Browsing by Author "Neto, Joana Rita Sequeira"
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- Considerações sobre a saúde e Sistema Único de Saúde Brasileiro: estudo de caso no Estado do Rio Grande do NortePublication . Neto, Joana Rita Sequeira; Martins, Henrique Manuel GilIntrodução: Os Sistemas de Saúde podem ser analisados de forma sistemática de modo a ser possível avaliar a sua performance e os seus resultados em saúde, bem como a serem passíveis de comparação. O Brasil é um país caracterizado por heterogeneidade cultural, territorial, racial e política, tendo cada Estado uma realidade destinta. Recorrendo ao estágio hospitalar e em cuidados de saúde primários na cidade de Natal e ao contacto com uma nova realidade em saúde, pretendeu-se estudar o sistema de saúde brasileiro, nomeadamente no Rio Grande do Norte. Objetivo: (I) analisar a organização do sistema de saúde brasileiro e do SUS, em específico no Rio Grande do Norte; (II) analisar a performance do sistema de saúde e do SUS no Rio Grande do Norte; (III) compreender a gestão do sistema de saúde e do SUS no Rio Grande do Norte; (IV) analisar o estado de saúde da população do Rio grande do Norte; (V) refletir sobre os obstáculos a uma melhor saúde existentes no Rio Grande do Norte e sobre os meios de superação dos mesmos. Métodos: uso de duas estruturas teóricas: I) o Modelo de Avedis Donabedian para análise da organização e performance do sistema de saúde, através da sua divisão em “estrutura”, “processo” e “resultado”; II) o Modelo de Kelley and Hurst (2006), para análise das atividades e qualidade dos cuidados de saúde bem como o seu impacto no estado de saúde da população fazendo recurso, entre outras ferramentas, aos indicadores em estudo comparados com os valores médios da OCDE explicitados no relatório “Health at a Glance 2015”. Para recolha de dados foram utilizados: i) Recolha documental física e virtualmente; ii) Recolha de entrevistas; III) Processo mini-etnográfico de experiência pessoal com o sistema de saúde durante cinco meses no Brasil. Resultados: O SUS é um sistema de saúde “tendencialmente” universal, já que na prática não tem capacidade de abranger toda a população do Rio Grande do Norte. Existem muitos fatores intrínsecos que têm impacto negativo no alcance da equidade em saúde no RN tais como a dimensão do território, o grau de pobreza e situação política instável e seu carater interventivo. A gestão do SUS no RN é frágil, existindo falhas na formação de gestores estaduais e municipais, o que pode tornar os cuidados de saúde menos efetivos e eficientes. A regionalização foi um processo que beneficiou o Rio Grande do Norte no que toca à distribuição mais equitativa dos cuidados de saúde e esforços continuam a ser feitos para melhorar esta estratégia. Existe subfinanciamento da saúde por, mais explicitamente pela União, o que propicia o “esgotamento” de recursos financeiros para investimento em saúde do RN e dos seus Municípios. Os cuidados de saúde primários têm evoluído positivamente ao longo dos anos, apresentando ótimos resultados de cobertura da ESF, que se refletem em vários indicadores como os internamentos evitáveis por causas sensíveis aos cuidados de saúde, cobertura de imunizações e TMI. Os cuidados de saúde terciários e secundários encontram-se mais atrasados quanto à sua performance já que os indicadores hospitalares e integrados refletem precaridade nos seus resultados. O estado de saúde da população do RN apresentou melhoria ao longo dos anos nomeadamente na EMV e perceção do estado de saúde. No entanto, os indicadores de mortalidade geral e mortalidade por causas selecionadas, apesar de apresentarem valores inferiores, acompanham a tendência crescente dos países da OCDE. A falta de médicos é uma realidade que o RN enfrenta historicamente, no entanto, mesmo com o aumento do seu número com o programa “Mais Médicos”, o rácio médico-doente continua a ser baixo e insuficiente. O RN tem-se empenhado na melhoria do acesso à saúde e no combate às iniquidades existentes na população. Para isso os gestores continuam a unir esforços, apostando na formação específica profissional, na implementação de políticas de saúde efetivas, no fortalecimento das redes de assistência e no fornecimento de meios para uma vida mais saudável da população. Conclusão: O SUS é um sistema de saúde em evolução que enfrenta muitos obstáculos. O papel dos gestores de saúde é crucial para o atingimento das metas propostas. A saúde no Rio Grande do Norte apresenta resultados promissores e uma tendência positiva e as estratégias e políticas de saúde implementadas pelo SUS parecem ir de encontro à superação dos desafios que o Estado encara.