Browsing by Author "Santos, Maria Rodrigues dos"
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- Perceção de adolescentes do ensino secundário de uma região da Beira Interior sobre ContraceçãoPublication . Santos, Maria Rodrigues dos; Moutinho, José Alberto Fonseca; Nunes, Sara Monteiro Morgado Diasntrodução: Apesar da possibilidade de acesso a informação fidedigna, quer através dos programas escolares de educação sexual, quer através do aconselhamento contracetivo no Serviço Nacional de Saúde, a falta de conhecimentos dos adolescentes sobre contraceção em Portugal é significativa. O número de gravidezes na adolescência, apesar de em decrescendo, continua a ser problemático, assim como os comportamentos sexuais de risco a que se sujeitam, constituindo um problema de saúde pública. Objetivo: Com este estudo, pretende-se averiguar as fontes de informação e nível de conhecimento dos adolescentes sobre contraceção, caracterizar as suas práticas mais comuns e apurar se existem diferenças entre sexos. Pretende-se propor uma abordagem diferente da educação sexual escolar, em parceria com profissionais de saúde qualificados, visando melhorar o conhecimento global e o uso adequado de contraceção por jovens. Materiais e Métodos: Foi desenvolvido um estudo observacional, transversal, através de um questionário, a jovens do ensino secundário de três escolas da cidade da Covilhã, região da Beira Interior. Foi aprovado pela Direção Geral de Educação e pela Comissão de Ética da Universidade da Beira interior. O questionário, desenvolvido pelos autores, era constituído por três secções com perguntas de escolha múltipla, “Sim/Não” e de resposta aberta. Para a análise estatística foi utilizado o SPSS (Statistical Package for Social Sciences) versão 28. Resultados: Foram obtidas 266 respostas válidas ao questionário. A amostra era constituída por 65,4% participantes do sexo feminino e 34,6% do sexo masculino com uma média de idade de 16,18±1,10 anos. Avaliando os conhecimentos sobre contraceção, verificou-se que sobre todos os contracetivos questionados se observou algum grau de conhecimento, tendo sido o Preservativo masculino o mais conhecido (97,3%), seguindose o Preservativo feminino (91,6%) e a Contraceção de emergência (81,4%). A principal fonte de informação contracetiva foi a internet (77,2%), seguida pelas aulas (72,6%). Apesar de apenas 12,2% ter referido ter consultas para esclarecimento de dúvidas e 33,6% consultas de planeamento familiar, a maioria dos que frequentaram ficou satisfeita e voltaria. As vantagens dos métodos hormonais mais reconhecidas foram os benefícios não contracetivos, como o controlo do ciclo (80,4%) e do fluxo menstrual (70,6%), enquanto os efeitos secundários (71,6%) e a dificuldade de obtenção (89,9%) foram as principais desvantagens reportadas. 95,2% reconhece a necessidade de consultar um médico antes de iniciar a utilização destes métodos. Relativamente ao preservativo, as vantagens mais apresentadas foram a eficácia contracetiva (68,1%) e a prevenção de Infeções sexualmente transmissíveis (64,6%), enquanto as desvantagens foram o risco de rotura (60,6%) e a diminuição do prazer sexual (27,8%). O principal motivo para utilizarem a contraceção foi a prevenção de gravidez (60,3%) e o local de obtenção mais frequente foi o centro de saúde/hospital (58%). O método hormonal mais usado foi a pílula hormonal combinada (75,4%) e o seu uso foi incentivado principalmente pelo parceiro (93%) e profissional de saúde (66,7%). Quanto à sexualidade, 28,9% dos inquiridos eram sexualmente ativos, com uma idade média de início da atividade sexual de 14,97±1,41 anos. O preservativo masculino foi o método de eleição na primeira relação sexual (76,6%), seguido da “Dupla contraceção” (17,2%). O facto de não terem pensado no assunto foi o principal motivo para não terem usado contraceção. Apesar de 76,5% considerar que o preservativo deve ser usado em todas as relações sexuais, apenas 46,7% o faz, sendo o parceiro habitual o principal motivo para não o fazerem (62,5%). A maioria dos jovens teve apenas 1 parceiro sexual, no entanto 33,8% revelou ter tido mais que 1 (média 2,8±1,08). A contraceção de emergência já foi utilizada por 20,4% das jovens. 5,6% das raparigas já esteve grávida. Quanto a comportamentos sexuais de risco, 47,4% dos jovens teria uma relação sexual com alguém que se negasse a usar preservativo, 37,8% fê-lo após consumo de álcool/drogas e, desses, 21,9% considerou que isso influenciou a sua atitude preventiva. Discussão: Neste estudo e de acordo com a evidência científica, os jovens demonstraram ainda um conhecimento deficitário sobre contraceção. Por vezes baseiam as suas escolhas em informações erradas, contribuindo para práticas sexuais inseguras. Há ainda diferenças entre sexos relativamente aos conhecimentos e práticas sobre contraceção. Apesar de muitos rapazes conhecerem a maioria dos métodos contracetivos, as raparigas revelam maior conhecimento sobre os métodos disponíveis, vantagens, benefícios não contracetivos, riscos associados e desvantagens. As motivações para utilizarem contraceção são também diferentes e as raparigas revelam um maior envolvimento com os profissionais de saúde. Conclusão: Há necessidade de melhorar o conhecimento e adesão dos jovens à contraceção e de uma abordagem mais pró-ativa por parte dos profissionais de saúde, que devem aproveitar, de forma oportuna, todos os momentos em contacto com adolescentes para explorar estes temas. Devem ser desenvolvidos planos de atuação diretamente nas escolas tentando alcançar o maior universo de jovens possível, uma vez que apenas uma percentagem reduzida dos adolescentes procura os serviços de saúde. Seria conveniente ainda intervir sobre os professores e pais, no que toca a estes aspetos, de forma a tornar a abordagem mais abrangente e contínua no ambiente escolar, familiar e entre os próprios adolescentes.
