Browsing by Author "Marty, Carla Sofia Maciel Puig"
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- Marcadores Inflamatórios Séricos e Rotura Prematura de Membranas Pré-TermoPublication . Marty, Carla Sofia Maciel Puig; Moutinho, José Alberto Fonseca; Nunes, Sara Monteiro Morgado DiasIntrodução: A Rotura Prematura de Membranas Pré-Termo (RPM-PT) afeta 2 a 3% das gestações, sendo responsável por aproximadamente 30 a 40% dos partos pré-termo e morbimortalidade perinatal significativa. Associa-se a diversas complicações, tais como corioamnionite, sépsis neonatal, prematuridade e hipoplasia pulmonar. Assim, torna-se oportuna a identificação precoce das grávidas em risco, de modo a proceder a uma vigilância mais apertada. Os processos inflamatórios, quer a nível local ou sistémico, têm sido apontados como um dos principais mecanismos fisiopatológicos para o surgimento desta complicação obstétrica. Contudo, o impacto de marcadores inflamatórios sistémicos na identificação precoce destas grávidas permanece pouco estudado. Objetivos: Este estudo pretendeu averiguar a relação entre os marcadores inflamatórios séricos, obtidos a partir do hemograma do primeiro e segundo trimestres de gravidez, e a ocorrência de RPM-PT. Métodos: Estudo observacional, transversal e retrospetivo das grávidas cujo parto ocorreu no Centro Hospitalar e Universitário Cova da Beira entre os anos 2015 e 2019. Foram excluídas grávidas com doenças prévias, gestações anteriores, gravidez gemelar ou ausência de informação sobre a gravidez. Através dos processos clínicos das grávidas, foram obtidos os valores dos hemogramas de primeiro e segundo trimestres, antecedentes pessoais, evolução da gravidez e parto. Assim, comparou-se o grupo das grávidas com RPM-PT (n=19) com um grupo de grávidas com parto de termo, eutócico e sem Rotura Prematura de Membranas (n=187). Foi efetuada uma segunda comparação entre a ocorrência de RPM-PT antes (n=12) e depois (n=7) das 34 semanas de gestação e o mesmo grupo sem rotura (n=187). A análise estatística foi realizada com recurso ao SPSS Statistics versão 25.0, tendo sido considerado um nível de significância de 0,05. Resultados: Em 9,2% das grávidas ocorreu RPM-PT. Os rácios neutrófilos/linfócitos, neutrófilos/plaquetas, plaquetas/linfócitos e o índice inflamatório sistémico não demonstraram associação com a ocorrência de RPM-PT. Foi verificada uma correlação entre idade materna mais elevada e a ocorrência de RPM-PT antes das 34 semanas (p=0,034). A hemorragia no segundo trimestre foi mais frequente em grávidas com RPMPT (p=0,043) e a probabilidade de RPM-PT é cerca de 11 vezes superior nas mulheres que tiveram hemorragia vaginal no segundo trimestre. No que concerne às variáveis fetais, foi estabelecida associação entre RPM-PT e um menor índice de Apgar no primeiro (p=0,015) e décimo (p=0,041) minutos, menor perímetro cefálico (p<0,0001), menor peso à nascença (p<0,0001), menor comprimento fetal (p<0,0001) e o sexo masculino do recémnascido (p=0,041). Conclusões: Os rácios inflamatórios sistémicos no primeiro e segundo trimestres de gravidez parecem não ser úteis na previsão de um maior risco de RPM-PT. A idade materna mais elevada associou-se à ocorrência de RPM-PT mais precocemente (=34 semanas). A hemorragia vaginal no segundo trimestre parece ser um importante fator de risco para RPM-PT. Tal como esperado, foram detetados piores outcomes fetais nas mulheres com RPM-PT. Serão necessários estudos mais robustos para verificar a importância clínica dos rácios inflamatórios na previsão de RPM-PT, uma vez que através de marcadores facilmente disponíveis na prática clínica, se poderão identificar mulheres e recém-nascidos em risco.