Browsing by Author "Rodrigues, Joana Ramos"
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- Ansiedade em Estudantes de MedicinaPublication . Rodrigues, Joana Ramos; Afonso, Rosa Marina Lopes Brás Martins; Sousa, Miguel Castelo Branco Craveiro deO curso de Medicina é considerado um dos cursos mais desejados e exigentes do Ensino Superior português, possibilitando, por um lado, grande gratificação e realização, tanto a nível pessoal como profissional e, por outro lado, exigindo um percurso de muitos anos de trabalho e uma dedicação quase exclusiva. A elevada carga horária, os estágios clínicos, as avaliações frequentes e o contacto com os doentes representam grandes exigências, tornando-se, frequentemente, fontes de stress e ansiedade para os estudantes de Medicina. Esta investigação pretende avaliar os níveis de ansiedade basal dos estudantes de Medicina, bem como visa a criação de uma escala que permita a avaliação dos níveis de ansiedade em meio clínico. Participaram neste estudo 997 estudantes de seis estabelecimentos do Ensino Superior portugueses, 557 alunos do curso de Medicina e 440 alunos de outros cursos. Dos participantes, 720 eram do sexo feminino (72,2%) e 277 (27,8%) do sexo masculino, tendo sido o intervalo de idades entre os 22 e 23 anos o mais prevalente (29,0%). A maioria dos participantes estudava na Universidade de Lisboa (39,5%) e encontrava-se no 2º ano do percurso académico (22,4%). Os instrumentos utilizados foram um questionário de dados sociodemográficos, Escala de Satisfação com o Suporte Social (Ribeiro, 1999), Escala de Autoavaliação de Ansiedade de Zung (Vaz Serra, 1982), Inventário de Fontes de Stress Académico no Curso de Medicina (IFSAM) (Loureiro, 2008) e ainda a Escala de Ansiedade em Meio Clínico (EAMC), construída no âmbito deste trabalho. A EAMC demonstrou uma boa consistência interna (Alpha de Cronbach = 0,84) e boa capacidade de discriminação de sujeitos apresentando-se assim, como instrumento consistente e fiável para a avaliação de ansiedade nos estudantes de Medicina quando expostos ao meio clínico. Os resultados indicam que os alunos de Medicina apresentam níveis médios de ansiedade inferiores aos de estudantes de outros cursos (=36,50; s=8,37 e =39,41; s=10,12 respetivamente; t(995)=-4,96; p=0,000). Os estudantes do sexo feminino, alunos que frequentavam o 2º ano do curso e os estudantes com menor grau de satisfação com o suporte social foram aqueles que apresentaram maiores níveis de ansiedade. Relativamente à ansiedade em meio clínico, constatou-se que 91% dos estudantes de Medicina apresentam baixos níveis de ansiedade em meio clínico, sendo a possibilidade de infligir dor ou dano ao doente o item associado a níveis de ansiedade em contexto clínico mais elevados. Observou-se uma correlação estatisticamente significativa entre os níveis de ansiedade basal e os níveis de ansiedade em meio clínico (r=0,30; p <0,001). A grande maioria dos estudantes de Medicina (91%) considera pertinente a promoção, pelos estabelecimentos de ensino de alguma forma de apoio relativamente a situações que possam despoletar maior grau de ansiedade em meio clínico. Esta investigação alerta para elevada prevalência de ansiedade nos estudantes de Medicina (>20%), sendo desta forma importante que as instituições de ensino canalizem esforços no sentido de proporcionar um acolhimento favorável aos jovens que se aventuram nesse tão exigente percurso que é a profissão médica.