Browsing by Author "Rocha, Susana Raquel Costa da"
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- O Impacto da Pandemia COVID-19 na Saúde MentalPublication . Rocha, Susana Raquel Costa da; Vitória, Paulo dos Santos DuarteIntrodução: A pandemia da COVID-19 pode ser considerada a maior emergência em Saúde Pública que a comunidade internacional enfrentou nas últimas décadas. Para além das implicações físicas da doença, tem trazido graves consequências sociais, económicas e para a saúde e bem-estar mental dos indivíduos. Objetivos: Com a presente revisão da literatura pretende-se clarificar o impacto da pandemia da COVID-19 na saúde mental global. Para tal, daremos a conhecer os principais resultados e conclusões dos estudos publicados sobre o impacto da pandemia na saúde mental e de algumas medidas adotadas para a controlar, bem como os fatores, protetores e de risco, que mais foram associados a esta relação. Metodologia: Uma revisão sistemática da literatura foi realizada a partir das seguintes bases de dados: PubMed, Medline, Embase, Scopus e Web of Science. Os termos que se seguem foram usados em diferentes combinações e permutações: COVID-19; SARS-CoV-2; saúde mental; perturbação mental; psiquiatria; psicologia; público em geral e profissionais de saúde. Apenas artigos em inglês e português foram considerados. Um total de 22 estudos foram incluídos. Destes, 10 avaliaram o impacto psicológico da pandemia no público em geral e 12 nos profissionais de saúde. Todos os estudos seguiram um desenho transversal. Resultados: Incidências relativamente altas de perturbações mentais foram obtidas pela maioria dos estudos sobre o impacto da pandemia na saúde mental. Sintomas de ansiedade, sintomas de depressão, stress e distress psicológico, insónia, sintomas de Posttraumatic Stress Disorder (PTSD) e burnout foram os achados psicológicos mais comuns. Estas incidências são significativamente superiores às encontradas em estudos realizados antes da pandemia. O sexo feminino, os grupos etários mais jovens (=40 anos), aqueles em desvantagem socioeconómica ou indivíduos com comorbilidades, doenças crónicas e/ou aqueles com história prévia ou atual de doença mental são particularmente vulneráveis aos efeitos psicológicos da pandemia. Além disso, profissionais de saúde, em especial, médicos e enfermeiros de primeira linha no combate à COVID-19, também apresentam piores desfechos mentais. Contrariamente, indivíduos do sexo masculino, aqueles com mais de quarenta anos de idade ou, no caso dos prestadores de cuidados de saúde, com mais anos de experiência laboral foram consistentemente associados a melhores resultados psicológicos. Discussão e Conclusões: A generalidade dos estudos indica que a pandemia da COVID-19 tem tido um forte impacto na saúde mental. As incidências de problemas psicológicas são elevadas e, substancialmente, mais altas do que as obtidas em estudos realizados antes da pandemia. As mulheres, os inquiridos com menos de quarenta anos de idade, os desempregados e aqueles com menos rendimentos são quem mais frequentemente apresenta sintomas de ansiedade, sintomas de depressão, stress e distress psicológico, insónia, sintomas de PTSD. Em relação à população em geral, nos profissionais de saúde essas incidências são ainda mais elevadas, sendo os mais afetados aqueles que tratam pacientes com a COVID-19. É também neste grupo de profissionais de saúde que os níveis de burnout são mais elevados. Estudos que avaliem os resultados psicológicos da pandemia, a longo-prazo, são necessários. Autoridades de saúde e governos deverão formular estratégias com vista à promoção da saúde e bem-estar psicossocial. Tais estratégias deverão ser dirigidas a grupos mais vulneráveis, garantindo o apoio na gestão de respostas psicológicas e comportamentais adequadas a este desafio e o tratamento efetivo dos casos mais graves.
