Browsing by Author "Santos, Vítor Hugo Jesus"
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- Psicose Pós-PartoPublication . Santos, Vítor Hugo Jesus; Almeida, Silvia Alexandra Albuquerque e CastroIntrodução: Certos momentos na História ajudam-nos a perceber a progressão crescente de conhecimento acerca das patologias psiquiátricas perinatais e a entender o rumo da nosologia e classificação psiquiátrica das doenças do puerpério. A noção de que existe uma relação entre o parto e o início de doença psiquiátrica é uma ideia que remonta até o tempo de Hipócrates e a Grécia Antiga. A psicose pós-parto caracteriza-se por alucinações, delírios e angústias paranoides e surge nas duas primeiras semanas após o parto. Com prevalência de 2-4/1000, consiste numa patologia grave, para a mãe e para o bebé, por estar associada a um risco acrescido de evoluções ou progressões catastróficas como suicídio ou infanticídio. Na gravidez vários fatores de risco, tais como vivências infantis traumáticas, depressão materna, violência doméstica, consumo excessivo de álcool, toxicodependência e gravidez na adolescência, podem comprometer as capacidades parentais e o desenvolvimento da criança. Sendo este um período crítico e decisivo para a saúde da mãe e do bebé, importa detetar certas situações de risco acrescido, nomeadamente a psicose pós-parto, e intervir precocemente. A abordagem desta entidade deve assentar numa identificação precoce e intervenção atempada, com o maior perfil de segurança possível para o agregado familiar no seu todo. O regime de tratamento deverá ser um regime intensivo em consulta da especialidade e de internamento e a terapêutica farmacológica deverá consistir em benzodiazepinas, antipsicóticos, lítio e eletroconvulsivoterapia, sem descurar o papel da psicoterapia. Várias patologias podem estar associadas ao quadro de psicose pós-parto, mas nenhuma tem uma ligação tão forte à mesma quanto a doença bipolar. Vários estudos sugerem uma associação entre estas duas entidades e inclusive descrevem a psicose pós-parto como um valioso indicador de diagnóstico subjacente de doença bipolar. É importante fazer uma avaliação integral do estado de saúde das grávidas, no sentido de identificar e tratar situações de risco acrescido. Para a conceptualização de morbimortalidade materna e do recém-nascido associada à psicose pós-parto, torna-se fundamental avaliar a sua severidade, ocorrência e timing, assim como o seu impacto e possíveis consequências para a saúde familiar a longo prazo. Metodologia: Na elaboração desta revisão da literatura efetuou-se uma pesquisa bibliográfica na base de dados da Medline (www.pubmed.com), Clinical key, Google e Google Scholar, Elsevier e Springer na área de neuro-psiquiatria e em artigos de revistas científicas da especialidade. Objetivos: Este trabalho tem como objetivos reunir e sintetizar a informação atual sobre psicose pós-parto, relacionar a psicose pós-parto com a morbilidade materna e saúde do recém-nascido e identificar pontos chaves no conhecimento descrito, no sentido de assegurar e melhorar o acompanhamento e monitorização da mãe e do recém-nascido. Conclusão: A psicose pós-parto pode fazer parte de uma doença crónica ou ocorrer sob a forma de um episódio isolado ou inaugural. Devido à sua evolução e associação com a doença bipolar, mulheres com quadros de mania, hipomania, depressão psicótica, ou com uma perturbação psicótica, devem ser corretamente rastreadas, instruídas e monitorizadas durante as primeiras semanas do pós-parto. O tratamento farmacológico é sempre necessário, mas o suporte familiar e psicossocial são fundamentais na recuperação em doentes com PP, tendo em conta os fatores sociais implicados, as comorbilidades, a gravidade da doença e o risco de suicídio e infanticídio.