Browsing by Author "Matias, Joana Rita Grilo"
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- Ansiedade e Depressão em Cuidados Paliativos: A Realidade de uma Equipa Intra-Hospitalar da Região Centro do PaísPublication . Matias, Joana Rita Grilo; Santos, Carina Alexandra Martins dosIntrodução: A sintomatologia ansiosa e depressiva é frequente em doentes com patologia médica, em especial nos Cuidados Paliativos. Tal influencia negativamente o processo de ajustamento da doença, reduz a qualidade de vida e a adesão ao tratamento, provocando enorme sofrimento ao paciente e ao seu cuidador. Assim, é fulcral diagnosticar e tratar a ansiedade e a depressão a fim de estruturar o correto suporte dos cuidados ao utente. Objetivos: Estudo delineado com o objetivo de avaliar a sintomatologia ansiosa e depressiva nos utentes seguidos pela Equipa Intra-Hospitalar de Suporte em Cuidados Paliativos da Unidade Local de Saúde da Guarda. Materiais e Métodos: Estudo observacional, descritivo e transversal. Recolha de dados efetuada entre agosto de 2021 e março de 2022, através de um questionário anónimo fornecido aos utentes acompanhados pela Equipa Intra-Hospitalar de Suporte em Cuidados Paliativos da Unidade Local de Saúde da Guarda. O questionário foi composto pelas seguintes partes: Dados Sociodemográficos, Dados Clínicos e Escala de Ansiedade e Depressão Hospitalar. Esta escala foi utilizada como instrumento de triagem de ansiedade e depressão. Resultados: A investigação contou com 81 participantes, 31 do sexo feminino (38,27%) e 50 do sexo masculino (61,73%), com uma média de idades de 71,22 anos, maioritariamente casados/união de facto (67,90%), com 1º ciclo do ensino básico (59,26%) e com bom apoio familiar (95,06%). A doença oncológica verificou-se em 93,83% dos indivíduos, com prevalência do cancro do intestino (15,79%), cancro da próstata (14,47%) e cancro do pâncreas/vias biliares (13,16%). Constatou-se que 41,98% dos utentes referia ter apoio psicológico. Usando a Escala de Ansiedade e Depressão Hospitalar, verificou-se uma pontuação média de 11,25 (±3,10) para a subescala de ansiedade e 9,31 (±2,56) para a subescala de depressão. No que se refere à ansiedade, a maior parte dos utentes apresentou sintomatologia moderada (49,38%), seguindo-se a sintomatologia leve (27,16%). A sintomatologia depressiva foi maioritariamente leve (45,68%), seguindo-se a moderada (32,10%). Sintomatologia ansiosa e depressiva severa observou-se em 12,35% e 1,23% dos indivíduos, respetivamente. O sexo masculino apresentou um maior valor de ansiedade (M=12,20±2,96) relativamente ao feminino (M=9,71±2,73), com uma diferença estatisticamente muitíssimo significativa (p<0,001). Os utentes de maior idade, não casados/união facto, com baixa escolaridade e com bom apoio familiar, apresentaram maior ansiedade, não sendo este resultado significativamente estatístico. Quanto ao diagnóstico de doença (oncológica vs não oncológica), os utentes apresentaram valores de ansiedade semelhantes, não se observando diferença significativamente estatística em relação com o tipo de tumor. Os indivíduos que não possuíam apoio psicológico exibiram maiores níveis de ansiedade (M=11,74±2,77) comparativamente aos que possuíam (M=10,56±3,44), não se verificando, porém, diferença estatisticamente significativa. Na avaliação da subescala de depressão, esta foi mais elevada no sexo masculino, no grupo etário dos 50-75 anos, não casados/união facto, com baixa escolaridade e sem apoio familiar. Não se observou diferença no que diz respeito ao diagnóstico de doença (oncológica vs não oncológica) e tipo de tumor. Estes resultados não apresentaram significância estatística. Em relação à existência ou não de apoio psicológico, os utentes expressaram valores médios de depressão semelhantes, não se verificando diferença estatística. Por fim, ao analisar a relação entre a ansiedade e a depressão, observou-se uma correlação negativa, muito fraca, estatisticamente não significativa. Conclusão: A sintomatologia ansiosa e depressiva é um problema psicossocial frequente. Neste estudo observou-se sintomatologia ansiosa moderada/severa em 61,73% dos utentes e sintomatologia depressiva moderada/severa em 33,33%. Perante estes resultados, tornase imperativo definir novas políticas e estratégias de rastreio aos utentes seguidos em Cuidados Paliativos, de modo a identificar precocemente aqueles que necessitam de avaliação e tratamento adicionais.
