Browsing by Author "Pereira, Raquel Sofia Ribeiro"
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- Relação entre Forâmen Ovale patente e ocorrência de AVC IsquémicoPublication . Pereira, Raquel Sofia Ribeiro; Pérez, Francisco José ÁlvarezIntrodução: O Forâmen Ovale é uma estrutura fetal importante que, após o parto, encerra na maioria dos indivíduos. No entanto, esta estrutura poderá se manter patente em cerca de 25% da população mundial. A presença de Forâmen Ovale patente (FOP) pode-se manter assintomática durante toda a vida e a associação entre FOP e risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquémico continua pouco clara. No entanto, diversos estudos demonstram que, em indivíduos que sofrem AVC isquémico de causa indeterminada (criptogénico), existe uma maior percentagem de FOP comparativamente à população geral, sugerindo, assim, a possibilidade de uma relação causal entre a presença de FOP e a ocorrência de AVC isquémico. Objetivos: Estudar a relação entre a ocorrência de AVC isquémico criptogénico e a prevalência de Forâmen Ovale patente, verificando a possibilidade de existência de fatores preditivos ou prognósticos nestes pacientes e a presença de um perfil-tipo de doente. Material e métodos: Estudo retrospetivo com base na análise de processos clínicos de 55 utentes do Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira (CHUCB), internados na Unidade de AVC (UAVC), desde janeiro de 2014 até agosto de 2022, com diagnóstico final de AVC isquémico criptogénico associado à existência de Forâmen Ovale patente. Realizada análise descritiva e inferencial dos dados através dos testes estatísticos U de Mann-Whitney para a análise de variáveis contínuas e teste de QuiQuadrado para variáveis nominais, e estabelecido um nível de significância estatística de 5% (?=0,05). Resultados: Dos 55 doentes estudados, 27% apresentou uma escala de RoPE maior que 6, significando, assim, uma elevada probabilidade de a presença de FOP ter sido um fator causal para a ocorrência de AVC. Da amostra em estudo, 55% eram mulheres e a idade média foi de 56 anos. No grupo de doentes com RoPE maior que 6 verificou-se uma média de idades de 44 anos (sendo esta significativamente menor que a média de idades verificada no grupo de doentes com RoPE menor ou igual a 6, em que se verificou uma média de 61 anos). Os fatores de risco cardiovascular predominantes na amostra foram dislipidemia e hipertensão. O valor de NIHSS registado à entrada no SU dos doentes em estudo revelou-se tendencialmente diferente entre os dois grupos, tendo sido obtidos valores de NIHSS mais elevados no grupo de doentes com score de RoPE maior que 6. Dos achados laboratoriais, radiológicos e ecocardiográficos estudados, apenas se verificou correlação estatisticamente significativa nos diâmetros da aurícula esquerda sendo que, no grupo com valores de RoPE mais baixos, foram obtidos diâmetros auriculares significativamente maiores. Relativamente ao tratamento e outcomes destes doentes em estudo, uma grande parte da amostra foi proposta para encerramento percutâneo do FOP, existindo uma tendência para os doentes com valores de RoPE mais elevados serem mais propostos para encerramento que os doentes com valores de RoPE mais reduzidos. Apenas 6% da amostra apresentou recorrência de AVC nos 3 anos após o evento cerebrovascular. Conclusão: O perfil típico de um doente com ocorrência de AVC isquémico criptogénico associado a FOP corresponde a um indivíduo do sexo feminino, com cerca de 56 anos, sem comorbilidades ou com história de dislipidemia ou hipertensão. No SU, apresenta sinais típicos de AVC minor a moderado, com valores de NIHSS reduzidos, TC-CE no SU com poucas ou nenhumas alterações correspondentes a isquemia e análises laboratoriais com valores de D-dímeros elevados. Após tratamento de AVC e alta, estes doentes apresentam-se com um outcome favorável após 6 meses. Relativamente às inferências realizadas nesta investigação, é de salientar a importância da utilização do score de RoPE, que estima a probabilidade de a presença de FOP ser um fator causal de AVC nestes doentes.
