Browsing by Author "Nunes, Mara Raquel Coelho Dias"
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- Osteoporose induzida por glucocorticoides: estamos a tratar adequadamente?Publication . Nunes, Mara Raquel Coelho Dias; Ferreira, Joana Catarina Fonseca; Pinto, Ana SofiaIntrodução: Os glucocorticoides (GC) têm um papel importante no tratamento de várias doenças, nomeadamente nas doenças inflamatórias reumáticas. Apesar da sua utilidade terapêutica, estes fármacos são uma causa importante de efeitos adversos como a osteoporose induzida por glucocorticoides (GIOP). Embora seja uma complicação clinicamente bem conhecida há vários anos, a GIOP permanece uma doença largamente subdiagnosticada e, portanto, subtratada. Em 2017, a American College of Rheumatology (ACR) publicou recomendações para a prevenção e tratamento da GIOP, sintetizando a evidência científica sobre os benefícios e riscos da sua prevenção e opções de tratamento. Em Portugal, não existem recomendações específicas para a prevenção e tratamento da GIOP. Objetivo: Avaliar as práticas de tratamento da GIOP nos doentes seguidos em consulta de reumatologia na Unidade de Saúde Local da Guarda (ULSG). Material e métodos: Realizou-se um estudo de coorte retrospetivo em doentes seguidos em consulta externa de reumatologia na ULSG, entre 1 de junho de 2019 e 31 de dezembro de 2019. Foram incluídos doentes com patologia inflamatória reumática, sob terapêutica com GC durante =3 meses, numa dose =2,5mg/dia. A partir de registos clínicos, recolheu-se dados sociodemográficos, clínicos e medidas implementadas de prevenção e tratamento da GIOP. Com base nas recomendações da ACR de 2017, avaliou-se individualmente a adequação do tratamento e identificaram-se os preditores de prescrição de tratamento farmacológico. Resultados: Dos 676 doentes seguidos em consulta de reumatologia naquele período, 103 foram incluídos no estudo. A idade média amostra era de 60,9 (±13,3) anos e 68% eram do sexo feminino. Sete doentes tinham <40 anos, 1 dos quais foi considerado como estando subtratado, segundo as recomendações da ACR de 2017. Dos 96 doentes com =40 anos, 20,8% estavam adequadamente tratados e 40,6% subtratados. Nenhum doente foi considerado sobretratado. Os fatores associados à prescrição farmacológica do tratamento da GIOP foram a idade mais avançada, a maior probabilidade de fratura major ou da anca, calculadas através do Fracture Risk Assessment Tool, e a história de fratura de fragilidade. Os fatores determinantes da prescrição de tratamento eram uma pontuação FRAX para fratura da anca =3% e um T-score de densidade mineral óssea vertebral <-2,1. Conclusão: Tendo em conta as recomendações da ACR de 2017, uma grande proporção de doentes com patologia inflamatória reumática medicados cronicamente com GC estavam subtratados para a GIOP. Estas recomendações têm, no entanto, limitações na sua aplicação à população portuguesa, sendo necessário criar orientações clínicas nacionais para a prevenção e tratamento da doença.