Browsing by Author "Pinto, Mariana Marques"
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- Disease Mongering/ “venda do medo de doença”Publication . Pinto, Mariana Marques; Santiago, Luiz Miguel de Mendonça SoaresObjetivos: Num ambiente de hipotética síndrome que só ocorre às terças-feiras de manhã (STM) perceber as diferenças de resposta para as questões “Julga sofrer desta síndrome”, “Concordaria em fazer este rastreio”, “Sendo o rastreio positivo, concordaria em realizar o tratamento”, “Julga ser a síndrome muito frequente” e “Julga que esta síndrome existe” entre duas populações, uma universitária (PU) e outra não universitária (PNU). Comparar os resultados com os de anteriores trabalhos para a mesma síndrome que acontecia apenas à segunda-feira de manhã (SSM), também nos dois referidos tipos de população. Métodos: Estudo observacional por questionário, após parecer ético positivo, a 330 pessoas (PNU) na região da Cova da Beira em Portugal e em 117 pessoas universitárias (PU) do atual 6º ano de Medicina na Faculdade Ciências da Saúde da Beira Interior com o respetivo consentimento informado. Resultados: Amostra de n=446 (73,7% PNU) com uma média de idades de 36,6±15,2 e com 65,5% do género feminino. Comparando a PNU com a PU em relação às questões essenciais deste trabalho foram obtidos como resultados “Julga sofrer desta síndrome” 13,1% vs 5,1% (p=0,011), “Concordaria em fazer este rastreio” 68,4% vs 54,7% (p=0,006), “Sendo o rastreio positivo, concordaria em realizar o tratamento” 61,7% vs 29,9% (p<0,001), “Julga ser a síndrome muito frequente” 23,7% vs 15,4% (p=0,038) e “Julga que esta síndrome existe” 47,1% vs 23,9% (p<0,001). Ao comparar o SSM com o STM na PNU foram obtidos como resultados “Julga sofrer desta síndrome” 13,4% vs 13,1% (p=0,501), “Concordaria em fazer este rastreio” 67,9% vs 68,4% (p=0,481), “Sendo o rastreio positivo, concordaria em realizar o tratamento” 62,5% vs 61,7% (p=0,447), “Julga ser a síndrome muito frequente” 23,1% vs 23,7% (p=0,464) e “Julga que esta síndrome existe” 48,8% vs 47,1% (p=0,363). Por último, conferindo o SMM com STM na PU foram apurados como resultados “Julga sofrer desta síndrome” 56,3% vs 5,1% (p<0,001), “Concordaria em fazer este rastreio” 18,5% vs 54,7% (p<0,001), “Sendo o rastreio positivo, concordaria em realizar o tratamento” 60,9% vs 29,9% (p<0,001), “Julga ser a síndrome muito frequente” 41,1% vs 15,4% (p<0,001) e “Julga que esta síndrome existe” 37,1 vs 23,9% (p=0,015). Discussão: Neste estudo comparando PNU e PU foi verificado que em ambas as populações é pouco frequente o julgar sofrer desta síndrome (13,1% vs 5,1%, p=0,011), sendo a aceitação do rastreio mais marcada (68,4% vs 54,7%, p=0,006) em particular em PNU. Quanto à aceitação do tratamento em caso de diangóstico veficica-se que a PNU tem maior aceitação (61,7% vs 29,9%, p<0,001) e quanto à crença na existência desta síndrome verifica-se, de novo, maior frequência de aceitação em PNU (47,1% vs 23,9%, p<0,001), significando maior suscetibilidade por parte da PNU à sobremedicação e ao sobrediagnóstico. Ambas as populações não consideram esta síndrome muito frequente (PNU: 76,3% e PU: 84,6%, p=0,038). Comparando SSM com STM na PNU, foi verificado que raramente julgam sofrer destas síndromes (13,4% vs 13,1%, p=0,501). A grande aceitação ao rastreio é notável em ambas as populações (67,4% vs 68,4%, p=0,481), assim como o tratamento (62,5% vs 61,7%, p=0,447). Estes resultados comprovam a elevada suscetibilidade da população geral a este fenómeno de disease mongering. Quanto à opinião sobre a frequência da existência destas síndromes (23,1% vs 23,7%, p=0,464) não se regista diferença considerável entre ambas. Em relação à crença nesta hipotética síndrome (48,8% vs 47,1%, p=0,363) pode-se concluir que, dada a semelhança dos resultados, o dia da semana não tem grande influência e reforça a suscetibilidade à venda do “medo da doença”. Comparando a SSM com o STM na PU, foi verificada uma maior percentagem na SSM a julgar sofrer desta síndrome (56,3% vs 5,1%, p<0,001), na aceitação do tratamento (60,9% vs 29,9%, p<0,001), na frequência da existência destas síndromes (41,1% vs 15,4%, p<0,001) e na crença no mesmo (37,1% vs 23,9%, p=0,015). Isto leva-nos a pensar que, atualmente, os alunos são mais resistentes a este fenómeno; apesar de se submeterem em maior percentagem ao rastreio (18,5% vs 54,7%, p<0,001) é mais difícil aceitarem um tratamento desconhecido, assim como acreditarem nesta síndrome hipotética.
