Browsing by Author "Leite, Sofia Lopes"
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- Correlação Genótipo-Fenótipo na Hiperplasia Adrenal Congénita - Aspetos Clínicos, Hormonais e MetabólicosPublication . Leite, Sofia Lopes; D’Almeida, Duarte Luís Pignatelli Dias; Jorge, Arminda Maria MiguelResumo: A hiperplasia adrenal congénita (HAC) é uma patologia originada pela deficiência na 21 hidroxilase. Esta é uma doença autossómica recessiva que se deve a mutações do gene CYP21A2. A 21-hidroxilase é a enzima fulcral na catalisação de duas importantes reações presentes na via da esteroidogénese: a conversão de 17-hidroxiprogesterona (17-OHP) para 11-deoxicortisol sendo este o precursor do cortisol e a conversão de progesterona para deoxicorticosterona sendo esta a precursora da aldosterona. Quando existe um défice da 21-hidroxilase, como no caso de um doente com HAC, há a acumulação dos precursores hormonais: 17-OHP e progesterona. O défice de cortisol adrenal leva ao aumento de hormona adrenocorticotrópica (ACTH) produzida pela hipófise levando à hiperplasia da glândula suprarrenal e um aumento na acumulação destes substratos. Uma vez acumulados a 17-OHP e a progesterona serão desviadas para a via dos androgénios adrenais levando a um aumento da secreção de DHEA (dehidroepiandrosterona) e androstenediona. Consoante o grau de funcionalidade da enzima 21-hidroxilase temos três fenótipos atualmente considerados contíguos: um défice clássico associado a dois fenótipos distintos - a forma perdedora de sal e forma de virilização simples - e um défice mais ligeiro, chamado não clássico. Cada um dos 3 fenótipos tem uma dada clínica e exames laboratoriais em que o grau de gravidade variará consoante biodisponibilidade da 21 hidroxilase. Métodos: Este estudo foi dividido em estudo A e estudo B. O estudo B recolheu 40 doentes para HAC e o estudo A recolheu 31 doentes com hiperplasia adrenal congénita não clássica (HAC-NC) e 50 indivíduos voluntários não doentes para essa patologia no Hospital São João, de nacionalidade portuguesa. Para o estudo B foram incluídos apenas doentes com o diagnóstico genético de HAC. Para o estudo A foram incluídas mulheres em idade fértil sem HAC, hirsutismo, irregularidades menstruais ou ovários poliquísticos e mulheres em idade fértil com HAC-NC com diagnóstico genético estabelecido. No estudo B para cada doente foram recolhidos dados genéticos, sociodemográficos, clínicos, laboratoriais, tratamentos em curso ou prescritos no passado, assim como possíveis complicações cardiometabólicas. No estudo A foram recolhidos dados genéticos, sociodemográficos e laboratoriais. No estudo B procedeu-se à comparação de genótipo – fenótipo das características mencionadas anteriormente e a uma comparação das diferentes formas de gravidade antes e depois do tratamento. O estudo A baseou-se na comparação do perfil metabólico entre mulheres saudáveis e mulheres diagnosticadas com HAC-NC. Resultados: No estudo B temos uma amostra de 28 indivíduos todos eles com HAC-NC. 12 indivíduos foram excluídos porque 7 deles apresentavam grupos demasiado pequenos para aplicação de métodos estatísticos e 5 eram heterozigóticos. O grupo do genótipo com maior gravidade é constituído por 14 indivíduos (2 do sexo masculino, 12 do sexo feminino) com uma média de idades de diagnóstico de 14,5 anos de idade e o grupo com genótipo de gravidade ligeira é composto por 14 doentes do sexo feminino com uma média de idades de diagnóstico de 23,2 anos de idade. Relativamente ao genótipo foram objetivadas as percentagens de homozigotia e heterozigotia, assim como, as variáveis genéticas mais frequentes em cada fenótipo. Em relação ao perfil clínico conclui-se que o hirsutismo era a manifestação mais comum da HAC-NC. No que diz respeito ao perfil metabólico, cardiovascular e hormonal encontrou-se significância estatística para as variáveis hormona estimulante da tiroide (TSH) (X2 = 4,4054; P = 0,036) e prolactina (X2 = 6,2512; P = 0,012), colesterol total (X2 = 9,723; P = 0,021), lipoproteína de alta densidade (HDL) (X2 = 8,265; P = 0,041) e triglicéridos (X2 = 8,091; P = 0,044), glicose (X2 = 7,889; P = 0,048) e globulina de ligação às hormonas sexuais (SHBG) (X2 = 7,902; P = 0,019). O estudo A é constituído por 31 indivíduos com HAC-NC e 50 indivíduos saudáveis, ambos o grupos são constituídos apenas por mulheres em idade fértil. Foi encontrado significado estatístico para o rácio entre glicose e insulina (P = 0.0039), modelo homeostático de avaliação da resistência à insulina (HOMA-IR) (p = 0.007) e índice de verificação quantitativa da sensibilidade à insulina (QUICKI) (p = 0.005). Conclusão: Ambos os estudos mostram uma importante componente metabólica devido a múltiplos fatores não só sobre tratamento como sub tratamento e o consequente hiperandrogenismo. O impacto desta doença na morbilidade exige estudos futuros com populações mais heterogéneas e follow-up mais apertados.
