Browsing by Author "Salvado, Catarina Antunes"
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- Criopreservação de tecido ovárico em doentes oncológicasPublication . Salvado, Catarina Antunes; Moutinho, José Alberto FonsecaIntrodução A investigação em oncologia tem proporcionado significativos avanços ao nível do diagnóstico precoce e tratamento da doença oncológica, contribuindo para um número crescente de sobreviventes de cancro em idade pré-púbere e reprodutiva. Por outro lado, as abordagens terapêuticas podem ser tóxicas para os órgãos reprodutivos e conduzir a infertilidade. Adicionalmente, os efeitos causados pela insuficiência ovárica podem aumentar o risco de osteoporose e doença cardíaca, assim como causar sintomas da menopausa. A Criopreservação de Tecido Ovárico é uma técnica promissora, que pode ser proposta a doentes em risco, uma vez que permite restaurar a função endócrina ovárica e a capacidade reprodutiva. Objetivos O objetivo principal desta dissertação é analisar as possíveis aplicações clínicas do tecido ovárico criopreservado em doentes oncológicas. Metodologia Foi realizada uma ampla pesquisa bibliográfica, com recurso à base de dados PubMed. Foram usadas as seguintes palavras-chave: “ovarian tissue cryopreservation”, “cryopreservation of ovarian tissue”, “fertility preservation” e “cancer”. Adicionalmente, foram consultados comunicados, guidelines e pareceres de entidades de relevo na área. Após a análise do material recolhido, foi realizada uma revisão descritiva. Resultados e Discussão A criopreservação de tecido ovárico é um método considerado ainda experimental pela maioria das sociedades. É uma técnica que não exige a existência de um dador de esperma nem a realização de estimulação ovárica, e é a única opção disponível para raparigas prépúberes e para casos em que não se pode atrasar o início do tratamento. Atualmente, já foram notificadas mais de 130 gravidezes após recurso ao método e em mais de 95% casos ocorreu recuperação da função ovárica após o transplante. Estima-se que a taxa de nascimentos e gravidezes é cerca de 37,7%, sendo comparável a outros métodos de preservação da fertilidade. O facto de o tecido ovárico transplantado permitir restaurar a função endócrina ovárica tem evocado novas perspetivas de utilização do tecido criopreservado, nomeadamente a terapia hormonal de substituição baseada em tecido celular, em detrimento da terapia hormonal de substituição farmacológica, e a possibilidade de o método ser proposto para adiar a menopausa em mulheres saudáveis. Adicionalmente, pode ser uma abordagem atrativa para induzir a puberdade em jovens pré-puberes, existindo, já, relato de dois casos de sucesso. No entanto, o procedimento levanta algumas preocupações e os principais desafios da técnica surgem sobretudo numa fase pós-transplante, nomeadamente o restabelecimento da vascularização e o risco de reimplantação de células malignas. Conclusão A Criopreservação de Tecido Ovárico tem sido amplamente aplicada na preservação da fertilidade em doentes oncológicas, e mais recentemente, tem sido discutida como alternativa para adiar a menopausa e induzir a puberdade. No entanto, é evidente a necessidade de maior investigação para otimizar e estandardizar protocolos na realização da técnica; assim como, melhorar os métodos de pesquisa de células malignas e de revascularização do tecido enxertado.