Browsing by Author "Moreira, Marta Alexandra Pinto"
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- Vertebral Trauma and Sexuality -a survey researchPublication . Moreira, Marta Alexandra Pinto; Lourenço, Mário José Pereira; Pereira, João Ricardo GomesIntrodução: A Lesão Vertebro-Medular (LVM) refere-se a danos na medula espinhal que podem resultar na perda, temporária ou permanente, das funções motoras, sensoriais e autonómicas, afetando significativamente a qualidade de vida. A saúde sexual é uma das dimensões afetada pela LVM, não só pelo dano medular, como também pelos fatores individuais que podem influenciar a perceção da atividade sexual como satisfatória e gratificante. Para além das implicações individuais, a lesão provoca um forte impacto na dinâmica relacional e conjugal, exigindo adaptações na relação. Objetivos: O presente estudo pretende analisar e compreender as perceções e experiências dos doentes com LVM sobre a sua sexualidade, abordando aspetos físicos e psicológicos, bem como a dinâmica conjugal antes e após a lesão. Pretende-se ainda identificar lacunas na abordagem clinica da saúde sexual em doentes com LVM. Materiais e métodos: Trata-se de um estudo observacional, transversal e descritivo, realizado no Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro - Rovisco Pais. A amostra incluiu 23 indivíduos do sexo masculino com idade = 18 anos, com diagnóstico médico de LVM, atividade sexual prévia ao trauma e internamento ou acompanhamento no CMRRC-RP. A recolha de dados foi feita através de um questionário estruturado, desenvolvido em colaboração com o orientador, que inclui dados sociodemográficos, informações clínicas e questões sobre sexualidade e relação conjugal. A análise estatística foi realizada no SPSS, utilizando testes de Qui-Quadrado, Mann-Whitney e KruskallWallis, com significância estatística para p<0.05. Resultados: A amostra foi composta exclusivamente por homens, com uma mediana de idade de 48 anos. Antes da lesão, todos estavam empregados, mas após a LVM, 60.9% ficaram inativos. A maioria dos participantes apresentava lesões acima de T11 (82.6%), sendo que 69.6% reportaram sensibilidade genital preservada. A mediana do Quociente Sexual Masculino (QSM) foi de 20, indicando elevados níveis de insatisfação sexual, com 30.4% dos participantes classificados como muito insatisfeitos. O controlo ejaculatório foi afetado (mediana =1), indicando elevada prevalência de ejaculação prematura. Apenas 47.8% tinham falado com um profissional de saúde, sendo que estes apresentaram QSM significativamente mais elevados (p=0.014). Participantes com lesão há mais de um ano apresentaram maior QSM (p=0.027) e satisfação com a vida (p=0.002), sugerindo que o tempo desde a lesão pode influenciar a adaptação sexual. Além disso, 45.5% dos indivíduos com menos de 45 anos demonstraram preocupação com a fertilidade (p=0.014). A relação conjugal sofreu alterações, com redução na concordância de demonstrações de afeto e redução da frequência de discussões calmas. Conclusão: Este estudo permitiu compreender o impacto significativo da LVM na sexualidade e na qualidade de vida dos indivíduos afetados através da análise de diversas dimensões, demonstrando que esta é complexa e influenciada por múltiplas variáveis, incluindo fatores médicos, psicológicos e sociais. Os resultados sublinham a importância de uma abordagem abrangente e individualizada no processo de reabilitação, bem como a relevância de aspetos frequentemente negligenciados, como a fertilidade e as dinâmicas conjugais. Novos estudos com amostras mais amplas são necessários para aprofundar esta temática.
