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- Communication between healthcare professionals and people with dementia: is deception an act of care? Integrated Literature ReviewPublication . Silva, Joana Cabral da; Afonso, Rosa Marina Lopes Brás MartinsIntroduction: With the great development and consequent investment on healthcare we’ve witnessed in the last decades, there are many chronic diseases gaining relevance, compromising the quality of life in older ages. Dementia is one of the responsible for this; demanding more resources, more medical attention and, consequently, the need to have good communication between health practitioners and patients. Their memory issues and compromised communication capabilities are translated in many behaviour changes. Understanding their needs is a challenge healthcare is currently not ready to satisfy, making it a subject in need of more attention in our society, and therefore worth of analysing what is currently being done. Methods: This integrated literature review analyses studies published from 01/09/2011 to 01/10/2022 focused on the application of deception in PWD, done by healthcare professionals. The Pubmed, Scopus, Web of Science and Scielo databases were consulted, and studies that met the defined inclusion criteria were included: studies in Portuguese, English or Spanish; with full text available; clearly targeting PWD of any aetiology, where the concept of lying associated to deception was mentioned, connected with the healthcare professionals’ role. Results: The analysed studies suggest that the process of deception, especially the therapeutic lying, is not well seen between healthcare professionals due to the moral and legal implications, but that it’s rather common throughout the facilities caring for PWD. There have been some guidelines suggested over the years, but they didn’t gather the necessary attention, as there is no legal support, nor enough rapport from the implied PWD as well. It’s seen how it’s considered condonable when looking at the situation from a patient-centred care point of view. Discussion: Given these results, there must be an open discussion about the terms of “deception” and “therapeutic lying” in their application of PWD and their particularities. The taboo around these terms has also to be addressed. More than the moral definition of these words, it’s also needed some legal guidelines, to protect both sides, and ensure PWD have the respect and dignity they need and deserve in their own specific current situation, by validating them, establishing meaningful relationships with them, where they don’t feel inferior, increasing their quality of life.
- Doença Autoimune Materna e o Risco de Autismo na DescendênciaPublication . Moreira, Ana Catarina Carvalho; Moutinho, José Alberto Fonseca; Morais, Ana Sofia FélixIntrodução: A Perturbação do Espetro do Autismo (PEA) é uma doença do neurodesenvolvimento de etiologia multifatorial e regista uma prevalência de 1 em 100 pessoas, segundo a Organização Mundial de Saúde. Nas últimas décadas observou-se um aumento do número de grávidas com algum tipo de doença crónica, estando as doenças autoimunes entre as doenças preexistentes mais comuns na gravidez. Os mecanismos de inflamação crónica sistémica, associados às doenças autoimunes, podem resultar no aumento de doenças inflamatórias na geração seguinte, com possíveis consequências no neurodesenvolvimento da descendência. Objetivos: Nesta dissertação pretende-se explorar a associação entre as doenças autoimunes maternas e o risco de desenvolvimento de PEA, sendo ainda relevante compreender os mecanismos envolvidos nesta associação e quais as terapêuticas futuras, de forma a reduzir a PEA na descendência, de mães portadoras de doenças autoimunes. Métodos: Procedeu-se à pesquisa, entre junho e novembro de 2022, de artigos científicos, utilizando como motor de pesquisa, a Pubmed e as seguintes palavras-chave: “autism”, “autoimmune diseases”, “maternal immune activation”, “pregnancy”, “maternal autoantibodies”. Foram também usados como complemento websites, livros de referência médica e guidelines nacionais e internacionais. Resultados: A teoria de ativação imune materna (AIM) é uma hipótese que procura explicar a relação entre um estado inflamatório crónico durante a gravidez e o desenvolvimento de perturbações do neurodesenvolvimento na descendência. Segundo esta, triggers durante a gravidez, como, as doenças autoimunes, têm a capacidade de desencadear uma resposta inflamatória, envolvendo citocinas como a IL-17A e IL-6, o que pode levar a uma resposta imunológica materna exacerbada e prejudicial para o feto. Embora ainda não sejam conhecidos os mecanismos exatos, acredita-se que a AIM seja responsável por provocar alterações na microglia e desencadear nesta uma possível resposta inflamatória excessiva, o que pode resultar em danos no desenvolvimento cerebral do feto. No que diz respeito à terapêutica disponível, é necessário o desenvolvimento de estratégias terapêuticas eficazes preventivas da PEA. Conclusão: Após análise de diversos artigos, foi constatado que existe uma forte associação entre doenças autoimunes maternas e o desenvolvimento de perturbações do neurodesenvolvimento na descendência, em especial a PEA.
- Relação entre volume de tecido hemorrágico na apresentação e volume de lesão final no AVC de tipo hemorrágico comparando as TC à entrada e TC com resultado final de lesãoPublication . Baptista, Ana Margarida Ferreira; Pérez, Francisco José ÁlvarezIntrodução: O Acidente Vascular Cerebral (AVC) faz parte de um leque de doenças cardiovasculares que no seu conjunto, integram a principal causa de mortalidade em Portugal e na Europa (1). A hemorragia intraparenquimatosa apresenta ainda uma mortalidade significativa sendo que a sua abordagem não sofreu avanços significativos. Cada caso deve ser avaliado individualmente de modo a obter uma intervenção adequada em todos os fatores relacionados com o evento, obtendo assim o melhor prognóstico possível. Assim, este estudo tem como objetivo estudar a relação entre o volume de hemorragia intraparenquimatosa aguda na tomografia computadorizada crânioencefálica (TC-CE) de apresentação e a área final de lesão na TC-CE de controlo, já sem hemorragia. Tem também um objetivo secundário, estudar a relação do volume reabsorvido, e a percentagem deste com várias outras variáveis explicitadas na secção dos métodos, assim como o seu impacto no prognóstico destes doentes. Métodos: Estudo de investigação retrospetivo. Recolheram-se dados dos processos clínicos armazenados no Sclinico de doentes hospitalizados na unidade de AVC do Hospital Universitário Cova da Beira entre janeiro de 2008 e abril de 2012. Foram excluídos os doentes que não apresentavam hemorragia intraparenquimatosa ou que não apresentavam um exame de imagem de seguimento. A análise estatística destes dados foi feita no SPSS. Resultados: De 146 doentes com diagnóstico de AVC hemorrágico nestas datas, apenas 50 apresentavam todas as condições para serem incluídos no estudo. Há uma clara relação entre o volume de hemorragia inicial medido na TC-CE e o volume de lesão final, sendo que o volume de lesão inicial explica cerca de 35,6% da variância do volume de lesão final (p-value < 0,001). As variáveis secundárias que contribuem para o volume de lesão final na TC-CE são a afetação intraventricular, o volume de edema na lesão inicial, a toma de antiagregantes, a contagem de plaquetas à admissão, a topografia da lesão e a história pessoal de eventos cardiovasculares prévios e dislipidemias. Em relação à sobrevivência no 1º ano após o evento agudo e independência para as atividades de vida diária (AVD), apenas a topografia da lesão inicial apresentou uma relação estatisticamente significativa (p-value 0,034 para independência AVD e p-value 0,032 para sobrevivência 1º ano após evento agudo). Discussão: Este estudo estabelece uma clara relação entre o volume de hemorragia intraparenquimatosa inicial e o volume da lesão final na TC-CE, quanto mais elevado o primeiro, mais elevado irá ser o volume de lesão final, e ainda destaca outras variáveis a considerar para este volume final, como a influência do volume do edema perihematoma, a toma habitual de antiagregantes, a expansão intraventricular do hematoma, a ocorrência de eventos cardiovasculares prévios, o diagnóstico de dislipidemias, a topografia da lesão e a contagem de plaquetas à admissão. Os fatores de prognóstico estudados apenas sofreram maior influência pela topografia da lesão, sendo que lesões na fossa posterior estão associadas a piores outcomes.
- Regulação Emocional, Perfeccionismo e Distress Psicológico em Estudantes de Medicina: Uma Revisão SistemáticaPublication . Moreira, Juliana Maria de Oliveira; Ramos, Ludovina Maria de AlmeidaIntrodução: No dia-a-dia, somos expostos a situações stressantes, com as quais temos de lidar. Isto é ainda mais comum em ambientes altamente competitivos e de extrema responsabilidade, em indivíduos com um percurso de sucesso e com altas expectativas para si mesmas, como é o caso da área da saúde. Assim sendo, considerando a importância de determinadas variáveis na compreensão deste tipo de temática, e sabendo que os estudantes universitários, em especial os estudantes de Medicina, se enquadram naquele grupo, decidiu-se fazer uma Revisão Sistemática da Literatura sobre a regulação emocional, o perfeccionismo e o distress psicológico, de forma perceber o impacto destes construtos. Objetivo: Esta dissertação tem como objetivo geral perceber de que forma a regulação emocional, o perfeccionismo estão presentes e se relacionam com o distress psicológico nos estudantes de Medicina. Método: Foi elaborada uma Revisão Sistemática da Literatura, segundo as diretrizes do PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses). A pesquisa foi efetuada nas bases de dados B-On e PubMed, incidindo sobre os artigos publicados de janeiro de 2000 a dezembro de 2022, e de acordo com os restantes critérios de elegibilidade. Resultados: Dos 219 artigos inicialmente identificados nas bases de dados, apenas 3 foram selecionados para leitura integral, tendo sido excluídos todos aqueles que não cumprissem os critérios de elegibilidade. Em geral, houve concordância nos principais resultados dos estudos analisados. De facto, estes parecem corroborar o entendimento de que os estudantes de Medicina são uma população particularmente suscetível a apresentar determinados indicadores a nível da saúde mental, e que existe uma grande variabilidade individual na forma como os indivíduos lidam com certas emoções. Em termos metodológicos, as investigações analisadas são bastante similares, incidindo na avaliação das respostas dos participantes a uma variedade de questionários e escalas de avaliação (auto-relato). Conclusões: Em termos gerais, foi possível constatar que os três construtos em estudo - a regulação emocional, o perfeccionismo e o distress psicológico - estão associados e que se potenciam. Além disto, apurou-se que estas variáveis não atuam de forma independente e que existem outros fatores que também influenciam a forma como os indivíduos, neste caso os estudantes, lidam com os eventos que percecionam como sendo stressantes e desafiantes.
- Relação entre Forâmen Ovale patente e ocorrência de AVC IsquémicoPublication . Pereira, Raquel Sofia Ribeiro; Pérez, Francisco José ÁlvarezIntrodução: O Forâmen Ovale é uma estrutura fetal importante que, após o parto, encerra na maioria dos indivíduos. No entanto, esta estrutura poderá se manter patente em cerca de 25% da população mundial. A presença de Forâmen Ovale patente (FOP) pode-se manter assintomática durante toda a vida e a associação entre FOP e risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquémico continua pouco clara. No entanto, diversos estudos demonstram que, em indivíduos que sofrem AVC isquémico de causa indeterminada (criptogénico), existe uma maior percentagem de FOP comparativamente à população geral, sugerindo, assim, a possibilidade de uma relação causal entre a presença de FOP e a ocorrência de AVC isquémico. Objetivos: Estudar a relação entre a ocorrência de AVC isquémico criptogénico e a prevalência de Forâmen Ovale patente, verificando a possibilidade de existência de fatores preditivos ou prognósticos nestes pacientes e a presença de um perfil-tipo de doente. Material e métodos: Estudo retrospetivo com base na análise de processos clínicos de 55 utentes do Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira (CHUCB), internados na Unidade de AVC (UAVC), desde janeiro de 2014 até agosto de 2022, com diagnóstico final de AVC isquémico criptogénico associado à existência de Forâmen Ovale patente. Realizada análise descritiva e inferencial dos dados através dos testes estatísticos U de Mann-Whitney para a análise de variáveis contínuas e teste de QuiQuadrado para variáveis nominais, e estabelecido um nível de significância estatística de 5% (?=0,05). Resultados: Dos 55 doentes estudados, 27% apresentou uma escala de RoPE maior que 6, significando, assim, uma elevada probabilidade de a presença de FOP ter sido um fator causal para a ocorrência de AVC. Da amostra em estudo, 55% eram mulheres e a idade média foi de 56 anos. No grupo de doentes com RoPE maior que 6 verificou-se uma média de idades de 44 anos (sendo esta significativamente menor que a média de idades verificada no grupo de doentes com RoPE menor ou igual a 6, em que se verificou uma média de 61 anos). Os fatores de risco cardiovascular predominantes na amostra foram dislipidemia e hipertensão. O valor de NIHSS registado à entrada no SU dos doentes em estudo revelou-se tendencialmente diferente entre os dois grupos, tendo sido obtidos valores de NIHSS mais elevados no grupo de doentes com score de RoPE maior que 6. Dos achados laboratoriais, radiológicos e ecocardiográficos estudados, apenas se verificou correlação estatisticamente significativa nos diâmetros da aurícula esquerda sendo que, no grupo com valores de RoPE mais baixos, foram obtidos diâmetros auriculares significativamente maiores. Relativamente ao tratamento e outcomes destes doentes em estudo, uma grande parte da amostra foi proposta para encerramento percutâneo do FOP, existindo uma tendência para os doentes com valores de RoPE mais elevados serem mais propostos para encerramento que os doentes com valores de RoPE mais reduzidos. Apenas 6% da amostra apresentou recorrência de AVC nos 3 anos após o evento cerebrovascular. Conclusão: O perfil típico de um doente com ocorrência de AVC isquémico criptogénico associado a FOP corresponde a um indivíduo do sexo feminino, com cerca de 56 anos, sem comorbilidades ou com história de dislipidemia ou hipertensão. No SU, apresenta sinais típicos de AVC minor a moderado, com valores de NIHSS reduzidos, TC-CE no SU com poucas ou nenhumas alterações correspondentes a isquemia e análises laboratoriais com valores de D-dímeros elevados. Após tratamento de AVC e alta, estes doentes apresentam-se com um outcome favorável após 6 meses. Relativamente às inferências realizadas nesta investigação, é de salientar a importância da utilização do score de RoPE, que estima a probabilidade de a presença de FOP ser um fator causal de AVC nestes doentes.
- Mobiliário Multifuncional: Desenvolvimento projetual e relatório de estágioPublication . Silva, Filipa Alexandra Gouveia da; Carvalho, Carla Paoliello de Lucena; Monteiro, João Manuel Milheiro Caldas PaivaO presente relatório tem como objetivo apresentar o Estágio Curricular desenvolvido no Dovain Studio, que teve a duração de 4 meses e, o desenvolvimento de um projeto de mobiliário multifuncional, a fim de se obter o grau de Mestre em Design Industrial. Na prática, desenvolveram-se e reforçaram-se os conhecimentos adquiridos no percurso académico, bem como a sua experimentação num contexto empresarial, apesar de não terem sido cumpridos os objetivos pretendidos ao longo do estágio pelo “indivíduo tutor” da empresa. Neste relatório, é dado a conhecer a empresa na qual foi realizado o estágio curricular e, paralelamente, apresenta-se o desenvolvimento do projeto do Mobiliário Multifuncional, que acrescenta a preocupação da autora por um planeta melhor e um design sustentável. O projeto desenvolvido teve como princípios minimizar o impacto ambiental do produto promovendo a economia circular. Todo o conteúdo foi fundamentado pelos conhecimentos teóricos e práticos adquiridos durante a frequência do primeiro e segundo ciclos em Design Industrial na Universidade da Beira Interior.
- ABCDEF bundle as a tool for the prevention of Post-Intensive Care Syndrome a systematic literature reviewPublication . Lopes, Inês Teixeira; Branco, Vitor Alexandre Pereira Gonçalves; Cruz, Ana Rita LeiteBackground: PICS (Post-Intensive Care Syndrome) refers to cognitive, physical, and psychological deficits that can develop in patients and their families during an intensive care unit (ICU) stay and persist after that. The ABCDEF bundle is a guide for the approach of critically ill patients that, by addressing pain, ventilation, analgesia and sedation, delirium, mobility, and patient’s family engagement can have a role in preventing PICS. The increasing survival rate in intensive care patients, due to the development in medicine through the years, has led to an increasing concern to discover ways to mitigate PICS triggers. Thus, we consider it to be relevant to understand the scientific base that studies the relationship between the use of the ABCDEF bundle in ICUs and the frequency of PICS in its survivors. Methods: This article follows the PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-analyses) methodology. Using the PICO (participant, intervention, comparison, outcome) strategy for the literature search, articles were selected from different databases: PubMed/MEDLINE, Cochrane Library, and Science Direct. Results: Six cohort studies meeting the established inclusion criteria were included. Some studies compare different levels of adherence and total/partial performance of the bundle. Others compare the use of the bundle with the usual management of critically ill patients in a given ICU (Intensive Care Unit). The outcomes of interest for this review relate to the development of deficits in the domains involving PICS. Overall, the use of the bundle resulted in a decrease in the need for mechanical ventilation, sedation, the prevalence of delirium, and physical restriction. Conclusion: The implementation of the ABCDEF bundle seems to result in a decrease in the development of PICS triggers. Thus, since these triggers are thought to precede PICS, we could infer from our findings that the use of the bundle on critical care has a role in the prevention of PICS. It would be important to define criteria for PICS assessment to better understand the direct effect of the ABCDEF bundle on the prevention of this syndrome. Besides, it needs to be conducted more studies using the more recent bundle, including the “F” element.
- O papel da Vitamina D nas doenças autoimunes da tiroidePublication . Afonso, Carlota Margarida Ferreira; Oliveira, Maria Elisa Cairrão RodriguesA vitamina D é uma hormona esteroide cuja principal função conhecida corresponde ao controlo da homeostasia mineral, assumindo um importante papel no metabolismo do cálcio e do fósforo. A prevalência de níveis baixos da vitamina D na população mundial tem motivado um número crescente de investigações com foco nesta hormona. Estudos recentes descobriram funções da vitamina D a nível extra-esquelético, entre as quais a modulação do sistema imunitário, o que sugere um potencial papel desta vitamina no processo patogénico de várias doenças autoimunes. Entre estas estão as doenças autoimunes da tiroide, cujas principais formas de apresentação clínica são a tiroidite de Hashimoto e a doença de Graves. O objetivo principal deste trabalho foi a realização de uma revisão da literatura científica sobre o papel da vitamina D nas doenças autoimunes da tiroide, com foco nos níveis de vitamina D em doentes com doença autoimune da tiroide e no efeito da suplementação com vitamina D no tratamento destas doenças. Neste sentido, realizou-se uma pesquisa bibliográfica em diferentes bases de dados recorrendo à combinação dos termos “autoimmune thyroid disease”, “Hashimoto’s thyroiditis” e “Graves’ disease” com “vitamin D” e “vitamin D supplementation”. Concluiu-se que, apesar de se verificarem alguns resultados contraditórios, a maioria dos estudos realizados na última década apoia a existência de uma associação entre a deficiência de vitamina D e as doenças autoimunes da tiroide. Também já foram reportados efeitos benéficos da suplementação com vitamina D. No futuro são necessários mais estudos de natureza longitudinal com amostras de maior dimensão, para esclarecer a etiologia da relação entre a deficiência de vitamina D e as doenças autoimunes da tiroide e para confirmar o benefício da suplementação com vitamina D no tratamento destas doenças.
- Tratamento de 1ª linha da Síndrome Inflamatória Multissistémica em Crianças Associada a COVID-19 - Uma Revisão SistemáticaPublication . Alves, Inês Rocha Ferreira; Faísca, Ana Rita Brás Martins; Jorge, Arminda Maria MiguelIntrodução: O curso clínico da infeção por SARS-CoV-2 na população pediátrica é geralmente benigno, com infeção assintomática ou doença ligeira na esmagadora maioria das crianças. Porém, em abril 2020 surgiram relatos de casos de um estado hiperinflamatório sistémico tardio em crianças previamente infetadas com SARS-CoV2. Esta entidade veio a ser denominada pela Organização Mundial de Saúde como Síndrome Inflamatória Multissistémica em Crianças associada a COVID-19 (MIS-C). A MIS-C constitui uma rara, mas grave complicação, que geralmente ocorre até 6 semanas após a infeção por SARS-CoV-2, contudo, não existe ainda uma abordagem diagnóstica e terapêutica consensual entre as autoridades internacionais de saúde. Objetivos: A presente revisão pretende investigar e comparar, em função dos seus principais resultados, as opções terapêuticas de primeira linha atualmente mais usadas: imunoglobulina, glucocorticoides, ou a sua combinação. Materiais e Métodos: Esta revisão sistemática seguiu as recomendações PRISMA 2020. Foi realizada uma pesquisa inicial de bases de dados até 1 de dezembro de 2022, que incluiu EBSCOhost, Cochrane e PubMed. Os algoritmos utilizados foram construídos estrategicamente com recurso a termos MeSH. Consideraram-se elegíveis ensaios clínicos randomizados, estudos de caso-controlo e de coorte, cuja amostra incluísse pacientes diagnosticados com MIS-C de acordo com os critérios da Organização Mundial de Saúde, Centro de Controle e Prevenção de Doenças e Royal College of Pediatrics and Child Health e tratados com os fármacos em questão. Após uma primeira fase de seleção com base em título e resumo de cada um dos resultados da pesquisa, foram lidos os restantes artigos na íntegra e excluídos ou incluídos consoante a sua correspondência aos critérios de elegibilidade. A qualidade de evidência e risco de viés dos estudos incluídos foram avaliadas através da escala Newcastle Ottawa e a ferramenta ROBINS-I, respetivamente. Por fim, os resultados de cada artigo foram sintetizados em tabelas, de forma a comparar as diferenças significativas que se revelaram entre cada grupo de tratamento. Resultados: De 445 artigos científicos encontrados, foram incluídos dez estudos de coorte, com uma amostra total de 1316 pacientes. A maioria dos estudos foram classificados como sendo de “boa qualidade” na escala de Newcastle Ottawa. As medidas de outcome analisadas foram a normalização da temperatura e outros parâmetros inflamatórios, a taxa de falência de tratamento com necessidade de recurso a uma segunda linha terapêutica, a evolução da função cardiovascular e respiratória, assim como a duração de internamento. A terapêutica de primeira linha com imunoglobulina isolada foi comparada em sete dos dez estudos com um grupo tratado com a associação de imunoglobulina e glucocorticoides e noutros três estudos com glucocorticoides isolados. Apenas um estudo fez a comparação entre o tratamento com apenas glucocorticoides e o tratamento com a associação de imunoglobulina e glucocorticoides. Nenhum estudo reportou resultados significativamente melhores nos pacientes tratados com imunoglobulina intravenosa isoladamente. Pelo contrário, cinco artigos concluíram que o tratamento combinado, quando comparado com imunoglobulina isolada resultou numa mais célere recuperação da função cardiovascular e/ou normalização significativamente mais rápida da febre e outros parâmetros inflamatórios. Também os três estudos que compararam a opção por imunoglobulina isolada com a opção por glucocorticoides isolados demonstraram vantagens significativas na opção por glucocorticoides. Conclusão: A maioria dos artigos analisados sugere que o tratamento em primeira linha da MIS-C com imunoglobulina isolada tem resultados significativamente inferiores que o tratamento com glucocorticoides tanto associados a imunoglobulina, como em monoterapia. No entanto, importa sublinhar o facto de todos os estudos incluídos serem de caráter observacional não randomizados, pelo que, urge a realização de ensaios clínicos randomizados que permitiam tirar conclusões mais definitivas.