Browsing by Author "Soares, Alexandra Maria Santos"
Now showing 1 - 1 of 1
Results Per Page
Sort Options
- Tuberculose no Centro Hospitalar Cova da Beira e a sua relação com a imunodepressãoPublication . Soares, Alexandra Maria Santos; Mendes, Telma; Vicente, Leopoldina Luis AntónioIntrodução: A Tuberculose, causada pelo Mycobacterium tuberculosis, é uma infecção crónica recorrente, de atingimento multissistémico e distribuição mundial. Clinicamente inespecífica e variável, os meios complementares de diagnóstico e um elevado índice de suspeição desempenham um papel primordial no diagnóstico precoce e correcto. Embora curável quando tratada correta e atempadamente, pode evoluir desfavoravelmente, particularmente em doentes imunodeprimidos. Assim, propôs-se estudar o comportamento e evolução da doença, de acordo com o estado imunitário, num grupo de doentes internados. Materiais e métodos: Estudo retrospectivo, transversal e descritivo, onde se analisou um conjunto de variáveis, através da consulta de processos clínicos de uma amostra seleccionada de 158 doentes, internados com diagnóstico de tuberculose activa nos Serviços de Pneumologia, Infecciologia e Medicina Interna do Centro Hospitalar Cova da Beira entre 2006 e 2013. Para tratamento estatístico dos dados recorreu-se ao software SPSS 21.0 e, no âmbito da análise estatística inferencial, aos testes de Qui-Quadrado e t-Student, definindo-se um nível de significância de 0,05. Resultados: Os 158 doentes estudados, 113 do género masculino e 45 do género feminino, apresentaram uma média de idades de 52 anos. O número de casos notificados evidenciou uma tendência decrescente no decorrer dos anos considerados neste estudo. Dentro do espectro de comorbilidades, encontradas em 87,3% dos doentes, tabagismo, hipertensão arterial, alcoolismo, diabetes mellitus e insuficiência cardíaca constituíram as mais frequentes. A frequência de co-infecção Tuberculose/Vírus da Imunodeficiência Humana foi de 8,9%. Cem doentes apresentavam pelo menos um factor de imunodepressão. Tuberculose pulmonar foi a forma clínica predominante (67,1%) seguida de pleural e ganglionar. Tosse, febre, expectoração, astenia, emagrecimento, sudorese nocturna e anorexia constituíram as manifestações clínicas mais comuns. Laboratorialmente, anemia normocrómica normocítica, leucocitose, hiponatremia, hipoalbuminemia, hiperglicemia e elevação dos parâmetros inflamatórios foram frequentes. Opacidades, infiltrados e derrame pleural constituíram os achados mais consistentes na radiografia de tórax, realizada em 89,2% doentes. Exames micobacteriológicos, directo e cultural, foram solicitados, respectivamente, em 96,2% e 94,3% doentes. Estudo bioquímico de líquidos biológicos e estudo anatomopatológico de lesões suspeitas foram outros meios complementares de diagnóstico requisitados. Resistência a pelo menos um antibacilar estava presente em 15,2%, não sendo identificados casos de tuberculose multi ou extensivamente resistente. No âmbito do tratamento, em 20,9% dos doentes foi utilizado um esquema diferente do padronizado. Apenas 9,5% dos casos evoluíram desfavoravelmente, todos eles evidenciando factores de imunodepressão. Comparação entre os dois grupos revelou maior frequência de antecedentes de tuberculose nos imunodeprimidos (p=0,044) e maior mortalidade (p=0,002), sem diferenças estatisticamente significativas nos demais aspectos. Conclusões: A Tuberculose constitui uma doença, na sua generalidade, curável, com evolução favorável na maioria dos doentes. Indivíduos imunodeprimidos revelam evoluções desfavoráveis, devido à presença de factores que, por determinarem uma acentuada redução do grau de imunidade, comprometem o sucesso do tratamento conduzindo, eventualmente, à morte.