Browsing by Author "Sousa, Joana Filipa Carvalho de"
Now showing 1 - 1 of 1
Results Per Page
Sort Options
- Estudo da dor crónica em adolescentesPublication . Sousa, Joana Filipa Carvalho de; Ferreira, Nuno Alexandre Pacheco; Fernandes, Ana Paula André MartinsIntrodução: A dor crónica, definida como um fenómeno semiológico com duração superior a 3 meses, foi descrita por diversos autores como tendo uma prevalência entre os 25% e 37,3% (Espanha e Países baixos) em idade pediátrica. À data deste trabalho, não temos conhecimento da existência de qualquer estudo publicado sobre a prevalência de dor crónica em idade pediátrica em Portugal ou em qualquer sua sub-região. Objetivos: Este estudo foi elaborado com o intuito de avaliar a prevalência de dor crónica em adolescentes, na área geográfica servida pelo Centro Hospitalar Tâmega e Sousa, e perceber se está associada com, por exemplo, o género, a faixa etária e a área anatómica onde é sentida. Metodologia: Estudo observacional e transversal. Os dados foram recolhidos por um questionário anónimo aplicado entre dezembro de 2018 e abril de 2019, nos estabelecimentos de ensino regular, das escolas públicas situadas na área geográfica servida pelo Centro Hospitalar Tâmega e Sousa (concelhos de Penafiel, Paredes, Paços de Ferreira, Felgueiras, Amarante, Marco de Canaveses, Cinfães, Resende, Castelo de Paiva, Lousada e Baião). A população em estudo corresponde assim aos adolescentes com idades compreendidas entre os 12 e os 17 anos, a frequentar o 3º ciclo do ensino básico e o ensino secundário de alguma das escolas públicas desta região. Em cada turma, o questionário foi aplicado a 15 alunos selecionados aleatoriamente, após aprovação prévia do diretor da escola e dos pais. A análise estatística dos dados foi efetuada com o programa estatístico SPSSv25.0 e considerou-se um nível de significância de 5% nas inferências realizadas. Resultados: Dos 1392 adolescentes inquiridos, 85,3% refere dor nos últimos 3 meses, com uma prevalência de dor crónica de 34%. Apesar de nesta população a proporção de adolescentes com dor crónica ser igual em ambos os géneros, constatamos que nas raparigas a ocorrência de dor crónica aumenta com a idade (p=0,026). A dor crónica apresenta um pico de incidência entre os 15 e os 17 anos nas raparigas (36,1-38,9%) e aos 17 anos nos rapazes (30,1%). Independentemente do número de dores selecionadas, a cefaleia é a dor mais reportada. Entre os que reportaram uma única dor, a dor nos membros foi a mais frequente (35,6%), destacandose nos rapazes e, quando selecionadas múltiplas dores, a combinação mais prevalente foi a dor abdominal e a dor na cabeça (12,4%), sobressaindo nas raparigas. Relativamente à dor crónica, a intensidade de dor mediana é de 6 (escala numérica de 0-10), sendo que esta aumenta quando se passa da dor não crónica para a crónica (p=0,000). Mais ainda, a cronicidade da dor está associada a um maior número de episódios dolorosos (p=0,000) e com a ida dos adolescentes ao médico (p=0,000). Conclusão: Estes dados reforçam a necessidade de investir em estratégias preventivas e terapêuticas, de forma a reduzir a morbilidade e os custos associados à dor crónica em adolescentes.
