicação anti-hipertensora feita no Serviço de Urgência e em ambulatório. Os dados recolhidos foram analisados com ajuda do software SPSS. Resultados: Foi obtida uma amostra de 3885 utentes - 7,8% dos utentes atendidos no Serviço de Urgência em 2017 no CHUCB. Destes, a maioria tinha mais de 60 anos e 55,8% eram do sexo feminino. Segundo o sistema de triagem, 74,1% foram classificados com a cor “Amarelo” e a “Dor” foi o motivo principal dos episódios de urgência, correspondendo a aproximadamente 33%. Averiguou-se que apenas a pressão arterial diastólica é influenciada pela dor, não tendo esta nenhum efeito na pressão arterial sistólica. Quanto ao destino pós-alta, 39,6% foram para o exterior não referenciado, 38,3% foram encaminhados para um acompanhamento por um especialista hospitalar ou de Cuidados de Saúde Primários. A pressão arterial sistólica média da população em estudo era de 160 mmHg, e o valor máximo registado foi de 284 mmHg. Quanto à pressão arterial diastólica, a média era de 88 mmHg, com um valor máximo de 155 mmHg. Verificou-se que a maioria da amostra 54,2% tinha hipertensão sistólica isolada. Apenas 29% de utentes receberam pelo menos um fármaco anti-hipertensor. Sendo que, aos 3,6% de utentes com pressão arterial sistólica =180 mmHg e aos 1,8% com pressão arterial diastólica =110 mmHg, não foi dada qualquer medicação anti-hipertensora. Houve 8,1% de utentes que recorreram ao Serviço de Urgência Geral devido à pressão arterial elevada no domicílio. Destes, 6,2% tinham antecedente pessoal de hipertensão arterial e 5% tomavam pelo menos um fármaco anti-hipertensor. Analisando cada grupo farmacológico tomado em ambulatório, conclui-se que 30,6% tomam diuréticos, e 29% tomam antagonistas do recetor de angiotensina II. Verificou-se que a pressão arterial sistólica aumenta com a idade, e os indivíduos do grupo etário dos 20 aos 29 anos, apresentam a média de pressão arterial sistólica mais baixa. Utentes com idade compreendida entre os 40 e 49 anos, têm a média de pressão arterial diastólica mais alta. Averiguou-se uma diferença significativa nos valores médios de pressão arterial sistólica e de diastólica segundo o sexo, porém não têm uma correlação. Conclusão: Este trabalho realça a importância da população procurar tratamento para a hipertensão arterial e também os próprios médicos, especialmente os de Medicina Geral e Familiar, incentivarem os utentes a ter maior controlo da pressão arterial, ter um seguimento regular (semestral), melhorar a adesão à terapêutica informando o doente dos riscos da hipertensão arterial e dos benefícios de um tratamento eficaz. No futuro, é importante realizar estudos semelhantes noutros hospitais, para ter uma visão mais abrangente e completa do problema. A execução de um estudo longitudinal, envolvendo os utentes deste estudo, com análise do percurso clínico após os episódios de urgência, seria interessante para acentuar a importância do controlo dos fatores de risco modificáveis.