Browsing by Author "Sousa, Laura Isabel Azevedo e"
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- Infeções respiratórias em idade pediátrica: O que mudou com a pandemia COVID-19?Publication . Sousa, Laura Isabel Azevedo e; Jorge, Arminda Maria Miguel; Valente, Ana Rita Moreira FradiqueIntrodução: As infeções respiratórias causam significativa morbimortalidade em lactentes e crianças, sendo uma das principais razões de procura de serviços de saúde. No final do ano de 2019, surgiu uma nova estirpe do Coronavírus Humano, altamente contagiosa, o SARS-CoV-2, que desencadeou a pandemia da COVID-19. Para gerir a situação epidemiológica, foram implementadas medidas não farmacológicas de contenção do vírus, que desempenharam um papel fulcral no controlo da pandemia, e também tiveram impacto na redução de infeções respiratórias pediátricas provocadas por outros agentes. Após a suspensão dessas medidas, assistiu-se ao retorno das infeções respiratórias, parecendo estar a sazonalidade habitual alterada. Objetivos: Avaliar o impacto das medidas não farmacológicas implementadas durante a pandemia nas infeções respiratórias em idade pediátrica, designadamente o impacto na procura pelos serviços de urgência por infeções respiratórias, durante e após a pandemia, e na variabilidade da gravidade da doença, incluindo a possibilidade de surtos epidemiológicos não sazonais. Métodos: Estudo observacional transversal de crianças dos 0 aos 10 anos que recorreram ao serviço de urgência pediátrica do CHUCB, por motivos de infeção respiratória aguda, de abril de 2019 a abril de 2023. Definiram-se 3 períodos: o período pré-COVID-19 (12 meses), o período COVID-19 (25 meses) e o período pós-COVID-19 (12 meses); nesses períodos, foram incluídas as crianças que recorreram ao serviço de urgências nos primeiros 5 dias de cada mês. A partir do processo clínico, foram recolhidas informações sociodemográficas e clínicas dos doentes, posteriormente analisadas com recurso ao software SPSS®, versão 28. Realizou-se a análise descritiva dos dados e utilizaram-se métodos de estatística inferencial, com um nível de significância de 5%. Resultados: Durante os dias em que incidiu o estudo, um total de 7448 crianças recorreram ao serviço de urgência, tendo sido 2210 por motivo de infeção respiratória. No período pré-COVID-19, das 2538 admissões, 735 foram por infeções respiratórias. No primeiro ano do período COVID-19, registou-se uma grande diminuição do número de admissões no serviço de urgências, com 736 admissões, das quais 122 por infeções respiratórias, e no segundo ano do período COVID-19, o número total de admissões aumentou para 1862, das quais 559 por infeções respiratórias. No período pós-COVID-19, das 2312 admissões, 794 foram por infeções respiratórias. É de destacar que a nasofaringite foi a única patologia com aumento significativo no período pós-COVID-19 (n=417), em comparação com a situação pré-pandémica (n=291). No que diz respeito aos internamentos, não houve diferenças significativas entre os 3 períodos. Durante a pandemia, verificaramse mudanças na sazonalidade de alguns vírus respiratórios, com picos de infeção intersazonais. Conclusão: As intervenções não farmacológicas desempenharam um papel crucial no controlo da propagação do SARS-CoV-2, como também contribuíram para a prevenção de outras doenças respiratórias infeciosas. Com o alívio das medidas verificou-se um aumento de contágios e, bem como o aumento das infeções respiratórias, sem que ocorresse aumento correspondente na gravidade das doenças/número de internamentos. Para além disso, associadas à flexibilização das medidas de contenção, ocorreram mudanças na dinâmica de circulação dos vírus durante a pandemia, com alterações nos padrões sazonais típicos das infeções respiratórias.
