Browsing by Author "Nunes, Pedro Emanuel Canada Varandas"
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- O Impacto da Esquizofrenia na Função SexualPublication . Nunes, Pedro Emanuel Canada Varandas; Nunes, Juliana da Silva; Pires, Miguel Oliveira CamposanaIntrodução: Nos doentes com esquizofrenia, a disfunção sexual foi reportada como sendo o motivo mais frequente para o abandono da terapêutica antipsicótica, além de, nitidamente, exercer um grande impacto negativo na qualidade de vida destes doentes. Assim, torna-se fulcral a exploração aprofundada desta questão, à luz da problemática dos antipsicóticos, bem como de outros fatores como aspetos sociodemográficos e clínicos Objetivos: O objetivo foi clarificar a associação entre as disfunções sexuais e a esquizofrenia, explorando diversos fatores que contribuem para o seu aparecimento, reforçando que os antipsicóticos não são os únicos agentes que contribuem para o surgimento de disfunções sexuais. Metodologia: Para a elaboração desta monografia, procedeu-se a uma revisão de artigos indexados nas bases de dados Pubmed, Google Scholar e UpToDate, entre 2017 e 2023, utilizando os termos: “schizophrenia”, “antipsychotics”, “sexual dysfunction” e “sexual function”. A pesquisa foi realizada sem restrição temporal, mas dando preferência à evidência científica mais recente. Após leitura do abstract de cada um dos artigos recolhidos, foram escolhidos aqueles que mais se adequavam ao objetivo do trabalho. Foi também utilizada bibliografia relevante nas áreas de Psiquiatria, saúde sexual e fisiologia humana relacionada com a função sexual. Resultados: Os antipsicóticos influenciam negativamente a função sexual, particularmente pela hiperprolactinemia e pelo bloqueio na via dopaminérgica ligada à recompensa e ao desejo, mas também pelos seus efeitos metabólicos, bloqueio dos sistemas colinérgicos e alfa-adrenérgicos e efeitos extrapiramidais. Os antipsicóticos típicos demonstram uma maior relação com a disfunção sexual, sendo que dentro dos antipsicóticos atípicos (os mais utilizados), a Risperidona é comumente associada a uma maior incidência de efeitos sexuais indesejados. Porém, outros antipsicóticos atípicos, como o Aripripazol, que é um agonista parcial dos recetores de dopamina D2, é muitas vezes utilizado como um antipsicótico eficaz para o tratamento de disfunção sexual induzida por antipsicóticos. Algumas características relacionadas com a própria fisiopatologia da esquizofrenia, aumento das comorbilidades verificadas nestes doentes, problemas de adição de substâncias, estigma internalizado e o existente na comunidade, bem como a parca recuperação funcional de muitos doentes, desempenham igualmente um papel de relevo. Adicionalmente, existe uma correlação entre a disfunção sexual e a severidade dos sintomas positivos e negativos. Os aspetos sociodemográficos são igualmente relevantes, visto que as doentes esquizofrénicas do sexo feminino tendem a ser mais afetadas por disfunção sexual, tal como pessoas mais velhas e com maior duração da doença também parecem ser mais afetadas. Complementarmente, doentes casados reportam melhor função sexual, sendo que o enquadramento cultural e religioso de cada doente assume um papel crucial na sua expressão sexual. Conclusão: A etiopatogénese da disfunção sexual é multifatorial e dependente de um conjunto de fatores, diretos e indiretos, que interagem entre si. É de extrema importância monitorizar efeitos adversos dos antipsicóticos, com controlo metabólico, avaliações dos níveis de prolactina, explorar efeitos extrapiramidais, entre outros. É imperativo explorar queixas relacionadas com a disfunção sexual, uma vez que muitos doentes podem se sentir desconfortáveis a abordar esta temática, mantendo-a subdiagnosticada e subtratada.