Browsing by Author "Rocha, Mariana Assis da Silva Salsinha"
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- Os Desafios no Diagnóstico do Lúpus Eritematoso SistémicoPublication . Rocha, Mariana Assis da Silva Salsinha; Santos, Catarina Cecília Pinheiro Reis dos; Oliveira, Margarida Isabel Dias AlexandreIntrodução: O Lúpus Eritematoso Sistémico é uma doença autoimune, de curso flutuante, envolvimento multiorgânico e, habitualmente, com evolução crónica. O diagnóstico desta patologia é feito com base nas manifestações clínicas e alterações laboratoriais, e com o auxílio dos critérios de classificação revistos do Colégio Americano de Reumatologia de 1997. No entanto devido à sua grande heterogeneidade sintomatológica, o diagnóstico torna-se frequentemente um desafio. A Nefropatia Lúpica está presente em aproximadamente 50% dos doentes, tendo também um espetro variável de apresentações. A terapêutica farmacológica existente é por vezes pouco satisfatória e está associada a efeitos adversos não desprezíveis. O objetivo deste estudo passa por perceber quais as principais formas de apresentação clínica desta patologia na população da Beira Interior, como se manifesta em termos de nefropatia, e se existe relevância da terapêutica de indução e da presença de antecedentes pessoais ou familiares no curso da doença. Materiais e métodos: É um estudo observacional de tipo longitudinal e retrospetivo, descritivo e correlacional. Os dados clínicos foram recolhidos num único momento entre janeiro e fevereiro de 2019, através das bases de dados dos serviços de Nefrologia da Unidade Local de Saúde de Castelo Branco e Reumatologia do Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira, bem como do programa SClinic. Na análise e tratamento estatístico dos dados investigaram-se as relações entre as variáveis sociodemográficas e epidemiológicas, e caracterizaram-se as formas de apresentação e as manifestações renais ao longo do curso da doença, bem como a terapêutica de indução adotada, através do software Statistical Package for the Social Sciences®, versão 25 para Windows®. Resultados: A população do estudo é constituída por 37 pacientes, 4 (10,8%) do género masculino e 33 (89,2%) do género feminino, com uma média de idades de 46,33 (±12,57) anos. Os antecedentes pessoais mais prevalentes foram os cardiovasculares (62,2%), os endocrinometabólicos (45,9%), os gastrointestinais (43,2%), e os neuropsiquiátricos (35,1%), enquanto que os antecedentes familiares se mostraram pouco relevantes (10,8%). Relativamente às manifestações iniciais de acordo com os critérios, as mais comuns foram a artrite (69,4%), as manifestações mucocutâneas e imunológicas (ambas com 61,1%), as hematológicas (50,0%) e as alterações do sedimento urinário (38,9%). Ao longo do curso da doença, as alterações nefrológicas mais apresentadas foram também as alterações assintomáticas (59,5%) e a síndrome/proteinúria nefrótica (21,6%). A média do primeiro valor de proteinúria registado foi de 2,832 (± 3,271) gramas nas 24 horas, tendo sido observada uma relação estatisticamente significativa entre o mesmo e a presença de síndrome/proteinúria nefrótica ao longo do curso da doença (p-value=0,033). Dos 19 pacientes com resultado de biópsia renal, a classe IV foi a mais prevalente (n=11). A corticoterapia foi a medida farmacológica mais utilizada (91,4%), seguida pelo micofenolato de mofetil (20,0%). Não existe relação entre as combinações terapêuticas e o número de recidivas registadas. No entanto, foi demonstrada uma relação estatisticamente significativa (p-value=0,048) entre as alterações iniciais do sedimento urinário (segundo os critérios) e o uso de ciclofosfamida. Conclusões: Os resultados obtidos levam a concluir que esta patologia pode ter um impacto significativo na qualidade de vida, principalmente quando compromete sistemas como o nefrogénico. O seu diagnóstico, tipicamente desafiador, aliado à terapêutica que muitas vezes é insuficiente para o controlo dos sintomas, torna urgente a procura de novas terapêuticas e o estabelecimento de guidelines para orientação diagnóstica e do follow-up dos pacientes.
